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O novo ‘Dono Disto Tudo’

Há em Portugal um novo ‘Dono Disto Tudo’.
Chama-se André Ventura e já se comporta como o novo primeiro-ministro e presidente das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
O que assistimos na noite eleitoral madeirense foi deplorável: partidos que foram derrotados a fazerem um exercício maquiavélico sobre como fugir da imagem da derrota e inventando as fórmulas mais mirabolantes para tentarem conquistar o poder.
Já todos percebemos que o quadro eleitoral mudou no país e nas ilhas, desde a famosa geringonça de Costa, sendo que o partido vencedor já não é quem ganha eleições, mas quem consegue o melhor arranjo parlamentar para formar maioria.
Só que não pode valer tudo. Há que haver um mínimo decoro político nos líderes partidários, porque tentar coligações com vários partidos que não comungam em quase nada ideologicamente, é simplesmente uma aberração.
Paulo Cafôfo fez um exercício sobre como se pode atingir a tese mais absurda da política partidária.
Nem com o pior resultado de sempre do PSD, os socialistas madeirenses conseguem ganhar eleições.
A Madeira é, de facto, um fenómeno.
Já o caso de André Ventura é quase patológico: quer mandar em tudo, estando sempre em minoria.
E não é que consegue?
Na noite eleitoral da Madeira foi ele que disse como é que o partido deve agir, remetendo para as catacumbas da obscuridão a autonomia do seu partido naquele arquipélago.
O problema é que os partidos tradicionais, no governo ou na oposição, já se vão habituando a normalizar o Chega e, consequentemente, dando gás a Ventura.
Dele já depende o Governo dos Açores, o da Madeira vai a caminho e, na metrópole, à falta de um Montenegro irredutível, alia-se ao PS na Assembleia da República e é um tal governar em coligação negativa.
Isto é só um princípio do que aí vem.
A força que a extrema-direita vai obter nas próximas eleições europeias vai dar ainda mais gás a André Ventura, um político com um instinto de oportunidade que mais nenhum em Portugal possui.
Os líderes nacionais ainda não perceberam onde se meteram e, na cavalgada do ‘vale tudo’, vão acabar por se autoflagelar eleitoralmente, deixando um tapete estendido à passagem do senhor ‘dono disto tudo’.
É só esperar mais uns tempos.

                                   **** 

A NOVA GERAÇÃO – A Europa vai ficar diferente com as eleições do próximo dia 9 de Junho.
Vamos ter o Parlamento Europeu mais à direita de toda a sua história. E isso não é bom.
Os líderes autoritários e extremistas vão sentir-se mais fortes e motivados, provocando mais problemas sociais e económicos no velho continente, com as suas políticas restritivas e xenófobas.
O investigador e especialista em assuntos internacionais Bernardo Pires de Lima identifica, muito bem, o novo cenário: “ Há uma delapidação de um certo modelo de organização e de funcionamento dos partidos e também do espaço público, que com o tribalismo das redes sociais e a erosão do jornalismo, se tornou menos propício a um conjunto de reflexões, de pistas, de amadurecimento de ideias e de um debate mais sereno sobre a complexidade do mundo em que vivemos. E, entretanto, há outras forças políticas que aparecem com projectos mais estridentes, assentes no medo, na falsidade, no apocalipse e nas teorias da conspiração, que vão ganhando o seu espaço. Se acho que isto é uma história já escrita? Não. Há muito espaço para derrotar este lado da História e estas propostas políticas”.
Ora, a nossa esperança para derrotar esse medo são as novas gerações.
É neles, sobretudo nos mais talentosos, que devemos depositar a nossa esperança por um mundo melhor.
Neste sentido é bastante galvanizador ver dois jovens políticos avançarem, nos Açores, para o Parlamento Europeu, enfrentando todas as adversidades que terão pela frente.
André Franqueira Rodrigues e Paulo Nascimento Cabral pertencem a uma geração que não nos deve desiludir e só honram os Açores ao demonstrar à Europa que também temos jovens capazes de ombrear com os melhores do continente europeu.
É verdade que um tem mais possibilidades do que o outro para ser eleito, mas o que importa, por agora, é que os Açores dão esperança de que pode haver uma nova geração de políticos que faça melhor do que aqueles que, até agora, nos guiaram até aqui… sem grande sucesso!

Osvaldo Cabral
[email protected]

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