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O nosso caminho começa agora, hoje

A pouco mais de um mês de celebrarmos os 50 anos da Revolução dos Cravos, o terceiro partido com maior representação na AR é símbolo daquilo que Abril veio derrubar.
A responsabilidade destes resultados é maioritariamente, dos dois maiores partidos democráticos, – PS e PSD – que têm governado o país, com maior destaque para o PS, porque governou mais tempo e acomodou-se em muitos aspectos. Todavia, isto deve-se a quê? Sobretudo, a alguma incapacidade, que nos últimos anos, o Partido Socialista teve para resolver os problemas que tocam mais fundo a vida dos portugueses, como a habitação, a educação, a saúde ou os salários ainda baixos. Fez muita coisa, mas ficou muito por fazer.
As pessoas que deram o seu voto a André Ventura não se identificam com a ideologia do seu partido nem com a maioria dos seus ideais (assim creio!), porém, este foi o partido que melhor capitalizou a revolta e o descontentamento daqueles que se têm sentido mal ouvidos, dos que se consideram desprezados pelo poder centralizado em Lisboa, daqueles que, perante o desespero e o sufoco dos problemas quotidianos, só encontraram alento nas palavras de Ventura.
Depois de uma maioria absoluta recheada de barafundas, o Partido Socialista acabou por ter um resultado que não o penaliza tanto quanto muitos desejariam ou esperariam. Contudo, perdeu as eleições, restando-lhe, como afirmou Pedro Nuno Santos na noite eleitoral, ser a voz firme da oposição, pois, citando o militante nº 1 do PS, o Secretário-Geral afirmou que, “só é vencido quem desiste de lutar e nós não desistimos”, enfatizando o facto de o partido iniciar agora um novo caminho.
O Partido Socialista precisa desta audácia e determinação, bem como do confronto de ideias e de projectos. Todavia, para o fazer com eficácia, tem necessidade de sair ao encontro das necessidades reais das pessoas, para compreender os motivos do seu descontentamento. E isto só é possível saindo à rua para escutar as pessoas. Todas!
Em Pedro Nuno Santos está depositada uma nova confiança. É o primeiro Secretário-Geral do Partido Socialista, nascido depois de Abril de 1974. Como tal, tem obrigação de compreender que hoje, um jovem até aos 30 anos, já não encara o 25 de Abril e os seus valores como algo que lhe é próximo. 50 anos é muito tempo e o PS tem de empreender uma renovação. No modo de actuar, procurando escutar cada vez mais as pessoas, particularmente os mais jovens, encontrando soluções criativas para tal, para não correr o risco de se enfraquecer, à medida que vão desaparecendo as gerações mais velhas. Só assim se pode tornar atrativo para os jovens, sendo necessária a renovação das suas fileiras. Quando se fala na importância de dar lugar aos mais novos, é mesmo imperativo que tal aconteça, sem medos, gradualmente. Nas grandes decisões, têm de ter parte os que forem mais capazes, de Norte a Sul, do Interior ao Litoral, com destaque para os Açores. Também aqui, é tempo de surgirem novos protagonistas. Audazes, combativos, defensores da autonomia, dos direitos e das liberdades dos cidadãos, que queiram trabalhar em prol da região, lutando por uma sociedade mais igual, livre e fraterna.
É tempo de renovar. Convoquem-se eleições para as várias concelhias, desencadeie-se o processo para a escolha do novo líder do PS/A, definam-se estratégias para chegar aos jovens, ainda nas escolas, e procurem-se pessoas de várias origens sociais e profissionais, capazes de desempenharem as mais variadas funções, tendo memória agradecida para com aqueles que serviram e têm servido o PS/A e os açorianos, pois o PS/A será um partido com futuro, se souber honrar o seu passado.
Os militantes do Partido Socialista, não raras vezes, perante as grandes adversidades, recordam o slogan de Mário Soares – “quanto mais a luta aquece, mais força tem o PS”. Veremos que força terá, já que a luta está bem quente.

Adriano Batista *

  • O autor escreve de acordo com a antiga ortografia
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