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No Domingo da Ascensão, o Senhor prepara-nos uma Festa,e o cortejo Peregrino do Cordeiro de Deus, cumpre a promessa no circuito à cidade do povo ilhéu, em Tempo de Festa!

No domingo da Ascensão do Senhor, celebrar a palavra e a eucaristia na festa do Senhor Santo Cristo, é abrir e aderir à grande manifestação popular-cristã, no reencontro do povo ilhéu, onde a cidade se reveste de cores peregrinas e devotas da fé e crença, para caminharem juntos no circuito histórico da promessa, o cortejo peregrino da festa do Senhor.
Na festa, a ilha e a cidade, elevam a dignidade do Senhor num hino de contínua de ação de graças, como reconhecimento de compromisso nobre de louvor, onde se canta com arte e com alma, a alegria espiritual da seiva que sobe das raízes, o arado do tempo que cortou o nevoeiro de nossos olhos, e a vida que sangra e incendeia, todos os que lavram a terra de tecelões e pedreiros.
Cantar e louvar o Senhor, é entrar na força escondida do desejo de acender candeias novas para iluminar os olhos da noite longa e escura; cantar ao Senhor na sua festa, é trazer a taça da vida nova que se anuncia com alegria, arrumando os trapos velhos das dores ocultas, para fazer renascer as sementes magoadas.
Cantar na festa do Senhor, é assinalar a pedra em que, tropeçamos enquanto não conhecemos o trilho do caminho, para em terreno pedregoso e árido, lavrar de novo e plantar em lugar de água fresca, as flores do deserto.
Na celebração Eucarística da Ascensão, a mesa está posta e o convite espiritual aberto a quem quer entrar no banquete do Filho do Homem, para comer e beber a Páscoa de Deus.
O VI domingo da Páscoa, é anúncio de festa com brados de alegria, para proclamar aos confins da terra:
O Senhor libertou o seu povo, aleluia, aleluia, aleluia.
Aclamar Jesus Cristo, na sua Ascensão, é louvar e anunciar o Homem Novo, porque Ele, é igreja, e somos o seu povo. Jesus ergueu-se no firmamento como sol vencedor da noite escura, e que virá de novo no final dos tempos, para julgar a humana criatura.
De glória e majestade é o seu trono, esplendorosamente ornamentado, porque Ele, é o sol e a luz criada que à nossa frente avança como peregrino primeiro.
Na contínua acção de graças, o peregrino contempla e participa no olhar de Cristo, Filho de Deus Pai, no desejo de ser fiel até ao fim, porque quem crê em Deus, vê que todos somos pequenos diante d´Ele, mas que somos também, dignos do seu olhar.
Mãos postas, e olhos de silencioso pranto, fitam a imagem do Senhor Santo Cristo em seu trono, e na simplicidade, o cristão peregrino, reza a terra florida, o espaço descampado da esperança e sem fronteiras, o mar Atlântico que faz regressar a saudade numa ascética de mãos erguidas depondo no altar as dores e sofrimentos, porque o momento de doação comum, torna suave a ascensão da fé divina num louvor novo.
A ilha em prece, ergue-se a Deus extasiada, e ascende um perfume espiritual nas gerações que rezam no zelo da mesma prece, onde o rogo presente se enaltece com a força da fé aprendida na catequese do passado, que alimentou as raízes da crença em Deus, criador dos céus e da terra.
De manhã cedo, o povo na sua criatividade geométrica, expõe canteiros de coloridas flores que enriquecem a memória espiritual da Paixão de Cristo, e deste modo, purificam as ruas da cidade, refrescando e juncando-as de ramos verdes perfumados, tornando um caminho de esmerados passos onde circula a fé, para acolher a passagem peregrina da imagem do seu Senhor, em seu trono esplendoroso, e em cortejo de festa.
As promessas de mulheres peregrinas, vestidas e cobertas de humildes mantilhas de véus negros, acompanham o trajeto do cortejo, rezando e lembram ao pensamento, a fúria dos vulcões, o sacudir dos terramotos, momentos de perigos vários em suas vidas, que só a fé, moldou e acreditou no carisma do Senhor Santo Cristo dos Milagres, no embalo cumprimento de promessas, para extinguir tempestades de dor e aflição.
O colorido de opas vermelhas em solene procissão, caminham numa fé humana sem preconceitos religiosos ou não, e, em silêncio de olhar interiorizado, invocam a promessa do seu oráculo, recordando mágoas e momentos aflitivos.
Na declinação do dia, e de passos já fatigados e doridos do caminhar peregrino, a fé renova o mistério da alvorada para recordar em cada aurora, a primeira luz do tempo.
O cortejo da procissão do Senhor, é um círio que se ergue e se acende em espiritual clarão, onde a chama, quase inflama a cinza da dor já curada.
A ilha, tece um florido variado da seiva que alimenta a sementeira da vida de cada um de nós, que despertos e tímidos, depomos no olhar sofredor de Cristo, o pranto que se anuvia por promessa e zelo em comungar a grande prece da fé, em manhã de sábado e domingo do Senhor.
O II Concílio do Vaticano, afirmou solenemente que a igreja tem o dever de se abrir amplamente a todas as culturas, com cuidadoso discernimento, mas também sem medo, e viver com alegria, a celebração da Páscoa da vida.
Na sequente liturgia da Ascensão, há que, em primeiro plano, redimirmo-nos da reconciliação do perdão para entrarmos purificados, na festa do Senhor, clamando que tenha piedade de nós, dizendo:
Tem piedade de nós, Senhor, Tu que vens do futuro: Ensina aos nossos olhos o caminho do desvendamento.
Tem piedade de nós, Senhor, Tu que nos mostras a verdade dos nossos desejos, ilumina os labirintos do nosso coração.
Tem piedade de nós, Senhor, Tu que és a eclosão do que faz partir e da aliança, inscreve a nossa vida nos trilhos do teu dia, e nos guardes e abençoes, e sobre nós, envia a Tua Paz, e faz reconciliar de forma especial, as famílias no respeito humano merecido em cada tempo, momento e lugar.
Vós todos peregrinos, que o conheceis de o procurar no exílio das palavras, erguei então a vossa voz; erguei os olhos, é o senhor que vem e que passa junto de nós.
Vinde ao encontro do Senhor, trazei vestidos de cores onde o espírito de Deus também se veste; que em todo o tempo, vossas mãos apontem Deus que falta.
Vós todos peregrinos, que Deus faz partir para as fainas da ternura e do pão, levai a paz por companheira e vos preceda o vinho da alegria na mesa da partilha.
Que Deus visite o nosso lar, o nosso chão e o trigo alto da esperança transformado em alimento; Que Deus, palavra de começo, em nós se diga, em nós se perca.
Que Deus nos dê a sua mão, e o seu amor nos leve ao fim, Ele que liberta e faz voltar nossos desejos presos de miragens de coisas supérfluas, contendas diárias, que não favorecem a dignidade de relação humana.
Que Deus converta o coração e a mente humana que há em nós de terra nua e sem nome. Vós todos, peregrinos do Senhor, homens e mulheres, cantai a Deus o gosto de viver a fidelidade de um sim em compromisso assumido, e fazer crer na fé e na razão das palavras comprometidas, o valor cristão fiel, à palavra convertida em sinal de confiança e entendimento.
O Ícone do “Ecce Homo, “Eis o Homem”, em seu esplendoroso trono, é imagem figurada do seu sofrimento, que no percurso processional, caminham expostos à sua frente os instrumentos da sua Paixão:
A escada, o martelo, a tenaz e os cravos, a cana com a esponja, a lança que trespassou o lado de Cristo, um punho que agride e um rosto que cospe.
Monsenhor Agostinho Tavares, dizia que as festas são a expressão da alegria de um povo, de uma família, de uma pessoa, de comunidades espalhadas em que celebram o acontecimento secular que os marcou ou influenciou a nossa vida e a de muitos, que, por razões várias do seu viver, não apagaram de suas mentes a espiritualidade enraizada da fé e da crença divina, que professamos em acto de comunhão.
Desde longínqua data até aos dias de hoje, a tradição mantém-se todos os anos, onde a belíssima imagem sai em procissão, visitando o seu povo fiel e crente, e a nossa cidade de Ponta Delgada, abre as suas portas para acolher o olhar e a bênção divina do Senhor, porque eu vos louvo no meio da multidão.
No coração de cada açoriano, disperso pelo mundo, há um altar de culto eterno ao Senhor Santo Cristo, onde as suas preces mantêm permanentemente acesas místicas velas de imperecível devoção e saudade.
Celebramos a nossa história popular cristã onde o convívio da alegria, a vida em conjunto com outros, dão a conhecer os nossos sonhos, porque somos participantes ativos num mundo em que a amizade, a alegria, o comunitário, partilham ou perderam valor, face aos interesses económicos egoístas.
A festa, é um acto de fidelidade à dignidade do homem, porque celebrar a vida, é celebrar o autor da vida.
A festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres atrai à nossa ilha, milhares de pessoas de todos os credos, peregrinos devotos, turistas, gente vinda dos Usa, Canadá, Bermudas, do arquipélago em geral e do continente português, porque a festa do Senhor, é uma dádiva de divina atração e explosão de religiosidade popular, porque o Senhor, é digno de louvor e de Gloria para sempre, e a humanidade reza-O com simplicidade o improvisado louvor pessoal, invocando:
Louvado sejais, Senhor, pelos povos de toda a terra, e cita o salmo 66 (67), por ser um agradecimento de fé urgente que brota do coração peregrino, que trilhou caminhos no escuro da noite, para também pedir a Deus, que se compadeça de nós, nos dê a sua bênção, e chegue o seu louvor aos confins da terra, e que sobre nós, resplandeça a luz do seu rosto.
Senhor, quando passar o Vosso andor esplendorosamente enfeitado com as mais belas flores, elaboradas com grande amor e fé por mãos artificiosas, as nossas frontes se curvem pelo amor das gerações passadas e presentes, e derramai sobre nós o Teu olhar piedoso.
Hoje, como ontem e sempre, Senhor, a ilha é Vossa, suplicamos-Te, protegei-a em plena graça, onde reine a esperança da vida, e entre os povos e nações, haja paz e reconciliação na fonte da Tua justiça e Misericórdia.

José Gaipo

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