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Pedro Castro analisa a operação aérea na época alta “A Ryanair será o menor dos problemas dos Açores este Verão”

O sector do turismo já prepara a época de Verão deste ano e há alguns receios de que a redução de voos da Ryanair possa prejudicar a época.
Pedro Castro, conhecido consultor nacional e especialista em aviação comercial, analisou para o “Diário dos Açores” a redução da operação da Ryanair nos Açores e chegou à conclusão de que o número de voos programados pela companhia não é muito diferente dos anos anteriores.

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Como antecipa o Verão nos Açores agora que a Ryanair disse que não iria reabrir a base?
O significado de ter uma base é basicamente este: cria empregos directamente relacionados com o facto de existir um avião a começar e acabar o seu dia de trabalho nesse aeroporto.
Isto não significa que essa companhia deixe de voar completamente para o destino.
A TAP não tem base em Ponta Delgada e voa para cá na mesma.
No caso da Ryanair, e com base naquilo que está carregado hoje no sistema para o horário de Verão (de Abril a Outubro), existem mais semelhanças do que diferenças por relação ao horário de 2023.
Na Terceira continuarão a existir o mesmo número de lugares disponíveis e de voos com 4 frequências para Lisboa e 2 para o Porto.
Em Ponta Delgada, substitui-se a rota de Nuremberga pela de Bruxelas (Charleroi) com menos 10 voos é certo (o equivalente a uma perda de 1890 lugares), mas Londres Stansted mantém-se ao nível de 2023.
Para Lisboa e Porto a oferta será um pouco menor apenas. A maior diferença é que todos estes voos serão garantidos por aviões de outras bases.

Como explica então este receio do setor do turismo?
É irracional, não se explica. Factualmente, não há nada que recear relativamente à questão da Ryanair.
A aviação contabiliza-se como a hotelaria: número de lugares de avião disponíveis e número de camas.
Nesta matéria, o que conseguimos comprovar recorrendo ao agregador de dados aeronáuticos ‘Cirium Diio’ é que a oferta de lugares de São Miguel para a Europa, América e África vai crescer muito em 2024 por relação a 2023.
De 234 mil lugares distribuídos por 1242 voos, no Verão de 2024 passarão a existir 321 mil lugares e 1782 voos para a Europa.
No caso da América do Norte o aumento é de quase 30 mil lugares (passa de 125 mil para 153 mil com 849 voos em vez de 651).
O outro aumento é para Cabo Verde: de 106 voos passa para 144 passando de 20 mil para 25 mil lugares, mas no caso deste voo mais de 80% dos passageiros estão em trânsito.
Relativamente ao Continente, existe uma enorme novidade: um voo directo da Azores Airlines para Faro que começa com poucas frequências e muito limitado no tempo, mas é um começo.
Para Lisboa há um ligeiro recuo no total de lugares, uma vez que a Ryanair corta algumas frequências, enquanto que a Azores Airlines e TAP Air Portugal utilizarão aviões menores.
Para o Porto, o aumento de frequências de 406 para 480 da Azores Airlines permite um aumento da sua capacidade de 73 mil para 86 mil lugares.
Na Terceira haverá um ligeiro aumento dos lugares para o Continente de 158 mil para 169 mil e um recuo para a América do Norte, de 37 mil para 31 mil.

Então não existem preocupações para 2024?
Depende. Observo os aumentos da Azores Airlines para Boston, Bilbao, Paris, Barcelona e os novos voos para Gatwick e Milão e não consigo deixar de sentir alguma preocupação.
Se o foco estiver em ocupar esses voos sazonais com passageiros de ligação para a América do Norte ou para Cabo Verde, por mais passageiros que se transportem, isso não se vai fazer sentir na economia.
Se, ainda por cima, esses bilhetes forem vendidos a preços de saldo, a perda será dupla: para o turismo e para os contribuintes.
Parece-me absurdo que nenhum voo inter-ilhas da SATA ligue aos voos da Azores Airlines que saem para a Europa.
É mais rápido para alguém de Boston chegar a Milão via Ponta Delgada do que para alguém voar do Pico para Milão!
É esta a Azores Airlines que querem construir daqui para a frente?
Depois, existe o problema do afunilamento cada vez maior em Ponta Delgada – da Azores Airlines e de todas as outras companhias, o que, por sua vez, cria uma enorme pressão sobre a disponibilidade de lugares entre São Miguel e todas as outras ilhas.
Sobram poucos lugares para o mercado local que é, por definição, mais de última hora.
Para mim, a Ryanair deveria ser a últimas das preocupações dos açorianos neste momento.

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