A atividade turística em Portugal voltou a registar uma trajectória de crescimento em 2024, com 29 milhões de turistas internacionais a entrarem no país — mais 9,3% face a 2023 — e um total de 88,3 milhões de dormidas em todos os meios de alojamento turístico, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Neste cenário de expansão, os Açores assumiram um papel de destaque, ao registarem um crescimento de 10% no número de dormidas, a maior taxa entre todas as regiões, seguida pelo Norte (+5,9%), e pelo Oeste e Vale do Tejo (+5,0%). No Algarve e no Alentejo observaram-se os crescimentos mais modestos (+1,5% e +2,6%, respectivamente).
A performance açoriana confirma a consolidação do arquipélago como destino turístico de eleição, com resultados positivos tanto no mercado interno como externo.
A região beneficiou de uma taxa de sazonalidade relativamente equilibrada — 30,7% nas dormidas de residentes e 48,7% nas de não residentes — o que indica uma procura menos concentrada nos meses de verão e maior consistência ao longo do ano.
Outro aspecto relevante prende-se com a diversificação dos mercados emissores. Os Açores foram, em 2024, uma das regiões do país com menor dependência do principal mercado externo (17,1%), apenas atrás da Grande Lisboa (15,9%) e do Alentejo (16,0%). Esta menor concentração de turistas oriundos de apenas três países emissores principais — Reino Unido, Alemanha e Espanha — demonstra a capacidade da região em atrair visitantes de uma variedade mais ampla de geografias, o que contribui para uma maior resiliência do sector perante oscilações internacionais.
A nível nacional, as dormidas de turistas estrangeiros continuaram a dominar, representando 67,7% do total — o segundo valor mais elevado desde 2013.
Os maiores crescimentos registaram-se nos mercados norte-americano (+16,9%), neerlandês (+15,0%) e alemão (+12,4%), revelando o impacto de campanhas promocionais e da crescente conectividade aérea.
No plano económico, os proveitos totais do alojamento turístico em Portugal ascenderam a 6,67 mil milhões de euros, mais 11% do que no ano anterior, com um aumento no rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) para 69,4 euros (+7,1%) e no rendimento médio por quarto ocupado (ADR) para 120,1 euros (+6,3%). Estes indicadores sugerem uma maior rentabilidade do sector.
Já no que respeita às viagens dos residentes portugueses, verificou-se uma ligeira quebra global de 3,2%, refletindo-se sobretudo nas deslocações internas (-4,7%). Em contrapartida, as viagens para o estrangeiro atingiram um máximo histórico: 3,4 milhões (+6,2%), com uma despesa média por viagem de 843,8 euros (+14,6%).
Num balanço geral, os dados agora divulgados pelo INE, na publicação “Estatísticas do Turismo 2024”, apontam para uma fase de maturidade e estabilização do turismo em Portugal, com destaque positivo para os Açores que, com crescimento acima da média, baixa sazonalidade e menor dependência de mercados concentrados, afirmam-se como um destino sustentável, diversificado e em crescente valorização.