Aproxima-se mais um ato eleitoral (próximo domingo), o terceiro este ano, no caso dos Açores, desta vez com vista à escolha dos representantes ao Parlamento Europeu.
Como tem sido habitual, publicam-se os resultados das últimas eleições, com o objetivo de lembrar como se votou há 5 anos atrás, no país e nos Açores.
Neste espaço de tempo muita coisa se alterou no espectro político português e da Região e já nas eleições para a Assembleia Legislativa Regional e para a Assembleia da República se sentiram essas mudanças, designadamente com a entrada do Chega na cena política, quando em 2019 ainda nem aparecia nas listas.
Também se esperam mudanças nas eleições do próximo domingo, sendo certo que não há uma relação direta entre os diferentes atos eleitorais, uma vez que os cidadãos aprenderam a votar de acordo com o objeto de cada eleição.
Deverá manter-se uma abstenção elevada dado que é de todas as eleições a que desperta menor interesse.
Comparando as abstenções verifica-se que a proximidade do ato eleitoral tem influência no número de eleitores que vão às urnas.
Nas últimas eleições para o PE apena 18 % dos Açorianos foram votar, o que não se verificou em outros atos eleitorais próximos.
Todavia, à medida que o tempo passa a Europa vai ficando mais próxima, há mais nomes conhecidos e a sua voz faz-se ouvir no plano europeu e internacional como, de igual modo, as decisões que tomam têm cada vez maior relevância nos diferentes países.
Quem vê os noticiários com regularidade já identifica vários nomes e sente-se que na Europa começam a surgir lideranças com algum peso.
Em Portugal concorrem
17 forças políticas
Um total de 17 partidos e coligações concorre às eleições para o Parlamento Europeu, o mesmo número que em 2019.
De acordo com as listas afixadas no Tribunal Constitucional (TC), concorrem a Aliança Democrática (coligação composta pelo PSD, CDS e PPM), PS, Chega, Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda, CDU (coligação PCP/PEV), Livre, PAN, ADN, MAS, Ergue-te, Nova Direita, Volt Portugal, RIR, Nós Cidadãos, MPT e PTP.
Quatro forças partidárias não foram aceites.
A lista da AD é encabeçada pelo antigo jornalista e comentador televisivo Sebastião Bugalho, seguido do vice-presidente do PSD Paulo Cunha, enquanto a do PS é liderada pela ex-ministra da Saúde Marta Temido e tem como número dois o ex-líder parlamentar socialista Francisco Assis.
O Chega aposta no diplomata Tânger Correia como número um, enquanto a Iniciativa Liberal escolheu o seu antigo presidente João Cotrim Figueiredo como cabeça de lista.
Também o Bloco de Esquerda apostou num ex-líder para encabeçar a sua candidatura às europeias, apresentando Catarina Martins.
A CDU (coligação integrada pelo PCP e pelo PEV), apostou no antigo líder parlamentar João Oliveira como cabeça de lista e o Livre no investigador Francisco Paupério, que concorrerá pela primeira vez a eleições.
Já o número um do PAN às europeias é o dirigente do partido Pedro Fidalgo Marques.
O PS ganhou as eleições, com 33,38%, elegendo nove eurodeputados.
O PSD ficou em segundo, obtendo seis mandatos, seguido do BE e CDU, ambos com dois eurodeputados, e do CDS e PAN, que elegeram os dois um representante.
Candidatos indicados
pelos Açores
Nas listas nacionais constam André Rodrigues, indicado pelo PS-Açores, que está em 5º lugar e Paulo Nascimento Cabral apresentado pelo PSD-Açores que vai em 7º lugar.
Iniciativa Liberal, BE, CDU, Chega e PAN apresentam também, nas suas listas, candidatos indicados pelos Açores.
A presente eleição é feita, como é habitual, com uma lista igual para todo o território e os deputados eleitos, representam o todo do país, embora depois de eleitos se insiram nos diferentes grupos no Parlamento Europeu.
Desde o início as Região tem conseguido eleger deputados especificamente indicados pelos Açores.
Nas últimas eleições, realizadas a 26 de Maio de 2019, foi eleito André Bradford (PS), embora tenha exercido apenas cerca de dois meses, em virtude do seu falecimento a 18 de Julho. Foi substituído por Isabel Carvalhais.
A presença de deputados indicados pela Região tem-se revelado importante porque vão colocando o nome dos Açores na discussão de algumas matérias e juntam-se a outras regiões com os mesmos problemas.
Na verdade, as decisões da Europa têm cada vez mais peso nos diferentes países e as suas orientações, na maioria dos casos são difíceis de contrariar face ao enquadramento em que são tomadas.
Em resumo, há cada vez mais Europa e é possível que a consciência desse fenómeno tenha algum efeito na afluência às urnas.
Rafael Cota*
*Jornalista. Especial para
Diário dos Açores