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Nos 60 anos de sacerdócio do Cónego António Rego

Já passaram dez anos sobre a data das suas bodas de ouro. Tive a felicidade de nesse dia, poder participar na bonita missa e cerimónias que decorreram então na Igreja de Fátima em Lisboa onde paroquiou nos últimos anos, a par da sua atividade como jornalista e apresentador de programas de televisão.
A igreja estava nesse dia cheia de paroquianos e de muitos amigos de toda a uma vida. Quando o fui abraçar disse-me com o ar tranquilo que sempre o caracterizou …” também fazes parte desta história…”. E se isso é verdade, também é verdade que ele faz parte da minha. Nos momentos importantes da minha vida o António esteve presente. Celebrou o meu casamento e batizou as minhas duas filhas. Esteve comigo sempre que precisei do seu conselho e nunca me faltou na amizade e estima com que sempre me distinguiu.
Conhecemo-nos nas vidas da televisão, ele já um nome feito na comunicação social Portuguesa eu um jovem aprendiz. Em Lisboa para onde ambos emigrámos, convivíamos amiúde na década de oitenta. De vez em quando ia almoçar com o António à casa da Rua da Belavista à Lapa, onde conheci pela sua mão outros sacerdotes que viriam a ocupar lugares de destaque no Bispado Português e em Roma. Eram seus colegas de casa, mas o António destacava-se entre eles todos pela simplicidade no trato, pela facilidade de comunicação e pela sua simpatia natural.
Entre os colegas da televisão e da rádio, o Padre Rego era mais visto como um camarada de profissão do que como sacerdote. Desde antes do 25 de Abril já corporizando o espírito do Vaticano II e depois em democracia, a voz do Padre Rego foi sempre uma lufada de ar fresco na Igreja, uma voz de esperança e serenidade, um olhar sobre “o valor divino do humano”. E era com esse olhar que fazia a câmara captar a vivência humana um pouco por todo o País e pelo mundo, onde filmava e entrevistava.
Sempre o verbo… (“no princípio era o verbo”) e assim ia apregoando a Fé sem complexos, numa linguagem simples que todos entendiam: primeiro no “Andar faz caminho…” (e como é isso verdade) e depois com o tão recordado “70 vezes sete”… o que significa, para sempre.
E fez essa magnífica caminhada de sessenta anos, fazendo várias gerações aprenderem a caminhar com ele, numa forma diferente de ser igreja na comunidade, usando todas as linguagens que tinha aprendido e que domina magistralmente seja nas ondas de rádio ou na televisão.
Quantas transmissões de Fátima fez? Quantos textos escreveu na Ecclesia? Quantos anos de programas de rádio e de televisão produziu e apresentou, tocando com a sua palavra crentes e não crentes.
Vivendo tantos anos em Lisboa e andando por todo o mundo em reportagem, teve sempre um enorme orgulho em ser Açoriano. Foi sempre um grande embaixador da sua terra.
Nesta caminhada, o António foi dos amigos que mais marcou a minha vida. E o que com ele aprendi sem ele sequer disso se aperceber disso. Hoje no dia em que repicam de alegria os sinos da sua terra em reconhecimento pelo tanto que deu à Igreja, à comunicação social e aos Açores, junto-me em espírito aos muitos que encherão a Matriz de São Sebastião de Ponta Delgada, pedindo a Deus que lhe dê uma longa vida com saúde junto dos seus e junto dos muitos conterrâneos que hoje como eu o celebram.

José Lopes Araújo

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