Temos todos de estar satisfeitos. Os portugueses acorreram ao apelo. E votaram. Votaram por um futuro que se deseja melhor. Não podemos esperar melhor, se não fizermos a parte que nos cabe. E embora isto possa parecer proselitismo, efetivamente não o é. É trabalho de equipa e respeito pelas regras básicas da democracia. Se durante anos, a esquerda andou equivocada relativamente ao que seria melhor para a causa pública e coletiva, ao menos agora, deixem espaço para que a direita, de forma livre e legítima, desenvolva as suas propostas para a sociedade.
Mas o que saiu da noite eleitoral de dez de março foi muito mais do que a viragem do país à direita. Portugal despertou para um fenómeno que minava a democracia desde há muito tempo. A ideia de que a esquerda é a única via para conduzir os destinos de um povo. Esse complexo de superioridade da esquerda, praticado a nível intelectual, mas também social, tem cabimento apenas quando o regime é egoísta e não promove a distribuição da riqueza de forma justa e equitativa. A esquerda, sobretudo a mais radical, parece perdida numa espiral de contradições e conspirações, que lhe retira confiabilidade e credibilidade.
E nem digam, como gostam de dizer, que Abril é de esquerda. Não é. É de todos.
Luís Soares Almeida*
*Professor de Português
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