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Contra tudo e contra todos?

Desculpem-me os leitores por fugir esta semana aos nossos problemas (que não são poucos) e por fugir também à matéria quente da informação que, após as regionais, volteia agora em redor das eleições do próximo dia 10 de março para a Assembleia da República.
De forma amargurada e com um sentimento de quase impotência, decidi ainda assim optar por uma matéria bem mais triste e incómoda para todo o planeta político-institucional. Um mundo em que a esmagadora maioria dospaíses mais desenvolvidos, com Portugal incluído (África do Sul e Nicarágua são exemplos, entre alguns outros, de honrosas exceções), fingem não ver, assobiam para o lado e não se compadecem de forma efetiva, sincera e eficaz com o horror e o descomunal atentado aos direitos humanos, em particular o direito à vida, que se abateu de forma sistemática e continuada desde há três meses na Palestina.
Não se trata de uma guerra, que essa não existe por mais que a proclamem, mas do terror (terrorista é o Hamas, estava-me esquecendo), o sofrimento e a matança que, em fase aguda, quaresmal e da páscoa sionistas, ameaça cair agora sobre Rafah, cidade fronteiriça com o Egipto, onde se refugiaram, empurrados como carneiros pelas bombas e tanques do invasor comandado por Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, um milhão e meio de palestinianos (mais de metade dos habitantes da faixa de Gaza).
Netanyahu grita que, contra tudo e contra todos, vai continuar a espalhar sangue, terror e dor em terras da Palestina ocupada (já chacinou 28000 civis), e o que responde o nosso mundo?
Biden e os EUA são os seus grandes fornecedores de armamento e dinheiro, e continuam a sê-lo enquanto, ao mesmo tempo, dizem: “os israelitas estão a exagerar um pouco”, ou seja, traduzido em bom português: “Oh, Netanyahu! Mata menos um bocadinho que assim já pode ser…”
A União Europeia depois de Von der Leyen se ter pomposamente deslocado a Israel, a seguir ao ataque do Hamas (ao que parece sem dar conhecimento aos seus pares), para prestar todo o apoio e solidariedade a Netanyahu na invasão da Palestina, vem agora pedir para os EUA deixarem de fornecer armas a Israel, o que traduzido em bom português resulta em dizer que podem continuar a usar as que já têm consigo, e não são poucas como todos têm visto…
Portugal, pela boca do seu Presidente, ignorando mais de 70 anos de escorraçamento dos palestinianos das suas terras de origem, diz que “foram os palestinianos que começaram”, o que, traduzido em bom português desculpa na prática, a partir daí, todas as atrocidades sobre aquele povo…
Por onde anda o amor pela Paz, a seriedade e o respeito pelos direitos humanos que aqui no ocidente não nos cansamos de invocar para outros cantos do mundo? Onde está o respeito internacional pelas decisões da ONU e a solução dos dois Estados (Estado Palestiniano e Estado Israelita) naquela zona? Quem tem poder para parar este massacre e afinal se prepara para a eventualidade de deixar passar mais um em Rafah, e assim sucessivamente até à extinção física total do Povo Palestiniano?
Afinal Israel não está contra tudo e contra todos. Israel, ao invés de terrorista, continua a ser por nós tratado como um Estado democrático, enquanto a nossa indiferença e hipocrisia política vai, em 3 meses, assassinando cruelmente um povo, quase com o mesmo grau de letalidade, provocado na hora da explosão, da bomba atómica norte-americana sobre Nagasaki…

Mário Abrantes

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