O tema do Hospital do Divino Espírito Santo é um tema que incomoda e perturba, e não há outra forma de enfrentar o problema que não seja com muita coragem, responsabilidade e ousadia.
É um problema técnico. Ter de fechar de rompante um hospital que assiste a saúde de aproximadamente cento e oitenta mil pessoas, não tendo um serviço de retaguarda instruído e robusto é um choque violento. Subitamente, pararam todas as rotinas, de emergência e de expediente, sem que se tivesse tempo de reagir.
É um problema logístico. Não quero imaginar as horas imediatamente a seguir ao incêndio e toda a parafernália de decisões que tiveram de ser tomadas sobre o que deveria ser feito para solucionar parcialmente o bem-estar dos doentes. Ao inferno das chamas deve ter-se seguido o inferno da gestão da catástrofe.
É um problema político. Eu diria que o executivo dos Açores não pode deixar que a solução, ou conjunto de soluções, para o HDES se prolongue no tempo. Cada dia que passa é um dia em que se acumulam diferentes situações referentes à saúde dos micaelenses.
É um problema económico. A reconstrução/recuperação do HDES vai custar dinheiro. E enquanto não reunimos as condições financeiras (da Região, da República, de fundos europeus, ou coisa que nos valha) se o recurso ao empréstimo for a solução, pois então que seja. Não podemos é parar a saúde pela dívida monstruosa do passado, nem por questiúnculas menores de endividamento zero.
Luís Soares Almeida
- Professor de Português
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