Chegado o tão esperado bom tempo o que mais ouvimos são anúncios de “férias”, “fazer férias”, “viajar”. E existem férias porque fazem bem à saúde e à saúde mental. Esta é a realidade de alguns. Mesmo para quem as pode ter, “as férias”, a expetativa pode não estar de acordo com a capacidade financeira, com a saúde, a qualidade dos relacionamentos, o trabalho que nos dá, etc… A alegria esperada pode facilmente diluir-se na frustração, na inveja, na tristeza…
Pobreza e férias não combinam, quando estamos desempregados, precisamos de mais um trabalho como fonte de rendimento ou trabalho sazonal, por turnos, aos fins de semana. Não combina quando não temos, nem onde, nem com quem deixar os filhos… Apesar de tudo aquilo que não temos (não controlamos), as nossas escolhas e decisões podem transformar uma estação do ano em férias (o que controlamos).
Os momentos alegres da infância associados às férias de verão, presentes na memória podem ser nomeados em poucas palavras (tente você também): praia, areia, nadar; piqueniques, melancia, gelado, avós, baloiço, som dos garajaus, pele salgada … adormecer no colo.
Agora pensemos na vida adulta, quais são as palavras que melhor descrevem memórias felizes nos últimos verões: estar com quem se gosta, não usar máscara, poder sair de casa, bom tempo, a sombra de uma árvore, música, ver o céu estrelado… (tente você também).
Qual o custo desses momentos especiais? Sabe a resposta? Reconhecer e apreciar o que temos de bom e escolher o presente. Se assim pensarmos e sobretudo como Açorianos já estamos num destino turístico:
Por um dia não lamente, não discuta;
Por um dia monte uma tenda no quintal;
Por um dia experimente ser turista, visite o património cultural e natural;
Por um dia usufrua das animações nas praças nos centros da cidade;
Por um dia use o autocarro, para um passeio;
Por um dia deixe as tarefas domésticas para amanhã;
Por um dia adiante tudo o necessário para ficar com mais tempo;
Por um dia vá direto do trabalho para a praia, passear, comer um gelado;
Por um dia junte os amigos, a família e façam um piquenique;
Por um dia brinque com as crianças, quando elas pedirem;
Por um dia vá visitar aquela pessoa, aquele lugar que está no seu pensamento;
Por um dia esqueça as horas e saia da praia quando o sol se está a pôr,
Por um dia suba uma montanha, veja o nascer do sol;
Por um dia procure uma zona com ar condicionado, uma sombra, um repuxo;
Por um dia vá pescar mesmo que venha sem peixe;
Por um dia cultive o seu quintal, cuide do seu jardim, molhe-se a regar a relva;
Por um dia simplifique uma refeição, faça da refeição um piquenique ou ponha a mesa com tudo o que nunca usa;
Por um dia não tenha planos ou experimente algo novo porque alguém pediu ou só porque sim
E por um dia sorria, elogie, abrace … os afetos são de graça.
Fique bem, pela sua saúde e a de todos os Açorianos!
Um Conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
Ana Félix *
- Psicóloga