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Abril 2: autonomia e abril

CINQUENTA ANOS DE CRAVOS

Na ponta da espingarda,
empunhada,
acarinhada,
a rosa colocou o cravo.

Gravou no meu peito
a jeito, como enfeito,
a liberdade
ainda sem idade.

Nasceu assim a democracia,
engalanada,
empenhada,
com o futuro na mira.

Os anos passaram,
estremunharam,
rebolaram,
pelos dias a dias contados.

E agora quando penso
que tudo eram cravos e rosas,
os espinhos
esconderam-me a liberdade.

AUTONOMIA, MEU BEM PARA QUE TE QUERO

Se bem me lembro
Lembro-me de quase nada.
Angra e Praia teu nome
Vitória e Heroísmo teu apelido.

Disseste não quando querias
Dizes sim quando não estás.
De promessas e juras
Do que restou quase nada ficou.

Penhorada desgraçada por onde andas?
Fingida certeza e grandeza por onde vais?
Por que demoras em vir a agir a incluir?
Qual o teu destino? sem tino?

Mesmo que doa por que não serves a pessoa?
De onde vens tu afinal? que tens tu nos teus anais?
Não tens mãe que te mantenha?
Nem pai que te contenha?
A tua cidadania é utopia? demagogia?

Se bem me lembro
Lembro pouco ou quase nada.
Ainda bem meu amor.
Saber que existes sem entendimento
Dói mais do que a própria dor se bem entendo.

AUTONOMIA, MEU AMOR (1)

Autonomia, só o teu nome,
de o dizer e escrever,
faz nascer em mim o tudo.

Procuro a tua forma corpórea,
tuas mãos, tua cintura,
tuas palavras e em vão investigo.

Sei que estás aí,
presente, airosamente
desafias tudo sem nada.

Sei que vens aí,
em força e sem esforço
derrubas a palavra.

Sei que vais aí,
mas diriges e não estás
porque não és.

Autonomia, meu amor,
amor prometido,
falido, fodido.

Autonomia, meu amor,
Deixa-me,
Assim tu não és.

Arnaldo Ourique

(1) Publicado na obra coletiva Três cartas de um amor, Vol. III da Coletânea de Cartas de Amor, da Chiado Books, fevereiro de 2020.

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