Edit Template

Para além da margem do rio

só há nuvens brancas e densas
que ocultam o azul do céu
porque amanhã os rios transbordarão
com as suas águas cobertas de sangue

e todos se recusarão a banhar nelas
todos procurarão esconder os olhos
tapando-os com as mãos
para não verem boiar os corpos
que em lutas fratricidas
se apunhalaram uns aos outros

irmãos ou desconhecidos
com os braços estendidos como se fossem baionetas
prontas a disparar sobre o que se move

para além da margem do rio
e da sombra da árvore que oculta
quem dispara se esconde ou se defende

o que fica depois disso
é uma planície de ossos que se estende pela terra
para servir de pasto

  • pois que a carne foi corroída pelos abutres –
    num agonizante ruído que faz
    sobre os ramos secos e as folhas caídas
    o pisar das patas dos lobos e dos cascos dos cavalos

deambulando ao grito do grasnar dos corvos
espreitando a curva da noite
encobertando e obscurecendo o lirismo dos girassóis
também eles cobertos de sangue

Victor de Lima Meireles

Edit Template
Notícias Recentes
Município de Vila do Porto recebe imóvel da paróquia de Santo Espírito para criar espaço de homenagema D. António de Sousa Braga
PSD acusa Iniciativa Liberal de mentir sobre cultura em Ponta Delgada
Alexandra Cunha pretende melhorar recolha de resíduos, rever regulamento de ocupação do espaço público e desburocratizar
Homenagem à UAc celebra laços académicos entre Portugal e Brasil
Federação Agrícola dos Açores lamenta a fraca adesão aos cursos de Ciências Agrárias da UAc
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores