Edit Template

O encontro do professor Alexandre Linhares Furtado com a «sua» escola

Esta foi uma «estória» que ainda não contei…

Desde 10 de Maio de 1994 que, por despacho do Secretário Regional da Educação e Cultura, a Escola EB/JI. da Fajã de Baixo, passou a ter um Patrono: o Professor Doutor Alexandre Linhares Furtado, aliás um consenso que não foi fácil, porquanto os cânones por que se regia a lei só era de considerar para personalidades já falecidas que, por seus feitos, «da morte se foram libertando…».
Mas, neste caso, tudo era já «palavra -de- honra», pois o nome proposto era consagrado no país e fora dele, como médico-cirurgião, pioneiro de transplante de órgãos; e, finalmente, a proposta que a Direcção Escolar fizera conjuntamente com a Câmara Municipal, mereceu a concordância da Secretaria Regional da Educação e Cultura.
No despacho proferido, considerou-se «que a escola para além de polo de educação e ensino e de agente privilegiado da modernização do país, surge como elemento fundamental na preservação e no desenvolvimento da nossa cultura, bem como na salvaguarda da memória colectiva e factor relevante de integração no meio».
E, foi com esse propósito que o Conselho Escolar da Escola da Fajã de Baixo, decidiu abrir-se, de novo, à comunidade – e não só – para pesquisar quem era a figura do Professor Doutor Alexandre José Linhares Furtado, da escola que frequentara, da sua família, dos seus colegas no Liceu e na Universidade; como era a freguesia da Fajã de Baixo a partir dos anos trinta do século passado até então, numa ocasião -também histórica – em que o Mestre / Patrono, havia sido distinguido com o grau de Doutor «Honoris-Causa», pela Universidade dos Açores!
Organizou-se uma exposição bio – bibliográfica contendo todos os elementos recolhidos, incluindo fotografias, trabalhos escritos, desenhos, pinturas algumas representativas duma cirurgia de transplante do fígado a uma criança … um acontecimento histórico que o homenageado não pode assistir porque ficara muitas horas junto da paciente, até que voltasse de novo a ter vida!
E, o avião da TAP não esperou!
Na altura – talvez como premeditada representação, pois chegara de véspera – esteve sua saudosa Esposa, Drª Arminda Lobo San- Bento, que aproveitou, nas entrelinhas, o discurso que proferiu na Junta de Freguesia, para «desancar» os maus serviços que a TAP prestava aos Açores…
Mas, quando no mês de Agosto seguinte voltou em férias, à sua Fajã de Baixo, a escola mobilizou-se, montou de novo a exposição, explicando-lhe par e passo como tinha sido o plano pedagógico desenvolvido para celebrar a inauguração, tendo-o como Patrono mas, desta vez, em plena pujança de vida e de saúde.
Assim nasceu um «jovem» Patrono – ainda em plena pujança de vida – que continua a interessar-se pela «sua» escola…
De facto, pelo conhecimento pessoal que mantenho, o Professor Linhares Furtado passou a acompanhá-la em gestos de muito carinho, interessando-se por tudo quanto ali se tem feito no desenvolvimento da cultura e do ensino, com particular relevância para a promoção da sua Biblioteca.
Aproveitando, nas vésperas do Natal-2023, a sua estadia na Fajã de Baixo, para o lançamento do livro «Memorias e Reflexões do Cidadão, do Cirurgião», o coordenador pedagógico, convidou-o para conviver com alunos, professores, educadores de infância, pessoal administrativo e ainda elementos do ATL da Câmara Municipal, num encontro tão enternecedor, como se fosse uma continuada celebração natalícia.
Acolheu-o também o presidente da Junta de Freguesia; um seu antigo e reconhecido paciente da família Mota Vieira/Leite Domingos, que tinha um neto a frequentar a escola; eu e o João Constância, que o coadjuvámos neste seu histórico encontro com a sua terra.
A educadora Marina Vieira, regeu os coros, as crianças recitaram e o professor-coordenador Luís Lopes apresentou às crianças, num diálogo muito apelativo, a figura do Professor Linhares Furtado, o exemplo da sua vida.
O homenageado dirigiu palavras de agradecimento e louvor pela forma carinhosa como tinha havia sido acolhido e exortou os alunos ao estudo, à contemplação daquilo que é belo e é capaz de promover o espírito, a disciplina, promovendo cidadãos responsáveis; e recordou os seus tempos de escola, a funcionar num antigo solar, bem diferente das instalações daquela onde nos encontrávamos.
Mas, a comoção atingiu todos, quando foi cantado o «Hino da Escola Linhares Furtado», da autoria do compositor e poeta, Aníbal Raposo:

A minha escola é muito linda
Fica no meio da freguesia
Onde nasceram grandes figuras
Da medicina, do governo da poesia.

E, quando de seguida surgiu o refrão:

Quero ser feliz
E bem educado
Eu ando na escola
Linhares Furtado.

…uma lágrima furtiva correu de alguns rostos!

O convívio que se seguiu na sala dos professores, onde domina a fotografia de Alexandre Linhares Furtado, foi também motivo para celebrar o aniversário duma das docentes, mais um momento para conversar com o Mestre, ouvi-lo, encontrar motivo para relembrar ligações familiares, do tempo do Liceu e até da Universidade….
Há muito que não participava num encontro com as escolas – que foram parte da minha vida – na época do Natal. Sempre me enterneceu continuar a ver os vidros das janelas com motivos alusivos, numa decoração sempre criativa, que se alarga às famílias, tal como no meu tempo!

Rubens Pavão

Edit Template
Notícias Recentes
Remuneração bruta aumentou 88 euros
Bolieiro promete reabilitar o HDES e depois pensar num “hospital novo”
Consórcio Tecnovia, Etermar e Marques ganha obras no cais NATO
Governo quer reduzir abandono escolar de 21% para 15% até 2030
Coliseu Micaelense esclarece Tia Maria do Nordeste
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores