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O grande amor do padre João Luciano por Ponta Garça

O padre João Luciano do Couto Rodrigues faleceu há poucos dias, aos 82 anos de idade, como é do conhecimento público. Era natural da freguesia de Ponta Garça, no concelho de Vila Franca do Campo, nesta ilha de São Miguel.
Já muito foi dito – e muito bem! – por vários amigos e familiares, realçando, nomeadamente, o seu bom trato, a sua disponibilidade e o seu bom humor.
Falei com o padre João Luciano algumas vezes e o que retive mais na sua personalidade multifacetada foi o seu grande amor a Ponta Garça. Um dia disse-lhe: “O senhor padre nunca foi pároco de Ponta Garça. Nunca pediu para ser ou nunca lhe confiaram essa missão?”. A sua resposta: “Apenas nunca calhou”.
“Mas sempre que qualquer pároco de Ponta Garça me solicitou alguma colaboração ou cooperação nunca deixei de comparecer e de ajudar”, acrescentou.
O padre João Luciano entrou no seminário Episcopal de Angra do Heroísmo aos 17 anos de idade, em 1959, e foi ordenado sacerdote em 1968. Muito sucintamente, esteve ligado às paróquias de Lomba da Fazenda, Relva, Covoada, Sete Cidades, São José e Nossa Senhora de Fátima. Esteve para ser pároco também na vila de Água de Pau, mas a sua mãe entretanto adoeceu gravemente e ele pediu ao bispo da altura para não o nomear para essa função, para poder acompanhar mais de perto a sua extremosa familiar. Penso que não estou a incorrer em erro.
Além disso, desempenhou funções directivas no ensino público e acumulou o ministério sacerdotal com a docência de Educação Moral e Religiosa em dois estabelecimentos escolares.
Mas Ponta Garça estava intrinsecamente no seu coração e no seu pensamento. Por isso, deslocava-se a título pessoal com alguma frequência a Ponta Garça, onde possuía, de resto, alguns bens herdados da sua prestante família e dos quais nunca se desfez, tanto quanto é do meu conhecimento.
Foi um homem culto e com grandes qualidades de orador. “O padre João Luciano sabe falar”, diziam habitantes de Ponta Garça, cujo povo lhe retribuía em amizade e consideração todo o grande amor que nutria por esta freguesia.
“Ter amor especial pelas nossas terras nunca foi, não é e nunca será pecado. É, sim, uma louvável virtude”, ouvi o padre João Luciano afirmar uma vez num ato público em Ponta Garça.
Após missa de corpo presente na bela e vetusta Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Piedade, foi, pois, com essa louvável virtude, entre outras, que o padre João Luciano, como era mais conhecido, foi sepultado no Cemitério de Ponta Garça, situado na Rua da Saudade. Ficou junto dos seus maiores, na terra onde precisamente nasceu e que tanto amou. Ele foi um exemplo, nomeadamente, para todos os pontagarcenses. E deixa um rasto de muita saudade, não só em Ponta Garça, como também em todos quantos o conheceram.

Tomás Quental Mota Vieira

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