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Rio Grande do Sul: Um sofrimento com lágrimas Açorianas

“A ver (e a sofrer) maior catástrofe das nossas vidas”
Assis Brasil e Valesca Assis

Incontáveis matérias jornalísticas, dados quantitativos, imagens, vídeos, milhares de relatos de salvamentos, mortes e de perdas inestimáveis.
Tudo isso é muito pouco para descrever o quadro devastador da tragédia que se abateu, há mais de uma semana, sobre o estado vizinho do Rio Grande do Sul, os nossos irmãos gaúchos.
Um dos estados mais produtivos e ricos do País, hoje um estado submerso: lavouras, fazendas, pecuária, parque fabril, comércio, escolas, hospitais, povoados, vilas e cidades, rodovias e aeroportos e GENTE, a nossa gente que traz no sangue a têmpera do açoriano das nove Ilhas, que lutou ontem e luta hoje bravamente por sua sobrevivência contra o dilúvio que começou em fins de Abril.
Não me perguntem se tem alguém ali que é descendente de açorianos ou que instituições foram afetadas.
Apenas, reflitam comigo!
Porto Alegre, a linda capital gaúcha, o “Porto dos Casaes” fundada em 1752 por casais açorianos encaminhados desde a histórica Santo Antônio dos Anjos da Laguna para assegurar a posse do território, possui cerca de 1.500.000 habitantes.
A água do grande estuário de Guaíba saiu de seu leito e invadiu a cidade ante o olhar incrédulo do gaúcho que, apavorado e impotente, assistia sua cidade ser engolida e cerceando o seu viver. Centro Histórico, Paço Municipal, Praças da Alfândega onde ocorre a Feira de Livros, Museu de Arte/MARGS, Mercado Público.. .e o povo ricos e pobre. Tudo e Todos, sob as águas.
O coração do Rio Grande do Sul está ferido ante a fúria da natureza em colapso que afeta mais de 86% de seus 497 municípios. Isso dá um total de 431 atingidos.
Os dados dessa manhã, dia 10 de maio, indicam 327 mil pessoas desalojadas, mais de 107 mortos e centenas de desaparecidos. Nestes dados quantitativos está toda população do Rio Grande do Sul afetada, a maioria sem água potável e luz elétrica.
Infelizmente, as previsões não são boas. As chuvas continuarão a castigar ainda e com maior intensidade, sobretudo no litoral norte gaúcho e atingirá o sul catarinense. O que me devolve à noite de 24/3/1974 quando o rio Tubarão transbordou e destruiu a minha cidade natal.
Em meio a toda tragédia vimos emergir o pior do ser humano nos saques ao património atingido pelas cheias. Por outro lado, o melhor também se manifesta na grande corrente humana de solidariedade imparável e vinda de todas as partes do país.
Os catarinenses dão o exemplo ao abrirem suas portas e acolherem moradores desabrigados de Porto Alegre e do interior do Estado.
A grande querência do Rio Grande do Sul– com mais de um milhão de descendentes de açorianos, Casa dos Açores, centenas de instituições culturais, centros culturais, salas de leitura de livros açorianos; que respeita e cultiva com amor profundo às suas raízes culturais insulares – não é povo quesucumbe sob o peso da calamidade que agora o fere “quase” de morte.
Amanhã, o Rio Grande do Sul há de renascer como uma Fénix, o sol voltará a brilhar, enquanto o velho vento Minuano levará para bem longe as nuvens de chuva que faz o nosso sul chorar de dor.
Encerro com o depoimento dos queridos amigos gaúchos, os escritores Assis e Valesca Brasil:
“Estamos a ver e (a sofrer) a maior catástrofe de nossas vidas, e as palavras, mesmo quem delas vive, são poucas e insuficientes para narrar a devastação. Tentamos sobreviver, ajudando a quem precisa, dando acolhimento a quem perdeu tudo;enfim, procurando dar alguma utilidade às nossas vidas. Mas sei que superaremos. O povo açoriano,cujos descendentes nos formaram,acostumado historicamente a sofrer o descontrolo dos elementos, nos inspira a não desistir. E o monumento aos Açorianos segue em pé.”

Por Lélia Nunes, na Ilha de Santa Catarina, Brasil

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