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Como eu vi e gostei da ilha de São Jorge (2008-2016) Parte 6

A reação das autoridades perante a catástrofe

Abandonada a presidência da câmara das Velas pelo juiz de fora, dr. António Augusto Pereira, que se retirou para a ilha do Pico apenas rebentou o fogo, os demais vereadores nomeados por carta régia de 9 de dezembro de 1806, capitão Amaro Teixeira de Sousa, sargento-mor José Soares de Sousa, capitão João Ignacio da Silveira, e procurador do concelho Jorge José Covilhão, encerraram-se na administração municipal, tomando providências cujos acórdãos relacionaram em um caderno, que o juiz de fora fez desaparecer para ofuscar os serviços daqueles patriotas.
Tendo o capitão-general D. Miguel António de Melo conhecimento do sucesso, mandou em carta de 18 de maio à câmara distribuir gratuitamente pelos pobres 5 moios de milho: recomendou-lhe se implorasse a misericórdia divina, e que o avisasse da necessidade de maiores socorros, concluindo em prestar-se em ir à ilha se a sua presença fosse necessária.
A câmara, por sua carta de 23 de julho agradeceu ao capitão-general a oferta do cereal e os bons desejos que nutria a favor do povo oprimido pelo fogo. E aproveitando os oferecimentos terminou pedindo que a maior esmola que v. ex. lhe fazia em atenção à suma pobreza em que ficava a ilha, era representar a sua alteza real se dignasse abolir o regimento de milícias, cujo corpo é formado por grande parte dos empobrecidos com a queima: com os pobres que não vivem de outra cousa senão do seu jornal e outros muitos miseráveis que talvez apareçam com a farda para fazerem as guardas sem vestirem camisa pela não terem: a ocasião é oportuna, v. ex. está disposto a proteger esta ilha queira dignar-se fazer-lhe a maior de todas as esmolas.
O governador e capitão-general, como resposta, em carta de 21 de outubro ao juiz de fora, insultando a câmara, mandou que aquele magistrado em vereação severamente repreendesse os sujeitos que tal carta assignaram (!) que não tendo o escrivão da câmara registado aquela carta o suspendesse, como efetivamente foi suspenso, José Félix Rodrigues Mendes.
E por desconfiar, ele capitão-general, tenha para tais absurdos concorrido com suas astúcias ordinárias António Sebastião Espínola, v. mercê o mandará prender à minha ordem pelo tempo que deixo ao seu arbítrio!
Ao pároco da freguezia José António de Barcellos – diz em manuscrito o dr. João Teixeira Soares, publicado no jornal Velense, nº 135, de 23 de julho de 1885 – verdadeiro pastor do seu rebanho, foram durante muitos anos pela junta da real fazenda dadas respostas de evasiva ás petições em que implorava o auxílio para a construção d’uma nova paróquia: e só no governo do capitão-general Francisco de Borja Garção Stockler pôde alcançar os auxílios que pediu, levantando à custa de fadigas e sacrifícios a nova paróquia, sem outro galardão mais que o reconhecimento da posteridade.
O vulcão de Santorini em 1866 (Veja-se a nota de M. de Corona inserta nas Comptes Rendues de l’Academie des Sciences, Tomo LXIV, 1867.) produziu fumaradas ácidas com movimentos rotatórios singulares causando nas plantas efeitos devastadores análogos, aos das nuvens ardentes dos Açores.

Chrys Chrystello*

*Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713

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