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Avança o negócio da doença, recua a saúde para todos

Ao fim de um ano após a aquisição do hospital pelo grupo, foi este um dos títulos de 1º página do jornal Açoriano Oriental de domingo passado: “CUF realizou mais de 75 mil consultas e 2200 cirurgias num ano”. E no mesmo comunicado de imprensa é referido ainda que este hospital realizou também, num ano, mais de 47 mil exames de imagiologia e cerca de 22 mil episódios de atendimento permanente (urgência).
É omitido, no entanto, em tais títulos que, para estes números contribuíram (e continuam a contribuir) em boa parte os quatro meses e meio decorridos desde que deflagrou o incêndio no hospital do Divino Espírito Santo em Ponta Delgada, o qual obrigou, com pesadíssimos encargos para o orçamento público da saúde (que os homens ligados ao negócio da doença muito bem sabem explorar até ao tutano), a desviar para o setor privado uma grande quantidade de serviços com que o hospital de Ponta Delgada estava antes comprometido.
Sendo isto grave, poderá sempre contrapor-se que não havia neste período de tempo outro caminho a trilhar por quaisquer outras forças políticas diferentes das que atualmente ocupam as cadeiras do poder regional.
Muito mais grave, no entanto, é a marca retrógrada nas políticas de saúde que já vinham de antes do incêndio e que têm vindo a ser praticadas pelos últimos governos regionais, com responsabilidades acrescentadas para o atual que junta uma coligação das direitas, comandada pelo PSD, com apoio parlamentar dos direitistas mais radicais do IL e do Chega.
Aos anúncios publicitários do grupo CUF das suas 75 mil consultas, era necessário saber quantas ficaram por fazer ou têm atrasos de mais de um ano no SRS, por falta de investimento para gabinetes, pessoal médico e equipamento de diagnóstico diverso. Das suas 2200 cirurgias, quantas foram feitas por cirurgiões subtraídos ao SRS e não substituídos. Dos seus 47 mil exames de imagiologia quantos estão receitados ou requisitados e por fazer há mais de um ano, incluindo casos de natureza oncológica, por falta de investimento em equipamento médico no SRS. Quanto custaram ao erário público uma boa parte dos 22 mil episódios de urgência. Das 43 especialidades disponíveis quantas no SRS estão por preencher e sem serviço regular a todo o arquipélago.
Mas não só. O anunciado “compromisso do hospital CUF com a população dos Açores” quantas creches públicas gratuitas, e quantos lugares de prestação de cuidados continuados (ou paliativos) já impediu que fossem criados, minimizando as carências gritantes atuais, malgrado as obrigações de serviço público (no papel) ou assumidas (de boca) que competem ao governo regional satisfazer nestas áreas, parecendo optar antes por correr atrás da vontade discriminatória e inconstitucional da extrema-direita?
Sim, senhor Vice-Presidente Artur Lima! Não basta aprovar o que quer que seja, por mais positivo que seja (e é mesmo, no caso das creches gratuitas) se depois a prática política de quem aprovou é no sentido de obstaculizar ou mesmo impossibilitar a sua concretização.
Sim, senhor Deputado José Pacheco, é necessário recordar-lhe o 2º princípio da Declaração Universal dos Direitos da Criança:
“A criança gozará proteção especial e ser-lhe-ão proporcionadas oportunidades e facilidades, por lei e por outros meios, a fim de lhe facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, de forma sadia e normal e em condições de liberdade e dignidade.
Na instituição de leis visando este objetivo levar-se-ão em conta sobretudo, os melhores interesses da criança.”

Mário Abrantes

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