O presidente da República, o primeiro-ministro português e os dois governos da Madeira e dos Açores, são todos da mesma cor política. Isto levaria a crer a qualquer de nós – açorianos – que agora as relações políticas entre os executivos irão decorrer como ouro sobre azul…!
Todos os dossiês parados em São Bento, alguns de extrema importância, irão ver a luz do dia desta vez?
A construção de uma nova cadeia, cuja espera tem décadas. As condições sub-humanas a que estão sujeitos os seus residentes. A falta de consistência na atribuição de verbas devidas à Universidade açoriana; As verbas para as obras do porto das Lages das Flores desde 2019 e tantas outras situações maldosamente abandonadas e menosprezadas pelo governo socialista de Lisboa na última década. A lista já vai longa e lembra aos mais velhos, o abandono a que eram expostas as “ilhas adjacentes” do antigo regime salazarista.
Agora que estamos a comemorar meio século da Liberdade que pariu a Democracia que, graças a Deus, usufruímos, será oportuno remarcar que se não for desta, nunca o será.
Aquilo que ouvimos da boca do novo primeiro-ministro português Luís Montenegro na apresentação do seu programa de governo no parlamento, faz-nos renovar as esperanças novamente e pensar que o homem é suficientemente íntegro para cumprir o que disse.
Por outro lado e da parte de José Manuel Bolieiro, presidente do governo açoriano, assistimos a uma amizade sincera que nos leva também a acreditar que a máquina vai entrar em velocidade de cruzeiro com todos os interessados. Para benefício de todos.
Benefício da integridade do país português, estado de Direito, que assume as suas responsabilidades perante as autonomias; Benefício dos territórios rodeados de isolamento por todos os lados, mas que podem resolver os seus problemas sozinhos, se imperar o direito à sua autodeterminação.
Portugal deve muito e cada vez mais aos Açores e à Madeira, porque com a sua possessão quinhentista, assenhora-se do maior hidrotório da Europa, cuja imensa riqueza submarina por explorar, muito trará aos vindouros.
Tudo o que seja investido nos Açores, nunca será dinheiro mal gasto, nunca serão pérolas deitadas aos porcos. O retorno adivinha-se muito risonho para todos.
O que não podemos tolerar por mais tempo, é o ostracismo maldoso dos governos centralistas para com as suas colónias insulares.
Infelizmente, há ainda muitos espíritos putinistas no retângulo ibérico, que vivem nas luzes, apagadas há muito, do imperialismo absoluto.
A juventude que agora faz parte da maioria dos membros do governo de Luís Montenegro, não viveram o 25 d’abril de 1974. São os filhos e filhas dessa geração e neles o país deposita as melhores esperanças.
Merecem, por agora, o benefício da nossa dúvida. Vamos dar algum tempo e ver os resultados em prol destas Ilhas que tantas vantagens oferecem a Portugal.
José Soares*