Edit Template

A ingratidão de Luís Montenegro

A escolha dos candidatos do PSD para o Parlamento Europeu é uma desqualificação para o PSD-Açores e para José Manuel Bolieiro, que não conseguem impor o seu candidato em lugar elegível.
Mas, mais grave, é a desqualificação das Regiões Autónomas por parte de Luís Montenegro, porquanto coloca em pior lugar do que os Açores a candidata da Madeira, varrendo por completo a representação das autonomias regionais em lugares elegíveis.
Isto é grave para o PSD, sabendo-se que, historicamente, foi o partido que esteve sempre ligado à defesa das autonomias regionais.
Luís Montenegro e os seus amigos que dominam o aparelho em Lisboa seguem, assim, a atitude revanchista de Rui Rio, que já tinha recusado, nas eleições anteriores, uma posição elegível a Mota Amaral e até desprezou os açorianos, dizendo que os nossos votos “valiam pouco”.
É uma atitude surpreendente, porque o candidato do PSD-Açores, Paulo Nascimento Cabral, é de longe um dos mais bem preparados, pela sua experiência em Bruxelas nos últimos anos, quando comparado com os candidatos elegíveis.
Este episódio fragiliza os líderes regionais do PSD e prenuncia, eventualmente, um relacionamento que vai ser difícil entre Luís Montenegro e os governos regionais, sabendo-se que temos pela frente a discussão de dossiers complicados entre os governos das regiões autónomas e o da república, nomeadamente a revisão da Lei de Finanças Regionais.
Em última análise é, também, uma ingratidão por parte de Luís Montenegro, que se colou à estratégia de Bolieiro nas últimas eleições regionais, passou a noite eleitoral ao seu lado e até foi o primeiro a discursar, tirando daí dividendos para a sua estratégia nacional.
Corremos o risco de estar a assistir ao nascimento de mais um centralista em Lisboa, com a agravante de este ser menos preparado do que António Costa.
Repare-se: Montenegro varre as regiões autónomas, coloca em lugares elegíveis autarcas continentais que são ilustres desconhecidos e mete em cabeça de lista um jovem que tem como único mérito ser comentador político!
É uma estratégia desastrosa.
Se o PSD-Açores aceitar esta humilhação sem ripostar, vai sofrer consequências ainda piores.
Alberto João Jardim, no colóquio em que participou com Mota Amaral, segunda-feira, em Ponta Delgada, deu uma lição de estratégia política que os sociais-democratas açorianos deveriam aprender: quanto mais nos agachamos a Lisboa, mais desprezados som
****

Quanto ao PS-Açores, é o grande vitorioso desta primeira contenda europeia e deve estar a esfregar as mãos de contente com a derrota do PSD-Açores.
Graças à estratégia mais inteligente do PS, vamos ter um deputado açoriano no Parlamento Europeu.
E a surpresa aqui é que, quando menos se esperava, devido à recusa de Vasco Cordeiro em candidatar-se, o PS não só mantém o lugar elegível que já tinha atribuído anteriormente ao saudoso André Bradford, como ainda coloca o candidato da Madeira em melhor posição do que o da lista do PSD.
Revela uma estratégia mais inteligente e mais consistente do ponto de vista dos seus candidatos, com uma representatividade e notoriedade muito maior do que a lista do PSD.
A outra surpresa é a recusa de Vasco Cordeiro em candidatar-se naquela lista, sabendo-se agora que tinha um lugar elegível à sua disposição.
Ou será que lhe tinham oferecido outro lugar menos elegível?
Só ele poderá esclarecer, pelo que, até lá, toda a especulação é possível, inclusivé sobre o futuro de Vasco Cordeiro, que também não quis continuar como líder do grupo parlamentar e deixa a liderança do partido.
O ainda presidente do PS-Açores está a deixar caminho livre ao seu sucessor (o que é uma atitude muito digna), como agora se vê na escolha do candidato do PS-Açores às europeias e a posição que ocupa na lista, em que a mão de Francisco César está lá, com toda a naturalidade de quem se prepara para assumir a liderança do partido nos Açores.
Ainda não assumiu o cargo e já pode cantar uma primeira vitória em toda a linha.
Resta saber se Vasco Cordeiro está mesmo a deixar caminho livre sem pensar em regressar, ou se pretende fazer uma travessia no deserto, por agora, para regressar mais tarde, se as coisas correrem mal ao PS-Açores.
Uma nota final para a atitude corajosa da Iniciativa Liberal em colocar os candidatos dos Açores e da Madeira imediatamente a seguir ao cabeça de lista.
Eis um gesto que devia fazer reflectir os dois maiores partidos portugueses, que gostam de falar em unidade nacional e reclamar as suas tradições autonómicas.
Uma lição exemplar do partido de Nuno Barata.

Osvaldo Cabral
[email protected]

Edit Template
Notícias Recentes
Arcebispo de Boston traz grupo de 40 emigrantes peregrinos para as Festas do Senhor Santo Cristo
Há mais jovens a pedir empréstimos para habitação nos Açores
SATA está a recrutar tripulantes de cabine para base de Ponta Delgada
Prisão Preventiva para suspeito do crime de violência doméstica na Povoação
Jovens de Ponta Delgada distinguidos no âmbito do programa The Duke of Edinburgh’s International Award
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores