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Duas notas negativas do pós-4 de fevereiro

Mesmo sagrando-se como a terceira força política em 4 ilhas (Flores, Faial, S. Jorge e Corvo), a CDU voltou a não conseguir eleger deputados à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, desta vez por apenas cerca de 80 votos (menos ainda que em 2020). S. Miguel e Terceira, enquanto ilhas de maior peso eleitoral, foram as ilhas mais responsáveis pelo indesejado resultado, o qual se revelará por certo prejudicial aos Açores e aos açorianos por acentuar o enfraquecimento da presença das esquerdas no parlamento, enquanto, paralelamente, se assiste a um reforço eleitoral das direitas e particularmente da extrema-direita.
Com esta falha eleitoral, perderá em particular quem trabalha e produz ou já trabalhou e produziu, precisamente aqueles a quem a mensagem da CDU mais se dirigia, mas a quem, pelos vistos, não conseguiu chegar nas condições necessárias nas duas maiores ilhas açorianas. Deste facto, sem dúvida, a direção da CDU (e do seu maior partido, o PCP) tirará as respetivas ilações e fará por analisar as posições e comportamentos que estão ao seu alcance corrigir, para que melhore a difusão da sua mensagem política.
Não devemos, entretanto, ignorar que o facto de não ter representação parlamentar implica a existência de outros fatores externos negativos para esta organização política, como por exemplo a falta de cobertura mediática das ações que a CDU e o PCP continuamente desenvolvem nas diversas ilhas, as quais, sem essa cobertura, se tornam relativamente mais dispersas e menos relevantes em particular nas ilhas maiores. Nada disto impede, nem impedirá, no entanto que, mesmo com dificuldades acrescidas pela frente, a intervenção social, política e económica da CDU e do PCP se continue a processar em prol da justiça social, do desenvolvimento e da melhoria das condições de vida dos trabalhadores e dos açorianos em geral, no quadro da Autonomia Regional.
Uma outra observação negativa a propósito dos resultados eleitorais do passado domingo, prende-se com a forma como a extrema-direita interpretou e utilizou os seus resultados acrescidos nos Açores.
Antes mesmo das contas eleitorais fechadas e, usufruindo para o efeito de um tempo de antena incompreensivelmente alargado da parte da televisão pública, o líder absoluto da extrema-direita parlamentar no país, desrespeitando de forma despudorada a autonomia regional, traçou antecipadamente por sua exclusiva lavra, as orientações políticas do seu partido na Região, como, mais grave ainda, enviou em simultâneo recados ameaçadores e imperativos à coligação das direitas liderada pelo PSD-A (que entretanto já se adivinhava vencedora sem maioria absoluta), exigindo a participação do seu partido no futuro governo açoriano, como condição para garantir a estabilidade deste.
Mais negativo ainda, já depois dos resultados fechados, foi assistir à intervenção final de José Pacheco que, entre muita conversa lateral, tanto se furtou a falar sobre as garantias (falhadas) que tinha dado em campanha, de que o seu partido iria chegar aos dois dígitos de percentagem, como fugiu a pronunciar-se de forma clara a propósito das estratégias futuras, pelos vistos antecipadamente já traçadas pelo seu líder nacional.
É caso para parafrasear as suas próprias palavras, na noite eleitoral, mas dirigindo-as ao mesmo que as pronunciou: “Isto é só o princípio, Sr. José Pacheco, habitue-se!…”

Mário Abrantes

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