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Peixe do meu quintal – Os maios das religiões

“Tanto o Hamas como o governo de Netanyahu, não contam para dar paz a esta região. Ambos foram eleitos pelos seus povos, mas desvirtualizaram e traíram o seu programa político. Netanyahu e seus sequazes está a fazer tudo o que um estado de Direito não deve: Está a criminalizar a guerra, dizimando civis sem piedade e atacando edifícios contra todos os princípios e acordos de Genebra e outros. É o fim político de Netanyahu.”

Maio é um mês de primavera no hemisfério norte e outono no hemisfério sul. Portanto, maio no hemisfério sul é o equivalente sazonal de novembro no hemisfério norte e vice-versa. O final de maio normalmente marca o início da temporada de férias de verão nos Estados Unidos e Canadá, que termina no Dia do Trabalho, a primeira segunda-feira de setembro. Nenhum mês começa ou termina no mesmo dia da semana que maio de qualquer ano. Este é o único mês com essas duas propriedades. No entanto, maio começa e termina no mesmo dia da semana que janeiro do ano seguinte. Além disso, em anos comuns, maio começa e termina no mesmo dia da semana que agosto do ano anterior e, nos anos bissextos, começa no mesmo dia que fevereiro, março e novembro do ano anterior. Se houver alguma dificuldade em perceber maio, basta tornar a ler… e reler… e vai concluir que maio é diferente, é político e a política imita-o em muitos sentidos.
Portugal concorda há muito que a solução para a Palestina e Israel só passa pela fórmula de dois estados: O estado de Israel e o estado da Palestina. A garantia de poder assim sarar profundas feridas causadas durante séculos de conquista e reconquista, ora de uma parte, ora da outra.
Portugal afirmou-o mas… chegados a vias de facto, recuou, amedrontou-se. E com a hipocrisia a que a política chama de diplomacia, o presidente da República portuguesa diz que ainda não é chegada a altura de reconhecer oficialmente esta UNIÃO DE FACTO há muito estabelecida. Mesmo se a vizinha Espanha católica reconheceu. Mesmo se a República da Irlanda católica igualmente o fez, ou a protestante Noruega. Mesmo se muitos países da União Europeia o vão fazer muito em breve.
Reconhecer o estado da Palestina, não é reconhecer o Hamas, mas sim o povo palestiniano. Reconhecer o estado de Israel, não é reconhecer Benjamin “Bibi” Netanyahu, mas sim o povo israelita. Ambos os povos têm direito à sua existência milenária, à sua identidade própria, à sua independência. Os poderes que os manipulam, complexos e propositadamente radicais, estão prontos a perpetuar uma dinâmica de guerra, de genocídio mútuo, de crimes da pior espécie. Tudo por dois palmos de terra, que pergaminhos ditos sagrados testamentaram para ambos, através de Abraão, considerado o pai do povo hebraico. Só que Abraão teve um filho, Ismael. Não foi de Sara, que era sua meia-irmã e esposa, mas de uma amante ou concubina egípcia que era escrava de Sara, chamada Hagar. Quando Abraão e Sara eram idosos, tiveram então o seu único filho: Isaac.
Tudo isto dá a confusão do mês de maio e não só.
Conceder o estatuto de completa autonomia política à Palestina e a Israel, é o dever prioritário das nações árabes e cristãs. Sob o ponto de vista religioso, Ismael e Isaac são irmãos. Nos dois corre o sangue de Abraão.
Tanto o Hamas como o governo de Netanyahu, não contam para dar paz a esta região. Ambos foram eleitos pelos seus povos, mas desvirtualizaram e traíram o seu programa político. Netanyahu e seus sequazes está a fazer tudo o que um estado de Direito não deve: Está a criminalizar a guerra, dizimando civis sem piedade e atacando edifícios contra todos os princípios e acordos de Genebra e outros. É o fim político de Netanyahu.
Por seu lado, o Hamas atacou, matou, sequestrou e violou civis adentro das fronteiras de Israel. Contra-atacou de uma só vez, para vingar as posses de terra abusivas dos colonos, os abusos ao longo de muitos anos e as tentativas de expulsar definitivamente o povo palestiniano das terras que Abraão terá prometido dois mil anos antes de Cristo. O pior é que Abraão lançou a confusão, ao doar essas terras igualmente ao seu primogénito Ismael, filho da bela escrava egípcia que Abraão tanto amou.
Muitos países ocidentais estão ainda presos pelos laços de Isaac, antepassado do judeu chamado Jesus, o Cristo, que deu origem ao cristianismo e esta por sua vez a muitas outras seitas, grupos e religiões. Na Irlanda e durante anos, os cristãos lutaram e mataram-se entre si, porque uns eram católicos e outros anglicanos ou protestantes. O Jesus neste caso era o mesmo.
Ismael por sua vez, deu muitas gerações abraâmicas até chegar a Maomé, o profeta islâmico, cuja filha mais nova era Fátima. Nas terras árabes o nome de Fátima foi dado a muitas aldeias e vilas. Na península Ibérica e antes da ocupação cristã, muitas aldeias tinham o nome da filha de Maomé. Uma dessas aldeias, perto de Leiria, viria a transformar-se no que é hoje um conhecido santuário mariano e local de peregrinação para os católicos. Muitos outros cristãos de outras sensibilidades religiosas não vão ali, por considerarem uma blasfémia.
Os espíritos dos irmãos Ismael e Isaac pairam ironicamente nos céus portugueses, mas Ismael continua sendo o bastardo, filho da bela escrava egípcia Hagar, cujo reconhecimento é-lhe negado pelo presidente Marcelo, que neste caso imita a política de Salazar, que não reconhecia os filhos fora do casamento. Talvez traumas que Marcelo carrega como fardo de paga-promessa.
Como são largos, os muros dos factos…!

José Soares*

*[email protected]

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