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Flores Turismo 2013 Parte 4 (I)

4.1.
O sol ainda mais belo, num céu quase desprovido de nuvens para mais um glorioso dia de férias nas Flores, dia em que finalmente nos faremos à estrada para conhecer os seus mil e um recantos encantadores.
Saindo de Santa Cruz fomos ao Monte e visitamos o parque florestal de recreio Paulo Camacho, antiga Reserva Florestal de Recreio da Fazenda de Santa Cruz. Ali vimos gamos, faisões de oito subespécies diferentes, galinholas, codornizes, pavões, melros, patos, gansos, coelhos e várias árvores nativas e algumas invasoras, devidamente assinaladas. Havia também um viveiro de truta arco-íris. Um local extremamente bem tratado, com amplas facilidades para piquenique e para crianças, apenas a uns minutos de Santa Cruz.
Descemos à Ponta Ruiva, numa estrada nova, curiosamente marcada a tinta branca no pavimento, com dizeres alusivos aos abusos do Presidente da Junta. Esta manifestação pictográfica prolongava-se por centenas de metros listando todos esses alegados abusos. Uma forma deveras original de fazer campanha eleitoral. Subimos então aos Cedros (mais um nome que se repete de ilha para ilha, numa total falta de originalidade toponímica) sem nada a assinalar exceto o facto de podermos ver bem como era delgada a Ponta Delgada das Flores, numa fajã que se estendia até ao Farol (da Ponta) de Albernaz construído em 1925, aparentando muitas semelhanças com o derrocado Farol da Ribeirinha no Faial, atingido pelo sismo de 1998, embora este tivesse apenas um piso e uma bela espraiada vista sob a costa oeste. Uma criança bem pequena deliciava-se numa minipiscina transparente, enquanto o resto do pessoal em serviço, se mantinha circunspeto impedindo que os abeirássemos e lhes pedíssemos autorização para uma visita a um dos faróis mais ocidentais.
Dali se avistava o ilhéu de Maria Vaz, antes de se começar a subir uma estrada de terra batida rumo ao Pico da Burrinha. A estrada marginava a caldeirinha, uma pequena lagoa perto da Vigia da Rocha Negra…descemos depois pela Estrada dos Morros rumo às Fajãs. Dado ser hora de almoço rumou-se à Fajãzinha, onde há 18 meses ocorreram trágicos desabamentos de terras e inundações, causadas pela Ribeira Grande, sendo bem visíveis as derrocadas ocorridas do miradouro Craveiro Lopes, por cima de cinco ou seis quedas de água magistrais que alimentam a Ribeira do Ferreiro e Ribeira Grande.
Na Fajãzinha fomos até junto ao mar para experimentar o afamado Restaurante Pôr do Sol, com uma decoração típica, recheada de instrumentos e artefactos da primeira metade do século passado, desde telefones a ferros de brunir, lamparinas, rádios, etc. Excelente e saborosa comida com vista que promete inolvidáveis momentos a observar o pôr-do-sol. O preço de 14.00€ PAX foi apropriado ao ambiente e comida.
Após o almoço, vista a minipraia rochosa, regressamos à estrada e desviamos para a recuperada Aldeia da Cuada, maior do que se imaginava, um lugar à medida do isolamento da Ilha das Flores. Abandonada nos anos 60 quando os seus habitantes emigraram para a América, a Aldeia foi recuperada por Teotónia e Carlos Silva que sabiamente ali se estabeleceram fazendo a ligação entre passado e presente, recuperando a traça rural das casas de pedra e adaptando-as às atuais necessidades de modernismos como eletricidade e casas de banho. Está rodeada de loureiros com o perfume adocicado da cana roca. Existem mais de dezena e meia de casas recuperadas espaçadas por entre calçada e caminhos de terra. Aldeia ecológica, privada, com a proibição de fumar dentro dela. Por isso, não me pude demorar muito…

Dali partimos para a Fajã Grande que impressionou por ser bem maior, bem pintada e tratada, muitas casas em bom estado de conservação, mansões modernas e uma avenida à beira-mar, rodeando uma enorme extensão de lava negra como a do Pico (junto ao Cachorro e Lagido), cobertas de pequenos pontos verdes de plantas que teimaram em crescer no seio da própria rocha. Também de rocha era a praia sem areia. De seguida, rumo a Mosteiro com casas cheia de arcos e pouco mais de realce, para logo após sermos confrontados com o impacto da magistral Rocha dos Bordões, uma formação geológica, caraterizada por enormes colunas de basalto, localizado no sítio denominado por Cabo Baixo das Casas. Trata-se de um imponente acidente geológico único do seu género nos Açores, que se carateriza pela solidificarão da rocha basáltica em altas colunas prismáticas verticais de forma alongada. Por estas rochas basálticas descem vários cursos de água que à medida que vão descendo a formação geológica se juntam para dar forma a uma queda de água.
Junto do sopé desta formação existe outra singularidade geológica a que foi dado simplesmente o nome de Águas Quentes, que são na sua essência caldeiras ferventes de água sulfurosa de pequena dimensão. Estávamos em pleno coração da ilha, com a Caldeira Funda e a Caldeira Comprida, seguidas da Caldeira Seca e da Caldeira Branca. O Vale do Pico dos Sete Pés impressiona. Aliás, esta ilha cuja altitude máxima é de 915 no Morro Alto, deixa a sensação de ter a maior parte das suas belezas lá nas alturas, por vezes, assustadoras com estradas estreitas orlando descidas a pique para o mar… Passámos pela Testa da Igreja, um acidente geológico a 812 metros de altitude perto do Pico da Sé, Morro Alto, Pico da Burrinha e Pico dos Sete Pés. Ali nasce a Ribeira de Badanela. As Flores são uma ilha bem altiva, maior do que parece pelas suas dimensões, majestosa nos seus vales e sobranceira nas suas elevações. Descemos de novo aos Cedros quase sem se perder de vista o Corvo.
Enquanto escrevia chegava o barco que ontem nos levou ao Corvo e apetecia perguntar-lhes, “viram algum golfinho ou cetáceo?” … decerto que não, publicidade enganosa…Vinha também uma pequena traineira lançar as redes numa enseada em frente ao Hotel para de manhã voltar, recolher o peixe pequeno que servirá de isco para o atum. Antes de nos deitarmos, bandos de cagarros cantavam a sua melopeia estranha e nós resolvemos fazer uma experiência e colocamos o som de uma gravação dos cagarros de Santa Maria na varanda, mas os resultados foram o oposto do desejado. Amedrontados, os cagarros desapareceram todos silenciosamente desta ameaça gravada. Seria isto sintoma de que não entendem a fala dos de Santa Maria? Seria por temerem outros bandos que não reconheciam? A dúvida fica para um ornitólogo resolver. Ao jantar, repetimos o Boston Hambúrguer onde pagamos 5,65€ PAX.

Continua…

Chrys Chrystello*

*Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713

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