Mário Draghi, antigo Primeiro-Ministro de Itália e ex-presidente de Banco Central Europeu apresentou, em Setembro, o seu relatório sobre a competitividade da UE, a pedido da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
A necessidade deste relatório advém da grande disparidade registada nas ultimas décadas entre o PIB da UE e o dos EUA. A titulo de exemplo, o PIB per capita cresceu quase duas vezes mais nos EUA do que na UE, desde 2000.
Se a Europa não conseguir tornar-se mais produtiva e competitiva, não conseguiremos continuar a financiar o nosso modelo social. É urgente agir. Draghi aponta três áreas de acção para relançar o crescimento Europeu. A primeira é para colmatar a lacuna de inovação, em em comparação com os EUA e a China.
Aqui, o problema identificado não se trata da escassez de investigação e inovação na Europa, mas a falta de capacidade de transformar a inovação em comercialização. Como resultado, entre 2008 e 2021, perto de 30% das startups fundadas na Europa mudaram a sua sede para os EUA. A segunda área de acção é de um plano para a descarbonização e a competitividade. Por um lado, as empresas da UE enfrentarem preços de energia que são 2 a 5 vezes mais elevados do que as empresas nos EUA.
Por outro, a descarbonização é também uma oportunidade de crescimento para a indústria da UE. Atualmente a UE é líder mundial em energias alternativas, não obstante a forte e ascendente concorrência chinesa. São necessárias medidas urgentes para nos mantermos competitivos.
A terceira área apontada é a de aumentar a segurança e reduzir as dependências. O aumento dos riscos geopolíticos pode aumentar a incerteza e atenuar investimento, enquanto grandes choques geopolíticos ou paragens súbitas no comércio podem ser extremamente perturbadores, tal como já experimentamos durante a pandemia ou com a actual invasão da Ucrânia pela Rússia. A Europa está particularmente exposta.
Dependemos de poucos fornecedores de matérias-primas essenciais e também dependemos enormemente de importações de tecnologia digital. Se a UE não agir, corremos o risco de estarmos vulneráveis à coação.
Apesar de todos os desafios identificados, a UE possui uma forte educação e saúde públicas, que nos dão os alicerces sobre os quais podemos construir uma UE mais competitiva.
Contudo, uma arrojada política económica e uma forte política externa, pelo todo da UE, são requisitos fundamentais para preservarmos o nosso ‘modo de vida europeu’.
Steven Barbosa *
- Secretario-Geral Adjunto da IPIFF