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“Tem sido muito bom ouvir algumas pessoas afirmarem que o livro ajudou-as a reflectir sobre elas mesmas e no seu comportamento perante a vida”

“A Arte de Viajar no Invisível” é o livro escrito por Ania do Mar, cuja mensagem pretende fazer o leitor relectir sobre o mundo e sobre si mesmo

São diversos os interesses de Ania do Mar, artista micaelense que dedica o seu tempo a diferentes áreas como a música, a dança, a alquimia mística… No entanto, desde pequena que tinha o sonho de lançar um livro que tratasse algum tema que considerasse relevante.
Foi então, aos 28 anos, que finalmente sentiu o desejo de colocar este impulso em prática e dedicou-se à escrita do livro “A Arte de Viajar no Invisível”. Este é um livro que trata de tópicos nas áreas da espiritualidade e misticismo, tendo como base os sonhos, englobando o conhecimento adquirido pela autora, não só a nível académico e cultural, como também emocional e moral.
O Diário dos Açores esteve à conversa com Ania do Mar para saber mais sobre o seu livro, bem como conhecer um pouco mais da artista e dos seus projectos futuros.

Fale-nos um pouco sobre si.
O meu nome artístico é Ania Do Mar, tenho 30 anos de idade e sou nativa da ilha de São Miguel.
Os meus interesses fundem-se na alquimia mística (ou filosofia natural), na escrita, na dança, na música… Ou seja, na arte no geral, incluindo artes marciais, como o Kung Fu.

Como surgiu a ideia de escrever o livro “A Arte de Viajar no Invisível”?
Desde pequenina, desde que aprendi a ler e a escrever, que sempre quis lançar um livro com um tema que considerasse importante, mas só aos 28 anos de idade é que tive esse chamamento que me levou, então, a pôr em prática esse impulso.
A conexão com o oculto / misticismo / espiritualidade desenvolveu-se em mim principalmente na adolescência e este livro é, basicamente, o culminar de conhecimento, não só a nível “académico” e cultural, mas emocional e moral que fui desenvolvendo nas minhas práticas interiores desde então.
Para além disso, actualmente, vejo muita gente interessada nestes assuntos e a quererem aprimorar-se nos mesmos, mas também muitas dessas pessoas tendem a deparar-se com narrações muito superficiais e levianas. Com isto, decidi dar um pouco da profundidade que elas pedem.

Quais os temas abordados no livro e o que pretende alcançar com a partilha dos mesmos?
O tema “base” da obra enquadra-se nos sonhos, no subconsciente e inconsciente. Tendo isto em conta, podemos dizer que é prestada alguma psicologia e psicanálise, embora estejamos a falar de ciências ocultas. Todavia, tanto a psicologia como a psicanálise estudam “o que não se vê” ou o “escondido”.
Portanto, em parte podemos sugerir que embora repousem em diferentes ninhos, poderão partilhar a mesma árvore. Há até quem diga que todas as ciências que conhecemos, antes de se tornarem desprovidas de um conhecimento espiritual, nasceram da alquimia.
Tomo a liberdade de dar o exemplo do grande psicanalista que implementou muito a alquimia e o estudo místico do ser nos seus trabalhos – Carl Jung.
Ao projectar este tema para as folhas, estendi-o para a disciplina da lucidez nos sonhos e das viagens astrais. No entanto, para reavivar estas capacidades em nós, da melhor forma possível, há que estudar um pouco o mundo simbólico. Isto é, ter um certo discernimento teórico sobre os diferentes mundos e dimensões da Terra e do cosmos, sobre diferentes tipos de entidades energéticas, sobre como manusear as emoções, mente e corpo, ter uma certa noção das “Leis Universais”, entre outras coisas. Isto tudo serve para tirarmos o melhor que estas práticas oferecem para a nossa jornada interna, em vez de as usarmos como mero entretenimento.
O que pretendo alcançar com a partilha dos mesmos é a reflexão. Que reflictam tanto quanto eu reflecti quando o escrevi. Quando pensamos que podemos já ter aprendido muito, deparamo-nos com a nossa ignorância, com o quanto não sabemos. Principalmente de nós mesmos. Não o escrevi para acreditarem ou desacreditaram. Escrevi para que reflictam sobre aquilo que acharem importante.
Costumo dizer que assim que o livro chega às mãos de alguém, deixa de ser meu. É da pessoa que o abrir. O meu nome lá não interessa, em parte sou apenas uma mensageira. O que interessa são os mistérios e os lindos ensinamentos que muitos mestres, professores e tribos manifestaram para o mundo, para a humanidade.

Porquê o nome “A Arte de Viajar no Invisível”?
A “arte” porque conhecermo-nos a nós mesmos é uma arte. Saber manusear os nossos mundos de forma íntegra é uma arte que se aperfeiçoa. Não é fácil. É árdua e não é para qualquer um.
O “invisível” remete ao “oculto”, aquilo que não se vê com “olhos mundanos”. Remete ao mundo espiritual, tanto da natureza exterior, como da interior.
O “viajar” é a jornada, a prática, a disciplina íntima.

Como tem sido o feedback de quem já leu o livro?
Falando de termos mais técnicos, dizem que está fluido e de fácil leitura. Mas tem sido muito bom ouvir algumas pessoas afirmarem que o livro ajudou-as a reflectir sobre elas mesmas e no seu comportamento perante a vida. Foi isso que pretendia e dá-me sempre uma alegria imensa ouvir isso.
Outras dizem-me que as ajudou a organizar melhor as suas práticas e aquilo que pretendem para a sua jornada, o que também é óptimo saber.

O seu livro já esteve à venda no site da Bertrand, Wook, Fnac e no da editora Livraria Atlântico. Recentemente, decidiu cessar as vendas… Porquê?
Nunca me senti muito bem em vender, sinceramente. Então, isto foi sempre algo que andei a ponderar, até que tive uma conversa sobre este assunto com um dos meus chegados, que me ajudou a decidir tomar esse caminho. Acredito que estes tipos de conhecimento devem ser partilhados gratuitamente.
Apesar do que muitos dizem, acredito que alguns temas espirituais não devem ser misturados com negócios monetários. Sou apologista de donativos livres, se for esta a aspiração da pessoa que queira participar ou adquirir algum projecto espiritual, mas não mais que isso. Respeito e não condeno quem tem opinião contrária, mas não é esse o caminho que, pessoalmente, quero tomar.
Portanto, quem o quiser adquirir, terá de contactar comigo pelo Instagram (@ania.do.mar). Assim poderemos prosseguir com o envio do livro, sem nenhum custo relativo ao mesmo.

Na sua biografia, presente no seu livro, podemos constatar que “sempre se sentiu conectada com Jesus Cristo e espíritos da natureza”, desde a sua infância. Sendo que muitas vezes estes são vistos como “conceitos” incompatíveis por parte da sociedade, pode-nos falar um pouco sobre como é acreditar em ambos?
Se me permite, é muito simples, é o que é. Acho que não existe ninguém que não acredite na natureza. Aliás, saber. Sabem que ela nos revitaliza, nos dá alimento, conforto, desconforto, terror, alegria, etc. Sabem da existência das árvores, dos lagos, das montanhas, do fogo, dos animais. Vivemos com ela, nela. E cada um de nós é a própria natureza, embora muitos se tenham esquecido. Simplesmente, o “sentir-me conectada com espíritos da natureza” não tem propriamente de ter uma forma associada ou concreta. Pode ser simplesmente um sentimento, pode ser energia, uma empatia. Pode até ser o acreditar em nós mesmos e o lembrar de quem realmente somos, sendo que somos natureza.
No fundo todos sabem da existência destas forças, simplesmente só não aceitam em dar-lhes esse nome em específico por causa de crenças pré-concebidas, como referiu e muito bem com a expressão “incompatíveis por parte da sociedade”.
Eu aceito tudo. Não quer dizer que ressoe com tudo, mas aceito. Aceito todos os deuses alguma vez personificados por inúmeras filosofias e caminhos anciões. Estamos todos aqui para aprender, por isso como poderá alguém dizer que a sua crença é a verdadeira, a mais respeitável, e as outras são meros contos de fadas para crianças? Acho isso uma falta de respeito pela própria humanidade.
A verdade é que a nossa mente gosta de rotular e separar tudo e embora isto seja algo benéfico em alguns aspectos, não deixa de ser mau noutros. A verdade é que Deus e todas as suas crianças (desde entidades físicas a não físicas) poderão ter várias caras, vários nomes, mas provêm todas do mesmo núcleo.
Respondendo mais directamente à pergunta, aceitar ambos é ser livre.

Para além da escrita, dedica-se a outros projectos?
Eu gosto muito de dançar. Actualmente, ando a partilhar pequenos vídeos de dança, mas não sei se será mesmo um projecto. Por enquanto é só um conceito e não sei se passará disso. Vamos ver.
Falando mais profissionalmente, sim, dedico-me. Eu e o meu parceiro de vida temos um projecto musical de trance ritualístico, chamado Depuratus. Esse projecto já conhece uns anos, mas só no ano passado é que começamos, oficialmente, a ser convidados mais frequentemente para tocar. Ainda não tocamos em Portugal, mas já fomos à Turquia, ao Brasil, à Itália e recentemente tocamos na Índia.

Quais são as suas expectativas para o futuro? Pretende escrever mais algum livro?
Para ser sincera não penso muito no futuro concretamente, penso “o que virá, virá mediante o que faço hoje”. Mas sim, pretendo escrever mais livros e já escrevi. Escrevi dois e de momento estou a escrever outro. Dois são ainda no tema do primeiro livro – alquimia – servem para complementar o primeiro, “A Arte de Viajar no Invisível”. O outro é mais uma trindade de histórias criadas em narrativa de lenda.
Não sei ainda quando os vou publicar, mas acredito que irei lançar primeiro o das histórias. Este irei vender.

Por Nicole Bulhões

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