A Direcção da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores (CCIA) manifesta a sua profunda preocupação com o aumento brutal das tarifas de carga aérea cobradas pela SATA, o que terá impactos significativos na actividade das empresas, com reflexos no preço final de muitos bens.
Em comunicado ontem divulgado, a Direcção diz discordar da forma abrupta como ocorreu a aplicação deste aumento, principalmente pelo valor em questão, que apresenta variações superiores a 400%.
Não pondo em questão que pudesse existir ajustamentos nas referidas tarifas, diz a CCIA que os mesmos não deveriam acontecer “da forma excessiva agora verificada e sem qualquer diálogo com as estruturas associativas representativas das empresas”.
“Para além do referido aumento, as empresas têm manifestado junto desta Câmara a sua preocupação com a degradação que se tem vindo a verificar nos serviços prestados pela SATA, designadamente ao nível da indisponibilidade para transportar carga, da alteração/cancelamento de voos, da falta de resposta atempada às solicitações e de um acréscimo de burocracia. A Direcção entende que não se pode aceitar a política de serem as empresas e, em muitos casos, os consumidores a terem que suportar políticas não adequadas, que conduziram à situação financeira grave que atravessa a transportadora aérea regional”, lê-se no referido comunicado.
No mesmo contexto, a estrutura representativa dos industriais dos Açores considera “infelizes e descabidas as recentes declarações do Presidente da transportadora aérea regional, ao considerar que a SATA ter servido, durante anos, ‘de barriga de aluguer para o tecido empresarial económico e empresarial dos Açores’”. Face a tal, a CCIA salienta que “A situação difícil em que se encontra a empresa é resultado de opções erradas dos sucessivos governos e administrações, bem como de gestão desadequada e ruinosa”.
No que concerne ao transporte marítimo de mercadorias, a associação empresarial açoriana reafirma a necessidade de ser revisto o modelo de transporte marítimo de mercadorias, que considera “desajustado, bem patente na incapacidade que tem demonstrado, designadamente pelo incumprimento frequente e generalizado ao nível de rotas, de frequências e escalas e, também, de custos elevados, com impactos na competitividade das empresas”, situação que, diz a CCIA, tem gerado nomeadamente rotura de stocks, perda de produtos perecíveis, com graves prejuízos para as empresas.
Para aquela associação, é indispensável que sejam equacionadas soluções que alterem a actual situação, quer seja através da criação de obrigações de serviço público, quer seja de implementação de modelos existentes em outras regiões. “A manutenção do modelo actual sustentado pelas empresas não é aceitável, uma vez que tem custos acrescidos, que penalizam a economia dos Açores e, também, com reflexo no preço final dos bens ao consumidor, defende a CCIA no referido comunicado.
A Direcção da CCIA analisou, ainda, a situação decorrente do facto da cimenteira regional ter denunciado o contrato com o Governo Regional, ao abrigo do qual a distribuição de cimento em toda a Região tem um preço uniforme, através do apoio ao transporte. Entende a CCIA que deve ser encontrada uma solução adequada para a uniformização do preço na Região.