A UGT/Açores considerou que a pobreza é “um dos calcanhares de Aquiles” da Região Autónoma e o seu combate assenta no tripé educação, emprego e formação profissional, a par do aumento da produtividade.
“Efetivamente [a pobreza], é um dos ‘calcanhares de Aquiles’ que a Região [tem]. É estrutural, reconhecemos que é estrutural aqui nos Açores. É um dos ‘calcanhares de Aquiles’ de qualquer governação”, afirmou o presidente da União Geral de Trabalhadores (UGT) nos Açores, Manuel Pavão, em Ponta Delgada, numa conferência de imprensa realizada no âmbito do XXIII Conselho Geral da intersindical UGT/Açores, onde foi feito o balanço político sindical de 2024 e traçadas perspetivas para 2025.
O dirigente apontou que o combate à pobreza na Região “tem sido uma luta” e que, “apesar dos indicadores terem vindo a melhorar”, o arquipélago continua “nos últimos [lugares] do ‘ranking’ a nível nacional e europeu”.
Manuel Pavão reconheceu que há políticas de caráter social, a nível do Governo da República e do Governo Regional, que podem ajudar a debelar os níveis de pobreza, como seja a facilidade no acesso à habitação.
“Para além dos baixos salários que se praticam, hoje, reconhecemos todos, que o acesso à habitação é mais uma dificuldade que os jovens, sobretudo, vivem neste momento e há que fazer alguma coisa”, disse.
O líder da UGT/Açores lembrou que o executivo instituiu a gratuitidade no acesso às creches, que considera “uma boa medida para ajudar a aliviar as famílias de mais um encargo com a educação dos filhos”, para além de contribuir para o equilíbrio da pirâmide etária, que está invertida, porque morrem mais pessoas do que nascem.
“Incentivamos o Governo Regional [PSD/CDS-PP/PPM] a tomar medidas para aumentar a natalidade”, apontou.
Na sua opinião, se não forem tomadas medidas de incentivo à natalidade, a Região “tenderá para a desertificação”.
Manuel Pavão aludiu ainda ao Plano Regional para a Inclusão Social e a Cidadania (PRISC), com o qual o executivo de coligação pretende reduzir a taxa e o risco de pobreza na Região, que está em consulta pública até ao dia 13 de Fevereiro.
O documento resulta de um processo de avaliação, iniciado em 2022, da Estratégia Regional de Combate à Pobreza e Exclusão Social 2018-2028 (ERCPES) da Região Autónoma dos Açores e terá incidência sobre o período de 2025 a 2028.
A UGT açoriana espera que o PRISC “traga medidas que façam mesmo a diferença”, disse o seu presidente, recordando que apesar da aplicação do plano anterior, a Região continua “a marcar passo” nesta matéria.
Salientou ainda que o combate à pobreza nos Açores assenta no tripé “educação, emprego e formação profissional, em conjugação com o aumento da produtividade, o aumento da riqueza, para que possam ser pagos melhores salários”.
Quanto às reivindicações da UGT/Açores para 2025, segundo Paula Ferreira, vice-presidente da Mesa do Conselho Regional, incluem aspetos como aumentos salariais “entre os 4,7% e 7%, com um impulso mínimo de 52,50 euros” e a diminuição da precariedade.
A intersindical pede uma “atenção especial” para o setor público empresarial, com ênfase “para a periclitante situação” da companhia aérea regional SATA”, considerando que “tem de primar por melhores resultados” que garantam a sua continuidade.
O XXIII Conselho Geral da UGT/Açores aprovou um voto de louvor ao presidente cessante do Conselho Económico e Social dos Açores, Gualter Furtado, pelo “empenho e dedicação”, e saudou a eleição da nova presidente, Piedade Lalanda, desejando que “continue a promover a justiça social e o crescimento económico equilibrado”.