A comemorar 130 anos de existência, a Sociedade Musical Sagrado Coração de Jesus do Faial da Terra realizou a segunda edição do concerto “Desafios”, no dia 26 de Abril, no qual foi executado um repertório de grau mais elevado, na igreja paroquial de Nossa Senha da Graça, perante uma plateia rendida. No âmbito destas comemorações, que se irão estender ao longo do ano, já tinham sido também apresentadas a segunda edição do projecto Ressurection com o concerto “Mater Salvatoris”, realizado, pela primeira vez, na igreja doFaial da Terra, a 31 de Março, repetindo-se depois na igreja da Lomba do Loução e no Sábado de Pentecostes será na Matriz da Povoação.
No que diz respeito ao programa das comemorações, além dos concertos e serviços já agendados, para o segundo semestre do ano “estamos a preparar um projecto diferente, que servirá para assinalar o final da época e de um modo simbólico o término das comemorações do nosso 130º aniversário. Mais novidades só mais perto do evento porque ainda aguardamos algumas informações e confirmações”, explicou o maestro da banda, João Pedro Resendes.
Foi em Novembro de 1891 que nasceu a ideia de criar uma Banda de Música na freguesia do Faial da Terra, concelho da Povoação, por iniciativa do pároco António Pacheco Vieira, com a colaboração de José Rebelo de Melo, seu primeiro presidente. Deslocaram-se então à freguesia de Furnas para solicitar o apoio do Marquês da Praia e Monforte, que prontamente ofereceu o seu primeiro instrumento. Assim, a filarmónica do Faial da Terra seria oficialmente fundada no dia 18 de Abril de 1894. O primeiro regente foi Francisco do Rego Raposo, natural da Ribeira Grande, que logo criou uma escola de música para aprendizes com idade superior a 30 anos.
Após 18 meses de preparação, a primeira saída da banda foi à Igreja de Nossa Senhora da Graça, no Faial da Terra, para visitar o seu padroeiro, Sagrado Coração de Jesus. Com a aprovação dos estatutos, a banda adoptou a designação oficial de Sociedade Musical do Sagrado Coração de Jesus. Nesta altura, adquire a sua primeira farda, de cor branca, com o apoio dos emigrantes faialenses.
Assume a direcção artística da filarmónica Francisco Carreiro do Couto, o primeiro regente nascido e criado para a música na Banda do Sagrado Coração de Jesus, que desenvolveu esforços para a aquisição de sede própria. Este objectivo foi conseguido com a oferta do agora Monsenhor António Pacheco Vieira, já emigrado nos Estados Unidos da América. Avança-se, também, com a construção do coreto da freguesia.
Francisco Carreiro do Couto passa a batuta ao seu filho Francisco Venâncio Resendes do Couto, que adquire novo instrumental, renova o repertório, passa a admitir a integração de executantes femininas e promove as primeiras saídas da filarmónica para o exterior de São Miguel, começando pela vizinha ilha de Santa Maria.
Uma nova sede é inaugurada em 1994 e realizam-se novas deslocações às ilhas de São Jorge (2002), Santa Maria (2004), Madeira (2005), Terceira (2007), Faial (2008 e 2010) e Pico (2008 e 2009). Em 2008, a filarmónica promove o “I Workshop de Filarmónicas da ilha de São Miguel”, com a participação de 60 músicos, iniciativa que repete anualmente até 2011. Entretanto, em 2009, grava o seu primeiro CD, “Sons do Presépio da Ilha”, e, em 2010, participa no concurso de bandas “Filarmonia” no Coliseu Micaelense, alcançando o 2º lugar.
Como única instituição cultural da freguesia do Faial da Terra, a filarmónica foi, durante muito tempo, o motor do desenvolvimento cultural da freguesia presépio da ilha. Organizou um grupo de teatro, um grupo coral e uma tuna, tendo ainda sido mordoma nos impérios locais do Divino Espírito Santo. Actualmente, a Sociedade Musical Sagrado Coração de Jesus conta com 36 elementos, com idades compreendidas entre 10 e 75 anos.