“O consumo de água engarrafada tem de ser repensado, uma vez que tem impactos crescentes tanto na saúde humana como na do planeta, alerta um artigo publicado na revista científica BMJ Global Health.”
O relatório das Nações Unidas saído por estes dias, dá enfase de que a água de garrafa plástica não é mais segura do que a da torneira.
As águas subterrâneas constituem a principal origem de água nos Açores, constatando-se que satisfazem aproximadamente 98% das diferentes utilizações.
O facto de algumas ilhas estarem totalmente dependentes das origens de água subterrânea para o abastecimento público contribui para sublinhar a importância dos recursos hídricos subterrâneos nos Açores. Neste contexto, a água subterrânea é um recurso natural de importância estratégica e o seu valor para a sociedade açoriana foi, desde a descoberta e povoamento das ilhas, indiretamente reconhecido pelas múltiplas utilizações deste recurso.
Ao longo dos anos, o tipo e o número de origens de água captadas para o abastecimento público para consumo humano são pouco variáveis, destacando-se apenas o caso da ilha da Terceira com a redução de 2 furos de captação de água subterrânea e 3 nascentes e o acréscimo de uma captação de água superficial em relação ao ano de 2016.
O consumo de água engarrafada tem de ser repensado, uma vez que tem impactos crescentes tanto na saúde humana como na do planeta, alerta um artigo publicado na revista científica BMJ Global Health. Estima-se que um milhão de garrafas de plástico são compradas por minuto no planeta, um número que só tende a crescer, de acordo com os autores do artigo.
“É vital que as populações e os governos compreendam que a conveniência da água engarrafada em plástico tem um custo elevado tanto para a saúde humana como para a do planeta. A água da torneira em muitos países de rendimento alto e médio-alto é não só mais segura e mais acessível, como também muito mais sustentável”, diz o docente do Instituto de Saúde Populacional de Weill Cornell Medicine do Qatar, Amit Abraham. A água da torneira é também mais ecológica. As garrafas plásticas constituem o segundo resíduo mais comum nos ecossistemas marinhos e representam 12% de toda a poluição plástica encontrada no oceano. Apenas cerca de 9% das embalagens descartadas adequadamente são de facto recicladas, uma vez que a maior parte segue para aterros sanitários ou incineradoras.
O relatório da Nações Unidas saído por estes dias, dá enfase de que a água de garrafa plástica não é mais segura do que a da torneira.
A indústria da água não pára de crescer e gera 25 milhões de toneladas de plástico, degradando recursos naturais em países onde há pouca ou nenhuma regulação, refere este relatório.
A venda anual de 350 mil milhões de litros de água tratada e engarrafada, faz da indústria uma das que mais tem ganho nos últimos anos, com enormes prejuízos para os humanos e para o planeta.
«Pode-se argumentar que, se o mundo concentrar mais esforços no fornecimento público de água encanada limpa e segura, a produção de água engarrafada pode ser reduzida, o que, por sua vez, levará à redução de resíduos de plástico. É importante lidar com a origem do problema e não com as consequências.» (Relatório das Nações Unidas).
José Soares*
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