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A minha visão das Flores e do Corvo (2013) Parte 3 (III)

“O mundo é assaz pequeno. Fiquei satisfeito por encontrar conterrâneos, ali, tão longe de casa e observar o importante trabalho para que foram chamados por serem especialistas no restauro deste tipo de moinho de vela triangular, muito rara nos Açores.”

3.2. Como vi o Corvo 2013 (Continuação)

Ao lado da assustadoramente pequena pista do aeródromo, estavam, três moinhos a serem reconstruídos, dois caiados e outro mantido com a pedra original à vista. Qual não é o meu espanto ao ouvir chamar o meu nome (ó professor! Ó professor!) e deparar com o mestre carpinteiro José Moniz, da Lomba da Maia, e o mestre José Alberto, da Lombinha da Maia, os quais costumam fazer todos os trabalhos de manutenção da minha casa. O mundo é assaz pequeno. Fiquei satisfeito por encontrar conterrâneos 1 , ali, tão longe de casa e observar o importante trabalho para que foram chamados por serem especialistas no restauro deste tipo de moinho de vela triangular, muito rara nos Açores. Uma excelente recuperação do património histórico.
O resto da estadia no Corvo foi passado em curtos passeios a pé na pequena vila, entrecortado por um almoço na Traineira, único bar e restaurante em funcionamento na ilha naquela data, depois de outro mais moderno mesmo sobre a pista de aviação ter falido. A ementa com 4 alternativas e sobremesa foi económica, 8,50€ PAX. Muito calor preencheu esta estadia. Havendo ainda tempo antes de reembarcarmos para observar a manobra de carga de gado num navio que chegara de manhã com mantimentos. Curioso ver a vaca a ser transbordada. Dantes era bem pior e mais desconfortável para os animais.
A viagem de regresso foi mais agitada, contra o vento, e ondulação mais forte com o semirrígido a bater bem na mareação. O momento alto surgiria na visita a pequenas enseadas, ilhotas e quedas de água espantosas em grutas. Senti-me verdadeiramente transportado para o cenário de Os Salteadores da Arca Perdida…
Uma rocha furada em círculo evocava o dedo de deus na costa de Toledo no norte de São Jorge, mas havia outras peças da arquitetura da natureza com uma beleza que só ela consegue.

[interromperam-me os cagarros com os seus cânticos de velhas rezingonas, parece que falam ou ralham entre si, e depois surge sempre outro com um cântico diferente, antes de todos se calarem por instantes, e recomeçarem a agitada conversação…] Misturar uma queda de água sobre a entrada de uma gruta é de uma suprema beleza.
Noutro caso, uma gruta aberta dos dois lados (quase que dava para o barco passar em ambas as entradas) a montanha descendo até ao nível do mar, interrompendo o maciço rochoso para se observar a água do mar de um azul-turquesa mais próprio dos Orientes exóticos e do Mar pacífico, criando uma enorme mancha turquesa à superfície e prolongando-se sob o mar. Havia formações rochosas com formato e feições de animais sempre com o pano de fundo do Corvo em forma de bota de um lado, e do outro a pipoca das Flores. Nessa tarde repetimos o jantar no restaurante Rosa, mas o preço já foi de 14.00€ PAX.
As imagens falam melhor do que as palavras que perdi quando vi o segundo amanhecer no dia 28.

1 Apesar de não ser nativo dos Açores, senti-me irmanado de um açorianismo que me levava a considerar conterrâneo daqueles dois vizinhos. Era quase como ver familiares num país distante.

Chrys Chrystello*

*Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713

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