A Câmara Municipal da Lagoa irá inaugurar, no dia 23 de Novembro, pelas 17h00, uma obra de arte pública, da autoria do artista Urbano, em homenagem aos cesteiros de Água de Pau, como forma de valorizar uma arte identitária do concelho. Esta inauguração está inserida nas comemorações do Dia do Poder Local, que serão assinaladas no Auditório Ferreira da Silva, na vila de Água de Pau. A abertura estará a cargo do Grupo de Escoteiros n. 97 de Água de Pau, seguindo-se um momento musical pela Banda Filarmónica Fraternidade Rural, com a participação de alunos da Escola Básica Integrada de Água de Pau. Dar-se-á, então, a inauguração da obra de arte pública que homenageia os cesteiros de Água de Pau.
Esta obra consiste num painel com a dimensão de 350x520cm, composto por 1820 azulejos, pintados por Urbano e executados na Cerâmica Vieira. De acordo com o autor o enfoque está no entrelaçamento inicial de uma peça em vime, com o recurso das mãos e dos pés. As mãos e os pés significando que esta é uma homenagem a todos os cesteiros de Água de Pau: os que se encontram entre nós; os que já partiram e os que hão de vir. Refira-se que, antes da execução desta obra, o pintor teve oportunidade de privar com os cesteiros pauenses Alcídio Andrade, João Andrade e Gilberto Roias, para conhecer melhor o seu trabalho.
Urbano (S. Miguel, 1959) estudou gravura na Slade School of Fine Art, Londres, 1995/7. Em 1998 participou no Kaleidoscope Program: The Royal University College of Fine Arts, Estocolmo e Tavira Print Workshop. Em 2000, com a sua exposição individual “Os Primeiros Frutos”, inaugurou a Galeria Fonseca Macedo em Ponta Delgada, com a qual colabora. Até 2023, realizou 50 exposições individuais e participou em mais de 100 colectivas. Desde 1997, é representado pela Galeria 111, Lisboa. Em 2015, foi-lhe atribuída a “Insígnia Autonómica de Reconhecimento” pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Esta é a primeira obra de arte pública de Urbano no concelho de Lagoa e insere-se não só no enriquecimento do roteiro de arte pública e de intervenções artísticas no concelho, mas também num trabalho de promoção e valorização das fibras vegetais que a autarquia se encontra a desenvolver, desde o início do corrente ano, por forma a garantir a continuidade do trabalho artesanal com fibras vegetais.
No âmbito deste projecto já promoveu um workshop de cestaria em vimes, com o artesão Alcídio Andrade, encontra-se em desenvolvimento uma residência artística de Sofia Medeiros com contacto com os artesãos Alcídio Andrade e Lurdes Couto, sendo que em Janeiro do próximo ano ir-se-á avançar com o projecto «Entrelaçar», na Escola Básica Integrada de Água de Pau.
A cestaria de vime faz parte da história das artes e ofícios da Lagoa, mais propriamente da vila de Água de Pau. Os cesteiros trabalhavam os vimes com as mãos e o auxílio de ferramentas rudimentares, produzindo variados artefactos indispensáveis ao quotidiano da população, alguns para uso doméstico e, também nos trabalhos agrícola, piscatório e mercantil. Na vila de Água de Pau os cesteiros tinham um papel fundamental e, por isso, a vila tornou-se uma referência na arte da cestaria.
Ainda no âmbito do Dia do Poder Local, os presentes irão poder assistir à apresentação final do projecto de intervenção teatral «Preocupa-me», concebido e orientado por André Melo, com a participação dos jovens do CDIJ – Trevo da Casa do Povo de Água de Pau.