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Palavras e Ideias: Políticos e política: impressões (des)informadas

“Chegou a hora de os líderes políticos de todo o espectro ideológico perceberem que, embora o partidarismo seja compreensível, o hiperpartidarismo é destrutivo para o nosso país. Precisamos de mais líderes visionários que se esforcem seriamente pelo bipartidarismo e encontrem soluções políticas que possam fazer avançar a América.” (Frases atribuídas a Martin Luther King Jr. / Fonte: Portal de citações BrainyQuotes)

Durante boa parte das minhas incursões no mundo da política – considero-me e ainda me manifesto como um cidadão “politizado” -, eu defendi e elogiava a noção do serviço público, através da actuação política. Frequentemente, elogiei a coragem, a abnegação, o altruísmo e sentido do dever cívico que eu atribuía à classe política, em geral, que, em democracia, se propõe para nos representar, nós, os “outros” cidadãos, e para administrar, em nosso nome, a causa e os interesses comuns. Não mais! Não me deixo mais levar pelo sentido simplista daquela minha avaliação. Restrinjo-me, agora! Com a minha crescente experiência, condicionada pelo envelhecimento, como um dos “outros” cidadãos, atribuo, apenas, aquela minha deferência às mulheres e aos homens que, a meu ver, através da sua ação política, em prol dos cidadãos que representam, e não dos partidos que lhes deram a oportunidade de fazer política activa, a merecem de pleno direito. Há-as e há-os!
Eu venho acompanhando, de muito perto, ao longo dos últimos vários anos, a dinâmica, os sobressaltos e a realidade política açoriana. Tive a oportunidade e, em alguns casos, o privilégio de conhecer pessoalmente alguns do mais marcantes, ou melhor dito, mais ativos elementos da política açoriana dos últimos anos, entre mulheres e homens, quer de afiliação PSD/A – o meu antigo partido, do qual fui excluído -, quer do PS/A. Infelizmente, não tive a oportunidade de “prestigiar”, através dos meus elogios escritos, algumas e alguns outros elementos da classe política, sobre os quais também formei uma opinião positiva e de admiração, como, também, não tive a oportunidade de “penetrar” os círculos dos outros partidos regionais, onde, certamente, existem pessoas de “calibre” superior. Em mais de uma vez, eu desfiz-me, publicamente, quer através de alguns órgãos da comunicação social com os quais eu tenho colaborado, quer através das redes sociais, em elogios àquelas pessoas com as quais interagi. Mantenho e reitero, sem reservas, a essência daquelas minhas impressões, em relação aqueles indivíduos. Isso dito, mantenho, reservas e, porventura, preocupações em relação à actuação política de alguns deles.
Os Açores são uma espécie de “microcosmo” onde a actuação e a evolução política, ao serviço do povo, deveria formar e demarcar alguns dos mais pertinentes e marcantes elementos da política portuguesa, por interesses outros que partidários. Infelizmente, parece-me, o partidarismo, por vezes flagrante e destrutor, impede que um futuro melhor seja alcançado, em benefício dos cidadãos, particularmente os mais fragilizados e os mais vulneráveis, socioeconomicamente falando.
Os partidos políticos, infelizmente, se estão transformando em “máquinas centralizadoras do poder”, constantemente em campanha eleitoral. Infelizmente, também, os mais jovens membros e os menos influentes membros dos partidos, contidos na camisola de força partidária – refiro-me aos deputados e deputadas – não chegam a contornar e ainda menos a reverter os caminhos traçados pelos dirigentes, a quem devem a sua militância e o privilégio do assento que ocupam na assembleia. Elas e eles deveriam mobilizar-se, até rebelar-se, para forçar que os seus mentores e dirigentes adoptem atitudes e linhas directivas menos partidárias e mais alinhadas com a realidade socioeconómica a que está confrontada a vasta maioria dos açorianos. Alguns e algumas daqueles servidores políticos, quiçá incapazes de impor um debate em torno dos seus próprios valores e das suas ideias, melhor fariam de permanecer nas suas actividades profissionais e pessoais, que exerciam antes de abraçar a aventura política activa, mesmo quando aquelas actividades têm o carácter de “tachos” seguros e inextinguíveis.
Devo acrescentar que eu estou lucidamente consciente do facto que o sistema (constitucional) político e eleitoral que vigora em Portugal e nos Açores, em particular, influencia, sobremaneira, a actuação das lideranças dos dois maiores e mais pertinentes partidos políticos açorianos. Mas essa realidade não deveria nunca impedir que os homens e mulheres a quem eu me referia no início desta opinião abracem aquele microcosmo a que eu também me referia antes, e encontrem uma forma diferente e mais inclusiva de servir e exercer os seus mandatos respectivos. Não se devem deixar levar a coligações desastradas, quiçá mortíferas, nem fazer de conta que nada têm a ver com políticas caóticas e destruidoras durante a sua própria governação no passado.
Terminando, não posso deixar de mencionar, mesmo se de forma muito aleatória, porque merece mais atenção, o “Manifesto” recentemente divulgado por, entre outros, Joel Neto, João de Melo e Avelino Meneses. Acrescento ainda a “Jénifer, ou a Princesa da França” de Joel Neto, que precedeu o Manifesto. Oxalá que nem um nem outo daqueles preciosos contributos venham a alimentar polémicas, ou apreciações revanchistas, em qualquer gabinete político que seja. Oxalá, ainda, que tanto uma como outra daquelas iniciativas sirva de guião, à liderança política açoriana, para uma transformação na sua própria avaliação da realidade açoriana, e do seu compromisso com o povo açoriano.
Vamos ver até onde isto chega!…

Duarte M. Miranda,

Montreal, Québec, Canada

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