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O governo dosTécnicos Especialistase o parlamento dos requerimentos

O Governo dos Açores voltou aos seus tempos primórdios de governar a passo de caracol.
O caso das demissões na SATA é sintomático, mais uma vez, de como se gere tão mal um problema, deixando-o arrastar sem que haja uma voz oficial que esclareça tudo com a maior das transparências, porque só o governo é que ganharia com isso.
Em vez disso, deixa que se arraste a especulação, que se façam as teorias mais mirabolantes e deixa-se corroer pelas críticas da sociedade e da oposição. Um erro de amadorismo muito parecido à desastrosa comunicação do governo de Montenegro sobre a descida do IRS.
O que se está a passar com a arrastada greve da Atlânticoline é outro sintoma da falta de intervenção governamental, que há muito é pedida pelas populações do Triângulo.
Uma administração que dura mais de 40 dias para nomear Directores Regionais, que até são praticamente os mesmos, diz tudo sobre a velocidade com que se trabalha nos vários departamentos governamentais.
Há problemas de ordem organizacional que se arrastam e se agravam, com reflexos altamente negativos nas populações, como é o caso do aumento das listas de espera para cirurgias, em contraciclo com o tempo do anterior secretário regional e da anterior administração do HDES.
Quando o PSD-Açores estava na oposição era raro o plenário parlamentar em que não intervinha para criticar o governo do PS pelo aumento das listas de espera.
Com 9 mil doentes à espera de uma cirurgia era “preocupante”, segundo o PSD, “envolvendo milhares de açorianos, que esperam num sofrimento silencioso a oportunidade de ver a sua cirurgia realizada”.
Agora, com mais de 10 mil e a lista a subir há 10 meses consecutivos, “estes números refletem uma melhoria da acessibilidade à saúde relativamente aos nossos utentes, na medida em que estamos cada vez mais a fazer mais consultas, mais exames e obviamente que o número de diagnósticos terá de aumentar e, consequentemente, de forma indireta, também as indicações para cirurgia”!
É esta desfaçatez que dá cabo da política e dos políticos.
Depois queixem-se da radicalização do voto…
Em vez de acção, de atacar os problemas de frente, olhamos para o Jornal Oficial todos os dias e aquilo é uma dor de alma.
Não há decisões sobre problemas candentes da Região, a não ser nomeações, todos os dias, de Técnicos Superiores Especialistas. 
O batalhão é de tal ordem que, só nas últimas duas semanas, perdemos a conta com mais de três dezenas!
O último comunicado do Conselho do Governo é um hino a esta preguiça que se apoderou da administração regional: para além da aprovação do projecto da anteproposta do Plano e Orçamento, que é uma cópia do anterior, há uma resolução que classifica um bem imóvel como interesse público, uma autorização para aquisição de serviços de higiene e limpeza e uma proposta de decreto legislativo relativo ao regime jurídico de uma carreira especial de trabalhadores da rede de abate… e ponto final!
Entretanto, na mesma semana, o povo vai penando com o tratamento vergonhoso e ilegal que as Finanças de Lisboa impuseram aos açorianos e madeirenses com alterações burocráticas ao subsídio de mobilidade, e a percepção com que os cidadãos ficaram foi que o Governo dos Açores, sobre este assunto, passou completamente ao lado, enquanto a Madeira insurgiu-se com veemência.
Entretanto, soubemos que, nos bastidores, o Governo dos Açores “envolveu-se e empenhou-se” no assunto, que terá ficado resolvido na segunda-feira à noite.
Mais um exemplo de que é preciso comunicar melhor.
O parlamento, reunido na Horta, também não se insurgiu em defesa dos cidadãos, com tantas figuras no regimento para protestar contra a situação.
Andou entretido com uma catrefada de votos de parabéns e de pesar, que já vão nalgumas dezenas neste início de legislatura, a juntar aos mais de 4 mil da anterior!
Os nossos deputados, à falta de legislar e de se preocuparem com os problemas que afectam as populações, vão preenchendo o tempo com a entrega de requerimentos, que já vão em três dezenas nesta legislatura e só agora é que começou…
É este o retrato da nossa administração regional, com incentivos por aprovar há meses, atrasos de vários meses nos apoios do Promedia, candidaturas atrasadas, pagamentos a fornecedores com atrasos de quase um ano, e os milhões do PRR e do PO2030 que esperem, porque um dia destes lá chegaremos, se tivermos pernas para isso.
50 anos depois do 25 de Abril era bom que se promovesse uma reflexão séria sobre o que está a falhar na nossa Autonomia.
Não é mais pedinchice e mais poderes, é mais dinâmica, mais talento, menos burocracia administrativa e mais eficiência e eficácia nas decisões.
E, já agora, menos palavras e mais acção.
Os cidadãos agradecem.

Osvaldo Cabral
[email protected]

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