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Como eu vi e gostei da ilha de São Jorge (2008-2016) Parte 1

“A expetativa era grande pois fora um ano difícil para todos, com muito trabalho e algumas preocupações para além das normais contrariedades quotidianas. São Jorge em honra do santo do mesmo nome, tem nome anterior à descoberta pelos portugueses.”

Não fosse o inesperado desaparecimento da minha mulher em janeiro, este era o ano em que iríamos, no verão, passar mais uma semana na ILHA-CHARUTO, pelo que aqui recordo as visitas anteriores.

  1. São Jorge – Intro
    Estou a ficar mais eremita e raramente saio do meu “castelo”, nome pomposo que Daniel de Sá deu à “falsa” onde tenho o escritório com vista para as vacas alpinistas e costa até à Bretanha. Por outro lado, tenho a satisfação dum dever enorme cumprido: ter acabado o “livro da vida” como afetuosa e afetivamente o chamo. Trata de tudo e de nada, uma ficção histórica narrativa sem heróis nem moral, poderia ser uma lenda ou um diário de bordo de muitas viagens e de muitos anos nos mares salgados que tantas lágrimas e fel deram. Em agosto de 2008 ainda o mês não acabara quando decidi ter direito às merecidas férias partindo para São Jorge com pouca bagagem e as instruções do Onésimo [Almeida]:
    Não se esqueça de subir ao Pico da Esperança, aonde muito pouca gente vai. É seguramente uma das mais belas vistas dos Açores E vá à Caldeira do Santo Cristo. Não fui desta vez, mas dizem-me que já não é preciso descer a pé da Serra do Topo. Vai-se de carro até à Fajã dos Cubres (descida mais íngreme que a do Lombo Gordo no Nordeste ou a do Salto da Farinha, nos Fenais da Ajuda, mas vale a pena).
    De lá, vai-se numas motorizadas até à caldeira. Antigamente ia-se a pé – uma hora, mas um bocado menos que a descida da Serra do Topo. As Fajãs de S. João e dos Vimes são uma bela descida.
    O farol dos Rosais (cuidado, que é perigoso, pois tem fendas) é ótimo ao pôr-do-sol, com a vista do Pico e Faial. Para banhos, a Fajã Grande, na Calheta, o porto das Manadas são os nossos favoritos.
    Um passeio da Calheta ao Topo em dia claro oferece um verdadeiramente belo panorama sobre a ilha do Pico. Se conseguir um passeio de barco à volta do morro das Velas verá rochas impressionantes.
    A expetativa era grande pois fora um ano difícil para todos, com muito trabalho e algumas preocupações para além das normais contrariedades quotidianas. São Jorge em honra do santo do mesmo nome, tem nome anterior à descoberta pelos portugueses. O descobrimento e povoamento estão envoltos em mistério. A primeira referência é 1439. Por 1470, quando já existiam núcleos de colonos nas costas oeste e sul e a povoação de Velas fora fundada, veio para a ilha o nobre flamengo Wilhelm Van der Haegen, que, no Topo, criou uma povoação, onde veio a morrer com fama de grandes virtudes, já com o nome convertido para Guilherme da Silveira. Rápido deve ter sido o povoamento da ilha, com gentes do norte do continente, bem como a sua prosperidade, pois a capitania era doada, em 1483, a João Vaz Corte Real, donatário de Angra, e Velas recebia foral de vila antes do final do séc. XV.
    “Ora desde que temos aquellas cartas, que precisam tão claramente a data em que el-rei mandou povoar as ilhas dos Açores, e isentou os seus moradores que estão e vivem n’ellas da dizima, é evidente que a ilha de S. Jorge, no anno de 1439, estava descoberta e em 1443 havia n’ella habitantes. Semelhantes factos destroem as differentes opiniões sobre a descoberta e povoação, depois de 1450, que o auctor sr. J. Duarte menciona nos seus apontamentos, referindo-se a outros escriptores. Estas ilhas foram mencionadas na Livraria Laurentina, de Florença, em grupos distinctos, dando-se ahi ao grupo de S. Jorge, Pico e Fayal, a designação de Insule de Ventura Sive de Columbis (Diccionario de Geographia Universal, 1.0 vol. Pág. 16, art.º Açores).
    E no mapa catalão de 1375 teve a ilha de S. Jorge a indicação de San Zorze, significativa do dia do seu descobrimento. (Archivo dos Açores, vol. X Pág. 279).Parece, pois, que os portuguezes do seculo XV não foram os que lhe deram o nome e que d’estas ilhas já tinham conhecimento pelo infante D. Henrique, que os mandou navegar para estas paragens. É por tanto de presumir que o nome dado à ilha de S. Jorge, proveio do mappa catalão de 1375, onde foi designada por San Zorze, allusivo ao dia do seu descobrimento, ou então é uma coincidencia muito notavel a descoberta feita pelos portuguezes em egual dia, 23 d’abril.”
    O primeiro documento sobre o povoamento de São Jorge é do testamento do Infante Dom Henrique, falecido em 1460, que diz: “…ordenei e estabeleci a igreja de S. Jorge na ilha de S. Jorge”. Os primeiros povoadores, provavelmente, entraram na ilha na década de 1460. João Vaz da Costa Côrte-Real, seu donatário a partir de 1483, esforçou-se pela sua colonização. Era também donatário de Angra. Oficialmente foram criadas três vilas em São Jorge: Velas (1500), Topo (1510) e Calheta (1534).
    Mal chegámos havia uma carrinha dita shuttle a fazer o “transfere” (sic) do aeródromo para a Vila numa curta viagem de seis ou sete minutos, por entre escarpas alcantiladas sobre o mar e uma planície de sedimentação entre dois morros vulcânicos já parcialmente no mar. O aluguer de carros pertencia ao hotel S. Jorge Garden onde ficamos e rapidamente cumprimos as poucas burocracias (estava tudo pago e acordado).
  2. Chrys Chrystello*

*Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713

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