“Trumpinoma” é um termo que, de uma forma criativa, descreve a malignidade ou impacto negativo que muitos sectores, americanos e internacionais, associam à figura de Donald Trump. “Trumpinoma” combina Trump, referindo-se a Donald Trump, com carcinoma, uma forma de cancro, sugerindo que a presença ou influência de Trump é percebida como uma doença maligna na sociedade.
E, de facto, assim é.
A presidência de Donald Trump foi polarizadora, com opiniões divergentes sobre suas políticas e seu estilo de liderança. O seu governo foi sempre marcado pela truculência e autoritarismo, como estilo, e por debates intensos e controvérsias em muitas áreas, tanto a nível nacional como internacional.
Trump é uma figura política única que influenciou significativamente o cenário político nos Estados Unidos durante seu mandato e que continua a desempenhar um papel importante na política do país mesmo após deixar o cargo. O que é extraordinário, tendo em conta a miríade de processos ~judiciais em que está envolvido, quer de carácter económico quer criminal.
Apesar desses processos e das indeminizações astronómicas a que já foi condenado (a última ultrapassa os 400 milhões de dólares!) e acções criminais que estão a decorrer, Trump será o candidato republicano às próximas eleições presidenciais. Objetivamente, conseguiu sequestrar, completamente e de forma disruptiva, o partido republicano que sendo um partido conservador, era um partido democrático com figuras de relevo, quer no plano político quer no plano intelectual.
Embora inteligente e com um claro charme popular, Trump nunca foi dado à cultura e às práticas intelectuais. Teve, Steve Bannon ,como assessor e conselheiro que moldou e estruturou o seu pensamento político e ao qual ele soube dar o colorido de um populismo de circo com a sua figura histriónica de cabeleira loura e esvoaçante, num estilo profundamente egocêntrico e exibicionista.
Steve Bannon emergiu como uma das figuras mais influentes e controversas na política mundial recente, justamente pelo seu papel como conselheiro-chefe de Donald Trump. Tendo as suas ideias e estratégias, sido fundamentais na remodelação do cenário político, não apenas nos Estados Unidos, mas globalmente.
A ideologia de Steve Bannon é uma mistura de nacionalismo econômico, populismo de direita, anti-globalização e conservadorismo cultural. Ele defende um mundo onde as nações valorizam seus próprios interesses econômicos e culturais acima da globalização e do cosmopolitismo. Critica veementemente as elites políticas e econômicas, acusando-as de trair os interesses do “povo comum” e promover políticas que beneficiam a globalização em detrimento da soberania nacional.
Bannon demonstrou um profundo entendimento do poder dos meios digitais e da comunicação estratégica para mobilizar bases eleitorais. Tendo utilizado, uma combinação de narrativas populistas e nacionalistas, para captar e amplificar o sentimento de descontentamento entre grandes segmentos da população. Demonstrando mestria na utilização dos meios de comunicação para disseminar essas ideias, reformulou o guião político tradicional, destacando a eficácia de abordagens não convencionais na era digital. Coletando um exército de seguidores na Europa e no nosso próprio país.
A capacidade comunicacional de Trump, a iliteracia política e cultural de largos sectores da sociedade americana e a cobardia do partido republicano (em pânico por perder o poder) fizeram o resto. Estando a sociedade americana a ser abalada nos seus alicerces democráticos e no seu papel como guardião da liberdade.
O “Trumpinoma” invade o corpo da nação americana como as células cancerosas invadem o corpo humano. Pelo que apenas uma grande união da nação americana, amante de liberdade, poderá suster uma vitória de Donald Trump que poderá precipitar um conflito mundial, porque dele nunca poderemos esperar diálogo e contenção. Um homem que ameaça, publicamente, o seu povo com um banho de sangue se perder as eleições, é mesmo capaz de tudo.
Perigo a levar muito a sério, tendo em conta o seu comportamento, face à anterior derrota.
Antonio Simas Santos