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Professor Joaquim Barradas : como veria o momento vivido hoje?

Joaquim Barradas de Carvalho foi um português nascido em Lisboa, 1920. Morreu em 1980. Em artigo anterior considero Joaquim Barradas, como intelectual. Um “intelectual nômade”. O que significa, para mim? Aquele que não separa o Ofício de Historiador do lugar do Cidadão, atuando como militante contra o arbítrio.
Podemos nos aproximarmos, com mais compreensão, da luta contra o regime salazarista, a perseguição sofrida, o refugiar-se na França, doutorando-se em Estudos Ibéricos pela Sorbone – Universidade de Paris.
Não sendo a França segura, onde salazaristas não pudessem entrar e estando Barradas perseguido por salazaristas, vem para o Brasil. Mais precisamente São Paulo, onde torna-se professor da Universidade de São Paulo (USP). Com o endurecimento da ditadura militar no Brasil, Barradas, em 1969, volta para França e , finalmente, retorna à Portugal em 1974.
Estamos nos referindo a um intelectual engajado nas lutas de seu tempo. Falamos sobre o século XX. E o século XXI? Se o século XX foi conturbado: duas guerras mundiais, guerras localizadas (nem por isso menos cruéis), etc…, o século XXI é marcado pelo retrocesso; por guerras locais; pela ascensão de uma extrema-direita organizada e que ganha, principalmente, no campo das religiões adeptos que marcam claramente suas posições; ao mesmo tempo ganham visibilidade as pautas identitárias (feminismo, racismo, gênero, indígenas, entre outras). Contraditoriamente, as relações pessoais tornam-se mais conservadoras, “modos de ver o outro” dentro da sociedade tem, “modos de tratar o outro” vão tornando-se cada vez mais violentos. Matar torna-se banal.
Dentro de um quadro social, cada vez mais caótico, perigoso, o aspecto ambiental atravessa a linha de risco. Risco para a flora, fauna e humanos. É enfrentada uma pandemia mundial, com milhões de mortos, chamada COVID. Muito a ciência trabalhou diante do desconhecido e até os dias presentes novas variantes do vírus surgem.
O quê diria Joaquim Barradas de Carvalho? Não sabemos. Porém, Barradas tinha seu interesse, como pesquisador, sobre “que país é Portugal” ? “Como se modifica socialmente” ? “Como se deu as conquistas do além-mar”?; podemos produzir, como possibilidade, o movimento de um intelectual que se debruçaria justamente nas modificações sociais; buscando entender o processo civilizatório voltado majoritariamente para a Inteligência Artificial e qual lugar o humano ocuparia…

Adir Luz Almeida *

  • Dra. em História da Educação e Historiografia – Universidade de São Paulo; Professora Adjunta da Universidade do Rio de Janeiro
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