À vista dos turistas que nos visitam, as paisagens terrestres dos Açores são de cortar a respiração.
Porém, à vista dos fundos de investimento dedicados à mineração profunda, as paisagens subaquáticas oceânicas são deslumbrantes e libidinosas, visto que daí virão lucros fabulosos. E, no entanto, esta é uma matéria que ainda não está bem resolvida entre a República e a Região, embora mereça caráter prioritário.
Nesse âmbito, o grupo de investigação de mar profundo do Okeanus, organismo de investigação da Universidade dos Açores, tem contribuído para um mapeamento rigoroso da riqueza mineral sedimentada no fundo do oceano atlântico, nomeadamente em águas territoriais açorianas.
Isso mesmo deu conta Pepe Brix na edição de setembro da revista National Geographic, tendo acompanhado os investigadores da Okeanus numa expedição ao largo da ilha do Faial para, entre outros, conhecer um pouco mais os ecossistemas aí existentes, assim como os desequilíbrios ambientais provocados por uma futura exploração mineral desenfreada.
Por outro lado, numa altura em que o governo norueguês aprovou recentemente a exploração em mar profundo no Ártico – informa-nos a reportagem – deveríamos de modo definitivo tomar as rédeas deste tema e responsavelmente negociar abertamente com a República os limites e as responsabilidades de uma iminente exploração.
A pertinência da pergunta levantada pelo autor da reportagem deve a todos deixar alerta e condicionará o nosso futuro coletivo: “o que fazer perante o espectro da mineração profunda?”. E ainda que a República tenha soberania sobre essa matéria, os Açores, os açorianos, o seu parlamento e respetivos órgãos de gestão próprios, não podem estar fora da equação.
Luís Soares Almeida*
- Professor de Português
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