O Governo dos Açores apelou ontem à calma após a subida do nível de alerta relativo ao vulcão de Santa Bárbara, na ilha Terceira, e garantiu que as entidades estão preparadas para reagir caso a crise sismovulcânica se agrave.
“Importa neste momento encontrar tranquilidade e a normalidade possível num contexto de crise sismovulcânica, tendo a certeza de que estamos mais preparados do que no passado. Nunca o vulcão de Santa Bárbara esteve tão vigiado”, declarou o Secretário do Ambiente e Ação Climática, Alonso Miguel, que tutela a Protecção Civil.
O nível de alerta relativo ao vulcão de Santa Bárbara, na Terceira, subiu para V3 e o do sistema vulcânico fissural da ilha para V1, devido à actividade sísmica, segundo o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).
Nos níveis de alerta vulcânico, V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”, de acordo com a informação disponível na página do CIVISA. O nível V3 confirma a reactivação do sistema vulcânico, existindo sinais de actividade elevada.
O Secretário Regional, que falava aos jornalistas à margem da visita estatutária do Executivo açoriano à ilha do Corvo, justificou a subida do nível de alerta com a confirmação da existência de deformação crustal e de “indicadores geofísicos e geodinâmicos bastante acima do normal”.
“Esta nova circunstância não altera em nada os procedimentos em curso, nem induz neste momento procedimentos especiais”, afirmou Alonso Miguel.
Questionado sobre as implicações de o maior hospital da Região estar inoperacional caso se verifique um agravamento da crise sismovulcânica, o governante garantiu que “todos os meios à disposição da Protecção Civil serão activados caso haja justificação”.
“Estaremos preparados para dar melhor resposta possível”, prometeu.
Alonso Miguel reiterou, contudo, o apelo à calma, lembrando que “este tipo fenómeno pode durar meses ou anos”.
“Em São Jorge tivemos um ano e meio em alerta V3. Portanto, não vale a pena criarmos alarme social. Importa, sim, estar vigilante e fazer monitorização e intensificar a articulação entre todas as entidades”, defendeu.
Segundo o Instituto de Vulcanologia da Universidade dos Açores (IVAR), a informação obtida através da rede de monitorização gerida pelo CIVISA permite aferir que a crise sismovulcânica registada na ilha Terceira desde 24 de Junho de 2022 “se mantém, evidenciando sinais de claro incremento”.
No âmbito desta crise, a actividade sísmica tem estado centrada “com maior incidência dentro do perímetro do vulcão de Santa Bárbara e tem sido caracterizada essencialmente pela ocorrência de microssismos”.