Tal como no Continente e na Madeira, a Aliança Democrática (AD) venceu as eleições legislativas nos Açores e elegeu dois deputados para a Assembleia da República, os mesmos de 2022, tal como o PS, enquanto o Chega elegeu um pela primeira vez.
O PS, que foi o segundo partido mais votado no arquipélago, elegeu dois deputados, tendo perdido um face ao acto eleitoral anterior.
O quinto deputado do arquipélago açoriano foi atribuído ao Chega, o que aconteceu pela primeira vez.
A lista da AD, novamente liderada por Paulo Moniz, mereceu a escolha de 39,84% (42.343 votos) dos 106.273 eleitores açorianos.
A candidatura do PS, que também voltou a ser encabeçada por Francisco César, obteve 29,18% (31.015 votos) e a lista do Chega, liderada por Miguel Arruda, alcançou 15,76% (16.744 votos), de acordo com os resultados divulgados pelo Ministério da Administração Interna.
Num círculo eleitoral com 230.082 inscritos, a abstenção ficou nos 53,81% (foi de 63,44% em 2022), o Bloco de Esquerda continuou a ser o quarto partido mais votado (3,41%%), a Iniciativa Liberal (IL) manteve a quinta posição (com 2,71%) e o Livre subiu do oitavo lugar para o sexto (com 1,71%) logo seguido do PAN (1,56%).
Com 236.657 residentes, os Açores tinham 13 candidaturas a disputar cinco lugares na Assembleia da República.
Os cinco lugares do círculo eleitoral dos Açores na Assembleia da República vão ser ocupados pelos eleitos da AD Paulo Moniz e Francisco Pimentel, pelos socialistas Francisco César e Sérgio Ávila e pelo eleito do Chega Miguel Arruda.
Nas legislativas de 2022, segundo os resultados finais publicados em Diário da República, a coligação PSD/CDS-PP/PPM obteve no arquipélago dos Açores 35,07% dos votos e o PS teve 44,37%.
No ato eleitoral anterior foram eleitos, pelo PS, Francisco César, Sérgio Ávila e Isabel Rodrigues, enquanto a coligação PPD-PSD/CDS-PP/PPM elegeu Paulo Moniz e Francisco Pimentel.
A AD venceu as eleições nos Açores, o que já não acontecia desde 2011, altura em que o PSD venceu o ato eleitoral com 47,36% e o PS obteve 25.67%.
De então para cá, incluindo 2022, todos os actos eleitorais foram ganhos pelo PS: 2015 (PS 40,37% votos e PSD 36,06%) e 2019 (PS 40,06% e PSD 30,21%).
“Confiança dos açorianos na AD”
O Presidente do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, afirmou que a vitória da Aliança Democrática (AD) na Região, nas eleições legislativas nacionais, revela a “confiança” dos açorianos no Governo Regional da Coligação PSD/CDS/PPM.
“[A vitória] confirma bem o sentimento de que os açorianos confiam neste projeto político que lidero nos Açores pela estabilidade, pela governabilidade e por esta alternativa de governação não socialista, cujas políticas têm dado bons resultados”, disse.
José Manuel Bolieiro destacou os resultados eleitorais obtidos no arquipélago, “um dos mais altos resultados no País para a AD”, com a obtenção de 39,8% dos votos.
“São bem claras a vitória e a consistência da confiança no projeto político que lidero. E há uma derrota do Partido Socialista, que deve compreender humildemente este entendimento na estabilidade governativa”, observou.
De acordo com José Manuel Bolieiro, a coligação PSD/CDS/PPM somou mais 12.798 votos nos Açores, por comparação a 2022, “o que é significativo”.
O Presidente do PSD/Açores considera assim tratar-se, “sobretudo, de um grande compromisso que aqui declaro e assumo: estaremos a governar pelas pessoas, para as pessoas, em nome dos Açores e para os Açores”.
Segundo o líder dos social-democratas, “os resultados [eleitorais] obrigam os nossos representantes na Assembleia da República e o novo Governo de Portugal a compreender este mandato democrático do povo açoriano”, salientou.
Já o cabeça-de-lista da AD pelos Açores, Paulo Moniz, felicitou os açorianos pelo reforço de participação no ato eleitoral de 10 de março, “vencendo, de forma exemplar, uma tendência anterior de abstenção”.
No discurso da noite eleitoral, candidato social-democrata agradeceu “todos os que ouviram as nossas propostas alternativas e o nosso compromisso com um projeto do futuro”.
Paulo Moniz manifestou-se ainda “grato pelo apoio” de toda estrutura partidária que permitiu desenvolver a campanha na rua, assim como a José Manuel Bolieiro pela “confiança que depositou nos candidatos da AD pelos Açores, constituindo um parceiro na medida em que se juntou a nós em todos os momentos”.
Juntos se tornaram “voz ativa da mensagem de sermos, na República, defensores dos Açores, mais do que defensores dos partidos”, salvaguardou.
Aliás, o social-democrata vincou que a “grande mensagem da noite e o desafio aos nossos adversários, a quem felicito e saúdo, é que de facto sejamos, no ciclo que se inicia com a nova legislatura, todos defensores dos superiores interesses dos Açores e dos açorianos”.
“Hoje a democracia falou. O povo falou. O povo disse que quer que os deputados eleitos pela AD tenham mais força na sua reivindicação e isso quer dizer mais responsabilidade, mais afinco e maior capacidade reivindicativa, seja junto de que Governo for”, frisou.
Para Paulo Moniz, “o que estava em jogo nesta campanha era uma mensagem de esperança para mudar o País, para mudar um País estagnado, para mudar o País que falha à Região e mudar um País que se pretende de desenvolvimento sustentável, no cumprimento das promessas e dos objetivos”.
Assim sendo, constitui igualmente “a afirmação de um projeto que hoje mereceu a concordância e ganhador nas urnas”, apontou.
O social-democrata dirigiu uma palavra a todos os candidatos da lista da AD pelos Açores, porque “souberam assumir um compromisso difícil em tempos difíceis, num quadro desfavorável, mas ainda assim consolidado numa aposta em um conceito que já foi ganhador a 4 de fevereiro, agora novamente confirmado com uma vitória expressiva”.
Por fim, Paulo Moniz garantiu que irá trabalhar com todos os deputados eleitos na Assembleia da República, “desde que isso signifique um contributo decisivo para defender os interesses dos açorianos em cada momento”.
PS respeita escolha
Em reação aos resultados eleitorais das legislativas deste domingo, o cabeça de lista socialista pelo círculo eleitoral dos Açores deixou uma saudação aos açorianos pela afluência às urnas e firmou, uma vez mais, o compromisso de servir a região e os seus conterrâneos.
Francisco César congratulou os açorianos pela escolha e parabenizou a Aliança Democrática e seu cabeça de lista pelo círculo eleitoral dos Açores, Paulo Moniz, pelo resultado. Apesar de os números não terem correspondido às expectativas, o candidato sublinhou o profundo respeito perante a escolha que espelham. “Tenho sempre dito e volto a dizê-lo agora: o povo nunca se engana. Quando ganhamos e ainda mais quando perdemos.”, declarou, acrescentando “Para voltar a ganhar, é preciso trabalhar mais, é preciso respeitar a vontade de quem nos elegeu e fazer necessariamente melhor do que fizemos no passado.”
O candidato agradeceu a todos os envolvidos na campanha eleitoral e recordou a passagem por todas as nove ilhas do arquipélago, saudando o empenho constante em trazer sempre à agenda política assuntos que dissessem directamente respeito aos seus açorianos. “Quero dizer-vos, do fundo do meu coração, que tenho muito orgulho da campanha que fizemos, limpa, esclarecedora, centrada na vida e nos problemas das pessoas.”, sublinhou, lembrando alguns dos assuntos que mantém como prioritários e o trabalho que ainda há a ser feito para os melhorar.
Face a discursos derrotistas, Francisco César clarificou que este não é um fim mas sim um novo começo, o início de uma nova fase acompanhada de novos desafios mas sempre com o mesmo compromisso: “Não faltaremos à nossa palavra e não abdicaremos da nossa missão de defesa do nosso Povo e da melhoria das suas condições de vida.”, garantiu, acrescentando que “Só é vencido quem desiste de lutar e nós, socialistas, nunca desistiremos de lutar pela nossa Terra.”
Chega vai “gritar
o nome dos Açores”
O Chega, com 15,7% dos votos, foi a surpresa da noite eleitoral no país, mas também nos Açores, ao conquistar um lugar de deputado, o que não acontecia desde 1985, única vez em que um partido conseguiu “roubar” um dos cinco deputados, que eram sempre repartidos pelo PS e PSD.
Miguel Arruda, o cabeça de lista vitorioso do Chega, sublinhou o seu contentamento pelo resultado e prometeu que vai “gritar o nome dos Açores na Assembleia da República e ninguém vai fazer pouco dos Açores”.
Também José Pacheco, líder do Chega na região, manifestou a sua satisfação pelo resultado alcançado na região, dizendo que “daqui para a frente é continuar o trabalho e agradecer a todos os açorianos que confiaram em nós e dar-lhes a certeza que podem continuar a confiar no Chega”.
(Resultados e reacções nacionais na página 11)