Há 35 anos não se falava de turismo nos Açores como hoje.
As preocupações eram outras: portos, aeroportos e centros de saúde em todas as ilhas.
Enquanto os governantes da altura andavam focados – e bem – nas obras públicas essenciais para o desenvolvimento das nossas ilhas, havia um homem, na ilha Terceira, que já visionava o turismo como um sector promissor.
Gilberto Vieira trabalhava numa agência de viagens, com localização privilegiada em relação às únicas duas unidades hoteleiras existentes, e fazia de posto de turismo. c
Como não havia material informativo em papel, criou um mapa da cidade e, juntando ao da ilha, distribuía uma folha A4 com uns riscos muitos simples, baseado no que tinha à mão, para dar aos visitantes.
Já naquela altura preocupava-se com tudo o que era tradicional e abusava de materiais que não destruíssem nem adulterassem o nosso habitat.
Foi assim que nasceu a Quinta do Martelo, um autêntico Centro Interpretativo dos Açores naquela altura, utilizado para promover e divulgar os Açores.
A inovação de Gilberto Vieira levou-o mesmo a criar o primeiro ‘outdoor’ da Quinta, que ainda lá está numa das paredes à entrada de Angra, o primeiro mapa da ilha e carta da cidade para entregar aos poucos turistas na velha e abandonada aerogare das Lajes, nos táxis e autocarros, colocando um autocolante apelando que perguntassem pela etnografia e gastronomia da Terceira, sem nunca se referir à sua Quinta do Martelo.
Gilberto Vieira, ao longo destes anos, valorizou a oferta turística da nossa região e cooperou com todas as entidades do sector, sendo ainda o ideólogo e fundador de várias associações, como a Biozórica, Grater-Associação de Desenvolvimento Regional e Casas Açorianas, de que hoje é muito justamente o seu Presidente (Associação Regional de Turismo Rural).
Receber por 18 vezes consecutivas a Green Key é obra, mas não é surpresa nenhuma.
Basta visitar a Quinta do Martelo e ficamos boquiabertos com aquele vasto mundo rural, onde a natureza cuidada é a rainha do enorme complexo turístico.
Este Homem merece mais do que uma Chave Verde.
O parlamento que não se esqueça deste empreendedor turístico na próxima entrega de insígnias regionais.
Osvaldo Cabral
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