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Concerto da Sinfonietta de Ponta Delgada no Teatro Micaelense

O último quartel do século XIX foi uma época marcada pela grandiosidade musical, principalmente pelas figuras que o representaram e que o fizeram prosperar. O programa do próximo concerto da Sinfonietta de Ponta Delgada é a concretização desta ideia. Pela mão do maestro napolitano Francesco Ledda, o pianista Luigi Borzillo e a Sinfonietta de Ponta Delgada no próximo dia 20 de Abril o Teatro Micaelense recebe um concerto de verdadeira excelência. Estaremos perante duas das obras mais representativas e complexas do seu género. Do compositor Franz Schubert ouviremos a Sinfonia nº 5. E de Ludwig Van Beethoven o majestoso concerto nº 5 para piano e orquestra.
O Concerto para Piano nº 5, popularmente conhecido como “Concerto Imperador”, foi o último concerto para piano completo escrito pelo compositor alemão, entre 1809 e 1811. Ao mesmo tempo que escrevia o seu 5º concerto, terminava trabalhos como as Sinfonias nº 6 e 7 e a Fantasia Coral.
Apesar do nome “Imperador”, a obra foi dedicada ao Arquiduque Rudolf da Áustria, patrono e aluno de Beethoven. A primeira apresentação do concerto aconteceu a 13 de Janeiro de 1811 no Palácio do Príncipe Joseph Lobkowitz, em Viena. Ludwig, cujo a perca de audição se encontrava num estado avançado, não desempenhou o lugar de solista.
Beethoven nunca teve simpatia por imperadores. A Sua terceira Sinfonia, hoje conhecida como “Heroica”, foi dedicada, inicialmente, a Napoleão Bonaparte, na época em que o francês lutava contra os impérios europeus e na visão de Beethoven, incorporava os ideais da Revolução Francesa. Mas, quando se autoproclamou Imperador da França, em Maio de 1804, o inconformado compositor revoltou-se, foi à mesa onde estava a obra já pronta, pegou na partitura e riscou onome Bonaparte tão violentamente que rasgou o papel. Mais tarde, em 1806, quando a sinfonia foi finalmente publicada, Beethoven a renomeou como Sinfonia Heroica, composta “per festeggiareIlsovvenire d’ungrand’uomo” (para celebrar a memória de um grande homem), e dedicou-a ao seu mecenas, o Príncipe de Lobkowitz.
Grande parte do encanto do Concerto Imperador está no embate entre heroísmo e delicadeza. Os diálogos entre orquestra e piano são exuberantes, e uma importante dimensão dessas trocas consiste nos contrastes entre a apresentação de temas grandiosos na orquestra e sua repetição delicada ao piano. O concerto é um misto de grandiosidade, virtuosismo e intimidade, em que não há dúvidas sobre o protagonismo do solista.
No começo do primeiro andamento, a orquestra executa o primeiro acorde, o piano interrompe este acorde introdutório para executar uma breve cadência. Esse surgimento do solista, tão incomum para as composições da época, repete-se por mais duas vezes até que, finalmente, ele cede lugar à orquestra para que ela apresente os seus temas.
O segundo andamento foi considerado por Hector Berlioz como o melhor modelo de interacção entre piano e orquestra. É sublime e intemporal e cuja angústia e a beleza só se resolvem com a chegada do terceiro andamento.
Franz Schubert, compositor alemão, não ficou conhecido como um grande interprete, não ocupou durante a sua vida cargos musicais oficiais. Ainda assim, contra a vontade do pai, abandonou uma carreira no ensino para dedicar-se exclusivamente à composição. Apesar do seu intenso trabalho, Schubert nunca foi reconhecido publicamente.
A Sinfonia nº 5 divide-se em quatro andamentos. O allegro apresenta um interessante e complexo jogo contrapontístico. O tema do andante com moto tem um ambiente pastoral e traz um memorável dueto entre cordas e madeiras. O minueto é uma homenagem musical ao terceiro andamento da sinfonia nº 40 de Mozart, umas das obras preferidas de Schubert. O allegro vivace final estabelece um contraponto das cordas com os sopros. Sinfonia escrita quando o compositor tinha apenas 19 anos, esta é uma obra que sintetiza as várias aquisições técnicas do compositor.
Franz Schubert morreu jovem e doente, sem nunca ter visto o seu trabalho reconhecido. Apreciador da música de Beethoven, consta que nunca se conheceram em vida. Prestou a sua homenagem ao compositor, acompanhando-o no funeral e levando-o nos seus ombros. O seu último desejo foi repousar ao lado de Ludwig van Beethoven. Assim foi. Repousam agora lado a lado na cidade de Viena.
Neste concerto celebra-se a vida e a música de dois dos compositores de renome e de incontornável importância para a História da Música Ocidental.

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