«Fácil será concluir de que lado pesam os interesses e alianças do ocidente, liderado pela estampa monetária ‘IN GOD WE TRUST’.»
O problema do Médio Oriente não tem solução. Existe há séculos, sempre provocado pelos radicalismos de todos os lados envolvidos.
Repare-se que a História nos traz vários povos a ocuparem aqueles territórios, mas nas últimas décadas, o antagonismo aumentou entre islamitas e judeus, por disputa incondicional de terras consideradas santas para ambos os lados.
Todos os povos que sempre habitaram aquelas terras, misturavam-se e viviam em harmonia.
Com a chegada das conquistas e ocupações do islamismo, os conflitos acentuaram-se por motivos exclusivamente religiosos.
Num estudo realizado com humanos de todo o mundo, o geneticista Michael Hammer, da Universidade do Arizona, em Tucson, descobriu que o cromossoma Y dos árabes do Médio Oriente é “indistinguível do dos judeus”. A equipa da geneticista Ariella Oppenheim, da Universidade Hebraica de Jerusalém, realizou um estudo complementar ao anterior, com foco em judeus asquenazes e sefarditas e em árabes israelitas e palestinos. A conclusão é que estes homens têm “ancestrais comuns ao longo dos últimos milhares de anos”. “Estas descobertas coincidem com relatos históricos de que alguns árabes muçulmanos são descendentes de cristãos e judeus que viviam no sul do Levante, região que inclui Israel e o Sinai. Seriam descendentes de uma população central que vivia na região desde os tempos pré-históricos”. Embora eventualmente pratiquem ou se interessem por outras religiões como o espiritismo e o candomblé, os árabes são, essencialmente, formados por muçulmanos, judeus e cristãos. Nesse sentido, a maior parte dos árabes, são seguidores do Islão, religião surgida na Península Arábica no século VII e que se vê como uma restauração do monoteísmo original de Abraão que, para eles, estaria corrompido pelo judaísmo e cristianismo. Os árabes cristãos são, também, muito numerosos. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de dois terços dos Árabes, são oriundos particularmente da Síria, da Palestina, do Iraque e Líbano. No Brasil, Argentina, Chile, Venezuela e Colômbia a proporção de cristãos entre os imigrantes árabes é ainda maior. Recentemente nesses países, a população islâmica evoluiu, sem necessariamente serem muçulmanos árabes.
Só podemos compreender, de forma imparcial e objetiva, o conflito da ironicamente chamada Terra Santa, que já dura há séculos, quando aceitarmos de que se trata de um confronto civilizacional.
Ainda paira nas cabeças dos inumeráveis comentadores de toda a comunicação social ocidental, a visão num só sentido, impregnada de ódios seculares disfarçados de enorme hipocrisia em muitos casos. Os terroristas não estão apenas de um lado. A diferença consiste na sofisticação do terrorismo no lado oposto, leia-se lado ocidental, com a esmagadora maioria judaico-cristã.
Há, claramente, uma pretensa defesa de princípios religiosos de ambos os lados.
As primeiras cruzadas na Terra Santa (1096-1099) mandadas, subvencionadas e altamente incitadas pelo Papa Urbano II (1088-1099), ditaram o reacendimento dos conflitos religiosos entre o Cristianismo e o Islão.
Nos tempos mais recentes, foi a incapacidade inglesa enquanto ocupava a Palestina. Ao finalizar essa ocupação, abandonou o território sem organizar e dividir a terra em dois países: Palestina e Israel. Os mapas foram desenhados. Os acordos firmados. Dois povos, dois países. Nunca foi respeitado. Os israelitas por sua vez e logo a seguir à saída inglesa, começaram a alargar terreno, ocupando terras, expulsando os naturais das suas casas e dos seus haveres. Os palestinos, mais fracos, só combatiam pela guerrilha ou por atos suicidas isolados. Mais recentemente nas grandes metrópoles ocidentais, onde a sua voz pode ser ouvida com ondas de choque. Mas o Ocidente fez sempre ouvidos moucos perante a agonia de uma Palestina que desaparecia aos poucos. O desespero palestino levou a que os seus atos fossem sendo cada vez mais dramáticos, mais radicais, mais marcantes, mais suicidas. A estes, muitos interesses políticos se juntaram, globalizando o conflito.
A Cristandade inspirou-se nos ditos ensinamentos de um rabi judeu, Jesus, fiel seguidor dos ensinamentos hebraicos de Abraão, Jacob, Moisés e todos os profetas bíblicos (que Jesus professava enquanto judeu que era). Fácil será concluir de que lado pesam os interesses e alianças do ocidente, liderado pela estampa monetária “IN GOD WE TRUST”.
São as modernas Cruzadas com judaico-cristãos contra o islamismo. Um conflito em que já o primeiro rei português D. Afonso Henriques se encarregou de promover, com outras monarquias peninsulares aliadas, expulsando e empurrando os mouros da Península Ibérica para o outro lado do Estreito de Gibraltar, roubando-lhes as terras que hoje são Portugal. E o grito era o mesmo: «Por Cristo, morte aos infiéis». E do lado islâmico, o mesmo grito: «Por Alá, morte aos infiéis».
É nesta amargurante verdade que as interpretações dolosas e acanhadas das cadeias informativas colocam nos écrans das nossas casas, a que assistimos, domesticados pela covardia dos mansos, perante as versões manipuladas de cada lado, cujos carrascos usam as vestes fúnebres da morte por antecipação, que são todas as guerras religiosas.
Afinal, numa eventual existência de algum deus (ou deusa) no meio do Universo, só pode estar rodeado(a) pelos milhares de anjos, que são todas as crianças, de todas as crenças religiosas e a quem foi abruptamente arrancado o direito de crescer e viver, tal é o infanticídio diariamente praticado por ambos os lados.
José Soares*