“Dito isto que promete tornar as aulas de Geografia mais excitantes no futuro com uma enorme atualização de mapas e planisférios queremos chamar a atenção dos conselheiros de Trump que ainda não o avisaram da enorme massa de água que vem associada aos Açores (…) .”
O novo presidente dos EUA já amiúde anunciou as suas ambições mais imediatas neste ano de 2025, anexar o Canal do Panamá (construído pelos EUA em 1914 e cujo controlo cessou em 1999), adquirir ou anexar a Gronelândia (território autónomo da Dinamarca) e a fusão do Canadá que passaria a 51º estado (com quem os EUA gastam biliões a defender).
O Canal do Panamá é uma via marítima vital para as empresas e interesses norte-americanos que o usam para transportar mercadorias entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Cerca de 5% do tráfego marítimo mundial passa pelo canal, que permite aos navios que viajam entre a Ásia e a costa leste dos Estados Unidos evitar um longo e perigoso desvio através do extremo sul da América do Sul, gerando receitas de quase 5 mil milhões de dólares (4,8 mil milhões de euros)
“…. os EUA “têm que ser donos e controlar a Gronelândia”, por motivos de segurança — uma posição que tem vindo a reforçar há anos, desde o seu primeiro mandato na Casa Branca. É uma necessidade absoluta”, afirmou Trump, que anunciou que Ken Howery, cofundador do PayPal, será o embaixador norte-americano na Dinamarca. A Gronelândia, situada na América do Norte, é administrada pela Dinamarca que sempre rejeitou a ideia de os EUA comprarem o território, o que chegou a levar Trump a cancelar uma visita de Estado planeada para a Dinamarca na altura. Os EUA querem comprar a ilha há 70 anos. Em 1946, o então presidente Harry Truman, ofereceu à Dinamarca a generosa quantia de 100 milhões de dólares em ouro para a comprar. A proposta foi recusada, mas não evitou que os países viessem a assinar, em 1951, um tratado que permitiu aos norte-americanos construírem na ilha a base área de Thule, a menos de 1.600 quilómetros do Polo Norte.
Em Thule, a Defesa dos EUA tem destacado um grupo de oficiais e especialistas da Força Aérea que faz vigilância espacial e antimísseis, fundamental para detectar mísseis balísticos intercontinentais e satélites em órbita terrestre. Esta base aérea é a única localizada a norte do círculo polar árctico e é um ponto estratégico militar fundamental para os EUA. Estes dados ajudam a reforçar a importância estratégica da Gronelândia e a explicar porque é que Donald Trump manifestou interesse em comprar a ilha. Trump terá pensado que poderia fazer um negócio semelhante ao que foi feito nas Ilhas Virgens Americanas vendidas pela Dinamarca aos EUA, em 1916, por 25 milhões de dólares. A ilha está maioritariamente (85%) coberta por gelo e é o território menos povoado, com 2.166 milhões de metros quadrados e apenas 57 mil habitantes. Mas é rica em minerais preciosos como ouro, rubi e urânio, com reservas de petróleo e de gás natural. E as alterações climáticas e o degelo estão a facilitar o acesso aos grandes recursos naturais do território. O Ártico terá 13% das reservas que estão por descobrir.
Dito isto que promete tornar as aulas de Geografia mais excitantes no futuro com uma enorme atualização de mapas e planisférios queremos chamar a atenção dos conselheiros de Trump que ainda não o avisaram da enorme massa de água que vem associada aos Açores e que bem conversadinho Portugal poderia fixar um preço razoável para esta ilha adjacente, cujo subsolo marinho é de uma riqueza incalculável além de servir de porta-aviões de defesa do Atlântico Norte.
O mar dos Açores abarca uma área de aproximadamente 1.000.000 quilómetros quadrados, o que corresponde a mais de metade das águas territoriais portuguesas (e a cerca de 15% das águas europeias). Em outubro passado, a Região Autónoma dos Açores aprovou a criação de áreas marinhas protegidas em 30% do mar do arquipélago.
Conforme a informação divulgada, o diploma determina a proteção de 30% do mar que o arquipélago composto por nove ilhas vulcânicas, numa área total de 287 mil quilómetros quadrados. Por estar “totalmente protegida”, não são permitidas atividades extrativas ou destrutivas em metade dessa área. Nada disto seria impeditivo de ser alterado, uma vez consumada a aquisição que traria um acréscimo de defesa à Europa enquanto os Açores fossem uma espécie de guarda-sol do Atlântico Norte em conjunto com a Gronelândia.
A ideia deveras interessante promete agradar a alguns descontentes nas ilhas que nunca esconderam o seu viés a favor dos EUA em detrimento de Portugal. Dada a quantidade de lusodescendentes e açor descendentes (desde as campanhas de baleação no século 18 e 19) já existentes nos EUA, seria uma espécie de Reunião familiar ao contrário. Só falta convencer Trump das enormes vantagens dessa jogada que permitiria poupar imenso dinheiro pois a base das lajes passaria a ser totalmente estado-unidense.
As vantagens para Portugal são imensas, pois o país passa a vida a queixar-se dos exorbitantes custos e gastos excessivos destas 9 ilhas, sempre insatisfeitas com as miseras transferências de fundos, a sua má gestão e o défice crónico de algumas das suas entidades, a saber (total de 766 M):
Portos dos Açores 149 milhões, Lotaçor 21 M; Ilhas de Valor 9,9 M, Atlânticoline 2,9 M, a SATA com passivo de 255 milhões (200 SATA Holding e 55 SATA Air Açores); a Azores Airlines 223 M; a EDA com 321 milhões, e isto seria facilmente absorvido pelo valor de aquisição.
Pena que os britânicos não queiram também adquirir a Ilha da Madeira que sempre cobiçaram.
Chrys Chrystello*
*Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713
MEEA-AJA (IFJ)