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SATA ‘aterra’ em mais prejuízos devido a cancelamentos, alugueres e outros custos

O Grupo SATA – que detém a Azores Airlines e SATA Air Açores – agravou os prejuízos em 2,9 milhões de euros para 25,6 milhões no primeiro trimestre de 2024.
O resultado reflete os custos do aluguer de aeronaves (ACMI) devido a condições meteorológicas adversas e a constrangimentos com a manutenção e avarias de aeronaves, mas também de “um acréscimo das imparidades relacionadas com as reservas dos lessors das aeronaves e de juros do empréstimo intragrupo”.
Em comunicado divulgado ontem, data que marca a saída da actual CEO, Teresa Gonçalves, não sendo ainda conhecido o plano de substituição, a empresa revela que no mesmo período transportou 447 mil passageiros, um crescimento de 21%, justificando assim o crescimento em 24% das receitas para 68,9 milhões no primeiro trimestre do ano.
No que respeita aos custos, estes apresentaram, igualmente, um crescimento face ao ano anterior, “com impacto significativo nos custos com irregularidades e ACMIs (aluguer de aeronaves) devido a condições meteorológicas adversas e a constrangimentos relacionados com manutenção e avarias de aeronaves”, afirma a administração da SATA.
A Azores Airlines, que faz as ligações internacionais ao continente, transportou 286 mil passageiros, mais 29% face ao período homólogo, e alcançou uma receita total de 47,1 milhões de euros, um acréscimo de 31,5% face ao período homólogo.
“O resultado operacional antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) evoluiu positivamente face a 2023 e a 2022, apesar de negativo em 8,5 milhões de euros, contribuindo para este resultado o incremento significativo dos custos com irregularidades (motivadas, em grande parte, por condições meteorológicas adversas, mas também pelos Acordos de Empresa extremamente restritivos) e ACMI”, refere ainda
Já a SATA Air Açores, responsável pelas ligações no arquipélago, atingiu no primeiro trimestre de 2024 um total de 162 mil passageiros transportados (+8,9% face ao período homólogo), e um aumento de 10,5% das receitas para 21,7 milhões de euros.
Paralelamente, o BE/Açores considerou ontem uma irresponsabilidade o facto de o Governo Regional ainda não ter anulado o processo de privatização da companhia aérea Azores Airlines e criticou o Executivo PSD/CDS-PP/PPM por ainda não ter anunciado a nova Administração da SATA.
Em comunicado, o partido lembra que no dia 9 de Abril foi noticiado que a Presidente do Grupo SATA, Teresa Gonçalves, apresentou a sua demissão, juntamente com o administrador financeiro, com efeitos a partir de 30 de Abril.
“Salienta-se que se atingiu o dia 30 de Abril e, tendo em conta a importância da SATA, a sua difícil situação e o processo de privatização em curso, o Bloco de Esquerda considera incompreensível que o Governo Regional ainda não tenha anunciado a nova Administração, podendo ficar o grupo sem Administração numa fase crítica da sua vida”, lê-se.
O BE considera ainda que o actual plano de negócios do Grupo SATA “está a ter resultados muito negativos que podem levar a companhia aérea a uma situação de emergência novamente”.
“Os resultados negativos do Grupo SATA em 2023, que atingem os 37,6 milhões de euros (ME) de prejuízo (9,9 ME de prejuízo na SATA Air Açores e 26 ME de prejuízo na SATA Internacional) são um sinal muito preocupante do caminho muito perigoso para o qual o Governo Regional de direita leva o Grupo SATA”, alerta o partido.
Para o BE/Açores, o actual processo de privatização da Azores Airlines/SATA Internacional (que faz as ligações com o exterior do arquipélago) “tem de ser travado”, sendo também esta a posição do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) e “até mesmo do Conselho de Administração da SATA cessante”.
“Perante tudo isto, é incompreensível a posição do Governo Regional em manter o actual processo de privatização, quando tudo indica que este processo se encaminha para ‘enterrar’ a SATA”, segundo a nota.
António Lima, deputado e líder do BE/Açores, considera fundamental haver uma nova estratégia que tenha em conta o facto de a empresa ser fundamental para o desenvolvimento dos Açores, uma região ultraperiférica.
“A SATA Internacional é fundamental para a mobilidade dos açorianos e açorianas, para o desenvolvimento da economia e até mesmo para a autonomia económica da Região”, salientou, citado na nota.
O BE recorda que levou este mês ao Parlamento açoriano uma proposta para a anulação imediata da privatização, mas foi rejeitada com os votos contra da coligação PSD/CDS-PP/PPM, do Chega e da Iniciativa Liberal.

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