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Açores testam nova iluminação em atuneiros para reduzir encandeamento e proteger aves

A motivação é ecológica e operacio-nal. O projeto LIFE Natura@night está a implementar soluções para reduzir a poluição luminosa provocada pelos barcos de pesca, com especial atenção ao impacto nas aves marinhas, como as cagarras: uma espécie cuja população açoriana representa cerca de 75% da população mundial.
As aves marinhas juvenis são as mais vulneráveis à luz artificial, caindo desorientadas e sujeitas a atropelamentos e predação mas o problema estende-se também a morcegos e insetos noturnos, com efeitos em cascata nos ecossistemas.
Nesta fase, dois atuneiros de salto e vara dos Açores — Pepe Cumbrera e Bela Aurora — estão a operar, desde fevereiro de 2025, com um novo sistema de iluminação concebido para cortar a poluição luminosa no mar sem comprometer a segurança das manobras nocturnas.
Cada embarcação foi equipada com oito projetores assimétricos de 2700 K e 240 W, com regulação por zonas directamente a partir da ponte, evitando emissão para o hemisfério superior e reduzindo o encandeamento a bordo. Os mestres reportam satisfação com as alterações, que estão a ser avaliadas com medições “antes e depois” para futura replicação na frota pesqueira dos Açores.
A intervenção nasce de um diagnóstico de campo realizado pelo projeto LIFE Natura@night, que inquiriu 82 pescadores e encontrou uso generalizado de iluminação excessiva: projetores acima dos 6000 K, sem controlo fotométrico e com ângulos de orientação elevados, fatores que acentuam o brilho difuso e a intrusão luminosa. O projeto piloto nos atuneiros introduziu requisitos técnicos específicos: resistência à corrosão salina, distribuição fotométrica assimétrica, redução de intensidades e telegestão por zonas de forma a alinhar a operação e a conservação.
A luz artificial desorienta aves marinhas, sobretudo juvenis, aumentando quedas, colisões e mortalidade; apesar de a campanha do atum ocorrer sobretudo de maio a setembro, num período em que a maioria das aves já é adulta e tende a evitar a luz, mas o risco persiste e justifica a mitigação na iluminação de bordo.
No plano estratégico, o LIFE Natura@night, coordenado pela SPEA, com actuação na Macaronésia e foco nas ilhas portuguesas dos Açores e da Madeira, combina mapeamento de fontes luminosas, acções-piloto e envolvimento de comunidades piscatórias para reduzir o impacto da iluminação na biodiversidade e contribuir para normas técnicas e regulatórias.
Entre as mensagens-chave do projeto, sobressai que iluminação de qualidade e bem projetada pode reduzir consumos entre 60% e 70%, gerando ganhos ambientais e financeiros para quem opera no mar e em terra.
Com a avaliação dos resultados em curso, a ambição passa por estender a solução a mais embarcações açorianas, afinando potências e ângulos por tarefa de bordo. Em síntese, menos luz onde não é precisa e melhor luz onde é indispensável para navegar com segurança e, ao mesmo tempo, proteger a biodiversidade que faz do arquipélago um ponto importante de aves marinhas.

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