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A Reatividade Canina à Trela: Compreender o Comportamento e algumas causas

A reatividade à trela é um comportamento frequente em cães que, muitas vezes, deixa os tutores perplexos e preocupados. Esta reação específica ocorre apenas quando o cão está preso à trela e pode incluir desde latidos intensos e puxões até tentativas de atacar pessoas ou outros cães. Compreender as causas desse comportamento é essencial para corrigir a situação de forma eficaz.

Causas da Reatividade à Trela
A reatividade à trela é uma resposta emocional complexa e pode ser desencadeada por vários fatores. Estes vão além das causas comuns, como o medo ou a falta de socialização, e envolvem motivos mais profundos que influenciam o comportamento do cão em determinadas situações. Vamos explorar algumas dessas causas.

  1. Sensação de Confinamento e Vulnerabilidade
    Quando o cão está preso à trela, ele sente-se limitado nos seus movimentos. Este confinamento cria uma sensação de vulnerabilidade, uma vez que o cão não pode afastar-se ou investigar livremente, como faria sem a trela. Para cães que lidam com o mundo exterior através da sua mobilidade, a restrição é sentida como uma ameaça, o que pode desencadear uma resposta de defesa.
    Em situações em que se sentem ameaçados, os cães recorrem a um de três comportamentos principais: lutar, fugir ou congelar. A trela impede a fuga, deixando a luta (latidos, rosnados ou mesmo tentativas de ataque) como a única opção viável. Esta reação pode ser ainda mais intensa em cães que foram socializados em ambientes fechados, onde a liberdade de movimentos é maior.
  2. Proteção do Tutor
    Alguns cães desenvolvem um forte instinto de proteção para com os seus tutores. A proximidade obrigatória gerada pela trela pode amplificar esta resposta, fazendo o cão interpretar a aproximação de outro cão ou pessoa como uma ameaça direta ao tutor. Neste caso, o cão reage para proteger o tutor, uma vez que a distância reduzida e a restrição de movimentos aumentam o seu nível de alerta e instinto defensivo.
    Cães de raças naturalmente protetoras podem ser ainda mais propensos a exibir este comportamento. Para eles, a presença de um potencial “invasor” no seu espaço de conforto é interpretada como uma situação de risco, acionando a necessidade de proteção.
  3. Frustração por Falta de Interação
    A frustração de barreiras surge em cães que têm um forte desejo de interagir com outros cães, mas são impedidos de o fazer pela trela. Nestes casos, a impossibilidade de alcançar o outro cão gera uma sensação de frustração, e esta emoção é expressa através de latidos e puxões. Esta reação ocorre frequentemente em cães muito sociáveis, que gostam de interações frequentes.
    Este tipo de reatividade está geralmente associado a uma energia elevada e ao desejo de socialização. Cães que foram criados em ambientes com outros cães podem sentir frustração adicional quando, de repente, são impedidos de interagir ou aproximar-se, gerando um impulso que a trela acaba por intensificar.
  4. Memórias Traumáticas e Experiências Negativas
    Os cães possuem uma forte memória associativa, o que significa que lembram-se de experiências negativas e associam-nas a situações similares. Se um cão passou por uma experiência traumática quando estava preso à trela – como um ataque de outro cão ou um susto – ele pode associar o uso da trela a uma sensação de perigo iminente. Este medo pode manifestar-se em situações futuras, mesmo que o ambiente seja seguro.
    Estes cães podem parecer tranquilos em situações normais, mas tornam-se reativos quando estão à trela e percebem um elemento (um cão ou pessoa desconhecida) que lhes relembra a situação traumática. Este é um mecanismo de defesa, desencadeado pela memória do evento anterior.
  5. Confusão de Liderança
    A liderança é essencial para o equilíbrio emocional dos cães, e a falta de clareza em relação a quem está a liderar o passeio pode resultar em comportamentos de reatividade. Um cão que não reconhece o tutor como o líder durante o passeio pode assumir ele próprio o papel de proteção e controlo, reagindo a tudo o que considera uma ameaça.
    A trela, ao mantê-lo fisicamente próximo ao tutor, faz com que o cão se sinta responsável pela sua segurança, especialmente se o tutor demonstrar insegurança ou hesitação. A ausência de uma figura de liderança segura e assertiva pode desencadear respostas reativas, pois o cão assume um papel de vigilância e proteção.
  6. Sensibilidade a Sons e Estímulos Externos
    Alguns cães são extremamente sensíveis a estímulos auditivos e vibratórios que não são imediatamente perceptíveis aos humanos. Sons como o trânsito, maquinaria ou mesmo o barulho de sapatos a bater no chão podem gerar desconforto, especialmente quando o cão está preso à trela e sente que não pode afastar-se. Estes estímulos podem ser interpretados como ameaças, resultando numa reação de alerta e defesa.
    Esta reatividade é particularmente comum em cães ansiosos ou sensíveis, que podem reagir de forma exagerada a estímulos inesperados quando estão num estado de alerta elevado devido à trela.

A reatividade à trela é um comportamento que pode ter várias causas e, muitas vezes, envolve respostas emocionais complexas. Desde a sensação de vulnerabilidade até a proteção do tutor e memórias traumáticas, existem vários fatores que influenciam a forma como os cães reagem quando estão presos à trela. Identificar as causas específicas é fundamental para aplicar técnicas de correção eficazes, que ajudem o cão a sentir-se mais seguro e equilibrado. Com a abordagem certa, a reatividade à trela pode ser trabalhada, proporcionando passeios mais tranquilos e seguros para o tutor e o seu cão.

Paulo Rebelo

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