Foi no ano de 1995 ou 1996, numa sala com pouco mais de 25 metros quadrados, apinhada de estudantes curiosos, que tomei conhecimento pela primeira vez da Internet. Na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, na avenida de Berna, em Lisboa, foi permitido que os estudantes daquela instituição experienciassem a custo zero como aquela funcionava. Foram dias pioneiros em Portugal e no mundo. A sala exalava uma atmosfera de admiração, receio, expectativa, mas sobretudo uma enorme vontade enorme de experimentar a magia da comunicação online.
Porque, na verdade, o surgimento da Internet mudou as nossas vidas para sempre, proporcionando comunicar, inovar, empreender, conhecer e produzir sem sairmos de casa. Fazemos um sem fim de tarefas através de meia dúzia de cliques.
Mas como todas as coisas “bonitas” têm sempre um senão, com o passar dos anos esse deslumbramento foi-se esbatendo à medida que mais utilizadores foram-se conectando e manipulando em nome de interesses menos legítimos e claros. Aos poucos transformaram a Internet não no meio inovador de comunicação e trabalho, mas de interesses obscuros e pouco recomendáveis.
E uma das coisas que mais assusta é a possibilidade de qualquer indivíduo, anonimamente, poder expressar factos que não correspondem à verdade, sem que, ato contínuo, sofra qualquer punição por esse ato. Online há uma certa sensação de impunidade.
Batalhões de inscientes usam a Internet para destilar veneno contra instituições, empresas ou personalidades, sem que tenha de apresentar provas daquilo que escreve. Isto não significa que não tenham direito à opinião. Mas essa opinião não pode ser confundida com mentiras e coisas que nunca se passaram. Distorcer descaradamente factos, escrevendo aquilo que apetece para defender um interesse pessoal, ou para manter estatuto, é punível por lei.
A Internet precisa de regras claras de funcionamento, e a palavra nela escrita dever ser sujeita à probidade cívica e coletiva. Se está na Internet, então primeiro desconfie da fonte.
Luís Soares Almeida*