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Caminhemos juntosna Esperança e Paz que transparece do Culto ao Senhor Santo Cristo!

Neste Domingo assinala-se mais um ano – o 324º – da realização da primeira procissão em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres, um acontecimento que continua a unir na Fé não só micaelenses, mas todos os açorianos, incluindo os do mundo da diáspora e até do continente português.
Mais uma vez é um Bispo americano, D. Mary Cotta, da Diocese de Stockton, Califórnia – descendente de açorianos da ilha Terceira- o convidado a presidir à celebração eucarística de Domingo e ao cortejo processional.
Em 1967 o então Bispo do Texas, D. Humberto Sousa Medeiros, natural da freguesia dos Arrifes, depois Cardeal Arcebispo de Boston, veio a S. Miguel como convidado do Santuário «para com açorianos e micaelenses, em particular, sentirem-se pertinho do Coração de Jesus, abrasado de amor pelos homens, quando se reúnem à volta da Venerada Imagem do Senhor Santo Cristo», como expressou na sua homilia.
Com o Bispo D. Aurélio Granada Escudeiro seguiram-se outros prelados portugueses e estrangeiros, trazidos por aquilo que ouviam aos seus diocesanos acerca deste culto secular – e até do Vaticano – para «abreviar» a beatificação de Madre Teresa, como pude constactar …
Também como nota de particular registo, este ano o Santuário tem novo Reitor, o cónego Manuel Carlos Alves, natural dos Fenais da Luz, que na mensagem difundida apelou à participação de todos, que a Igreja era para todos e, por isso, todos eram convidados a participar na festa, caminhando juntos e com empenho na construção dum Mundo melhor.
A Mesa da Irmandade acertou» com o Santuário a parte profana, pois tem a responsabilidade de zelar pelo SENHOR, desde que saí do Convento, na tarde de sábado; organizar a procissão; e superintender nas festas externas, até ao princípio da noite de domingo, devolvê-Lo à comunidade religiosa que O zela por todo o ano.
Por aquilo que ouvi a antigos Irmãos e tenho lido, foi a partir do tempo do Provedor, Albano Pereira da Ponte que a procissão passou a contar com uma participação alargada no cortejo cívico, mas com base num rígido protocolo, para que cada um ocupasse o lugar que lhe era devido.
Por vezes sucederam-se algumas «quebras», difíceis de ultrapassar, mas o cortejo religioso, alheio a essas coisas, continuava sereno e agradecido ao «seu» Senhor, ainda hoje constituído pelo povo anónimo, devoto, complementado na nuvem negra das mulheres, em promessas.
É sempre o andor que marca o ritmo da procissão: segue passo-a-passo, sincronizado, levado por irmãos que foram preparados para essa caminhada, independentemente de ser longo ou mais curto o cortejo das opas.
Tudo tem de funcionar, como o princípio dos vasos comunicantes, pois é no entendimento que há paz, civismo…
A Imagem, coberta duma rica capa, quase sempre oferta de devotos açorianos, continentais, da diáspora, é ornamentada com aplicações ligadas ao martírio de Jesus na Cruz ou à liturgia eucarística.
A deste ano foi concebida e executada por uma família natural da freguesia da Santa Bárbara, além Santo António, oferecida por Rita Sofia Rebelo Pavão, a sua mãe Teresa e pela tia-avó, Helena Batista.
É mais uma joia de arte que passará a estar patente no «museu» das Capas, onde cada uma tem a sua história, a sua afirmação simbólica, a sua intimidade com o Senhor da Esperança, em tudo um sinal de amoroso reconhecimento pelas graças alcançadas.
As bandas de música seguem no cortejo por escolha democrática e as partituras com ritmos e sons inspirados na música sacra nos cânticos entoados nas comunidades paroquiais.
Nos concertos que efectuam no Campo de S. Francisco, aninam os serões e são atentamente ouvidas por ferrenhos seguidores que chegam a «tirar» sortes para ver qual a mais hábil!
Tudo tem cabimento nas festas tal como o bazar, as barraquinhas de comes e bebes, as cestas com os barato-barato…
A cidade de Ponta Delgada também celebra nesta 2ª feira da 5ª. dominga de Pentecoste o Feriado Municipal, criado em 27 de Outubro 1910, num acerto histórico/social que remonta à 1ª República e tem a sua origem na «Festa Rural» defendida em 1848 por António Feliciano de Castilho, na sua estadia em S. Miguel.
Essa comemoração, continua a «abafar» uma reflecção atenta sobre a história do concelho, seus usos, costumes, tradições; e, por essa razão foi recentemente pedido à Câmara Municipal a sua transferência para 2 de Abril, data da elevação de Ponta Delgada a cidade, medida que aplaudo…
Contudo, a meu ver, como valiosa e oportuna compartida, regista-se que o Governo Regional tem apoiando a iniciativa da Câmara do Comércio de Ponta, que junta o Município, na realização do grande certame de renome nacional – «A Feira da Industria, Comércio e Serviços dos Açores», que integra a « Expo – Açores Artesanato Santo Cristo, 2024» – proporcionando uma visão económica, empresarial do nosso mercado, implicando amplas trocas de produtos e serviços e até na decisão de futuros compromissos no campo económico.
Registo nesta crónica a homenagem póstuma que dedico à memória do meu estimado Amigo e primo Humberto Moniz, falecido em Novembro de 2023, que foi o Homem-Artífice que deu luz, cor e alegria aos arrais, como responsável da concepção artística e iluminação da Igreja, do Campo de S. Francisco e ruas adjacentes.
Há 60 anos, e em outras ocasiões que o entrevistei para o «Diário dos Açores» sobre os «segredos» das decorações, sempre motivado em fazer diferente, sobretudo no frontispício do Santuário, (ainda no tempo do Provedor, Dr. João Bernardo Rodrigues), mas a Mesa da Irmandade não tinha meios para implementar tal projecto que, por arrojado, morreu com ele…
A noite da «experimentação» das luzes era uma interrogação ao seu arrojo de artista, mas sempre venceu, recebeu aplausos e a vontade decidida de fazer diferente, no ano seguinte!
Compartilhei dessa alegria e também, de algumas «mágoas»…
Nos tempos difíceis que atravessamos, ninguém pode ficar indiferente ao que se passou durante esta «Semana Maior dos Açorianos», em simbolismo histórico/religioso e no abraço fraterno aos que nos visitam.
Ontem, hoje e até sempre, o meu pensamento vai para os sinais profundos que irradiam da Imagem do Senhor Santo Cristo, agora só possível, através das imagens televisivas.
Ainda bem que o posso fazer, pois na solidão e saudade da viuvez, continuo a acompanhar e a meditar a missa da festa, a alegria do arraial, o trajecto da procissão: as ruas, as famílias, o património edificado, tal como o fazia antes, par e passo junto ao ardor, na mudança de sábado, por especial deferência do meu saudoso Amigo-Provedor, António Clemente da Costa Santos ou a acompanhar a procissão, até que as forças me permitiram.
Aí havia uma fixação sempre diferente, mas profunda, do mais belo ROSTO que me ensinaram a Venerar e continua a fortalecer-me…
Até para o ano!

Um abraço fraterno e festivo para todos!

Rubens Pavão

Fajã de Baixo, 3 Maio 2024

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