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As fortunas e o belicismo medram e sangram a humanidade

Davos, Suíça. Esta semana as grandes potências económicas mundiais juntaram-se para tentar reajustar entre si, por mais um ano, a repartição das riquezas, territórios, matérias-primas e tecnologias disponíveis no planeta.
Para lá das parangonas que habitualmente enfeitam as conclusões destes conclaves, desde o início do século que os seus resultados práticos são bem demonstrativos do contributo que o diretório político/económico mundial tem vindo a prestar ao desenvolvimento da humanidade.
Paralelamente a OXFAM, uma organização acreditada com sede em Londres, propositadamente antes destes fóruns e tentando com isso influenciá-los, esforça-se sempre por tirar uma fotografia prévia ao estádio atingido por esse desenvolvimento. Ei-lo:
2024 foi um ano de crescimento recorde das riquezas. A riqueza combinada dos multimilionários do mundo aumentou 55,4 mil milhões de euros por dia em 2024. Existem hoje1500 ricos que possuem tanta riqueza como aquela que possui quase metade da população mundial (3,5 biliões de pessoas). Entretanto, desde 1990 que a taxa mundial de pobreza não diminui e, hoje, 44% da humanidade vive com menos de 7 euros por dia.
Duas conclusões se tiram de imediato: Os super-ricos apropriaram-se da totalidade do crescimento da riqueza criada por toda a humanidade e são hoje praticamente capazes de moldar as políticas económicas e sociais que lhes proporcionam precisamente o crescimento dos seus lucros. Graças a isto, portanto, há 35 anos que as desigualdades entre humanos não cessam de aumentar.
Ao longo do tempo, pelos vistos, têm sido em vão os esforços da OXFAM para tentar influenciar o diretório político/económico mundial, e a realidade é que a enorme riqueza de poucos esmaga cada vez mais as pessoas comuns em qualquer recanto do planeta. Um mundo muito carente das transformações e da mudança que tardam e de que é, nas palavras do poeta, naturalmente composto.
A acumulação e a luta pela partilha das riquezas entre poucos e o imenso poder político de que estes poucos dispõem, para além dos entendimentos possíveis entre eles, como os que vão acontecendo em Davos, significam também, se o seu domínio for posto em causa, o recurso à versão sangrenta da política, isto é, às armas e às confrontações bélicas, sucessivamente mais desregradas, devastadoras, desumanas e criminosas.
Para além das guerras em curso no Iémen, na Ucrânia ou no Sudão, na Síria ou no Líbano, destaque negativo especial tem o morticínio genocida (que felizmente enfrenta de momento uma pausa, ainda que pouco sustentada pelos EUA) perpetrado por Israel em Gaza e que provocou em 15 meses quase 47 000 palestinianos mortos à bala ou à bomba (pelomenos75% eram mulheres e crianças), mais de 110 000 feridos,11 000 soterrados pelos escombros da destruição imobiliária geral e 1,5 milhões de deslocados.
Um cessar-fogo que acabou por acontecer por uma imensa onda de solidariedade popular em todo o planeta, na ordem inversa da solidariedade dos criminosos senhores do mundo que nunca deixaram de armar e dar dinheiro aos algozes do Povo Palestiniano, com relevo particular para os EUA e o Reino Unido, até que lhes conveio parar momentaneamente, demonstrando assim que, se quisessem, o cessar-fogo já teria acontecido antes e, dessa forma, se teria evitado tanto sangue inocente, tanta crueldade e tanta barbárie, num conflito com quase 80 anos entre Israel e a Palestina. Um conflito que só poderá ter fim com o reconhecimento pleno do Estado da Palestina… ou a sua total destruição física, como parece ser a vontade estratégica da administração norte-americana!

Mário Abrantes

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