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Como eu vi e gostei da ilha de São Jorge (2008-2016) Parte 2

“Após as obrigatórias fotografias ao estranhamente diferente ilhéu do Topo, com vista para a Terceira, regressamos pela espinha dorsal da ilha, detendo-nos e descendo à Fajã de S. João, viagem que fez suster a respiração e obrigou à ladainha de preces inventadas para que nenhum outro carro se cruzasse connosco na subida ou descida. As súplicas foram ouvidas e saímos de lá numa viagem só…”

Mal chegámos havia uma carrinha dita shuttle a fazer o “transfere” (sic) do aeródromo para a Vila numa curta viagem de seis ou sete minutos, por entre escarpas alcantiladas sobre o mar e uma planície de sedimentação entre dois morros vulcânicos já parcialmente no mar. O aluguer de carros pertencia ao hotel S. Jorge Garden onde ficamos e rapidamente cumprimos as poucas burocracias (estava tudo pago e acordado).
Fomos almoçar a um snack-bar chamado Café do Jardim na bem cuidada e manicurada Praça da República e depois fomos ao único hipermercado da ilha duma cadeia local que acabou por se revelar uma surpresa. Os preços eram consistentemente mais baixos do que em São Miguel. A diferença era grande em muitos itens importados. Tínhamos já pão fresco e acompanhamentos para os nossos piqueniques de almoço.
Depois o meu filho saltou para a piscina donde veio, já com guelras, arranjar-se para jantar. Fiquei impressionado com ele, nada bem em mais do que um estilo e sem medo. Aprendeu sozinho como já aprendera a andar de bicicleta e computação. Não sai ao pai, que aos 12 anos ainda berrava ao molhar os pés numa poça da piscina de Espinho com medo… ao ponto de o instrutor de natação se recusar a dar-me mais aulas, pois eu era um caso perdido. Eventualmente perdi o medo e aprendi a nadar, mas só me sentia tranquilo nas quentes águas (30 °C) na praia da Areia Branca em Díli, Timor ou em Bali onde fiz bodysurf…
Fomos dar uma volta pelo Farol da Ponta dos Rosais, pela estrada de terra para melhor apreciar a vista da zona com declives suaves, quase harmoniosas colinas descendo calmamente da serra Figueiras. Acabamos por descobrir uma estrada melhor e exploramos várias proporcionando belas vistas e melhores fotografias.
Para jantar decidimos ir ao Açor indicado como sendo um dos melhores sítios, mas não necessariamente o mais barato. Gostamos e comeu-se bem, a carne uma delícia… ainda não me habituei à carne dura que se come na maior parte dos locais em São Miguel…
Nos dois dias seguintes fizemos mais de 300 quilómetros. Primeiro, toda a costa sul com paragem no Miradouro da Ribeira do Almeida sobranceiro a Velas e onde se pode ver a enorme fajã que é. A paragem foi prolongada na Queimada (onde fica o pequeno aeródromo), com minúsculo e belo porto e uma grande igreja além de capelas interessantes, o mesmo se podendo dizer de Manadas. Na Urzelina vimos a Furna das Pombas, um tubo de lava talvez originada pela erupção histórica de 1808, mas ainda não explorada em profundidade. Sabe-se que se estende por mais de 100 m., podendo uma parte deste percurso ser percorrido num barco pequeno de preferência no verão, durante a maré baixa e com mar calmo. Como é de origem vulcânica basáltica apresenta maciças paredes de rocha basáltica repletas de saliências que grandes bandos de Pombo-das-Rochas utilizam como local de nidificação e abrigo.
Depois no miradouro da Fajã das Almas e Biscoitos paramos para um café antes de descermos à Calheta. Uma vila sem grande interesse que se prolonga por quilómetros ao longo de estreita via. As igrejas merecem algum destaque tem apenas uma pequena residencial e faltam de minimercados e lojas. O mais curioso é o centro de saúde ficar lá no alto e a população viver cá em baixo nas Calhetas, longe e de difícil acesso a pé… Adiante, até ao Topo, que por acaso fica no fim da ilha, parando no Miradouro das Pedras Brancas, reabastecendo a viatura em Santo Antão. Antes de ir ao farol (onde a grade sempre fechada convidava os forasteiros a não entrar) fomos apreciar o pequeno porto de pesca onde mal dava para inverter a marcha. Após as obrigatórias fotografias ao estranhamente diferente ilhéu do Topo, com vista para a Terceira, regressamos pela espinha dorsal da ilha, detendo-nos e descendo à Fajã de S. João, viagem que fez suster a respiração e obrigou à ladainha de preces inventadas para que nenhum outro carro se cruzasse connosco na subida ou descida. As súplicas foram ouvidas e saímos de lá numa viagem só…

Chrys Chrystello*

*Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713

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